Nas últimas semanas um tema que sido bastante abordado é a inflação, em especial no Brasil e nos EUA. Por aqui, pela sétima semana consecutiva, o mercado financeiro elevou as perspectivas do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 5,24% para o final deste ano. Esse dado está no Boletim Focus, do Banco Central, divulgado todas as segundas-feiras pela manhã. O ponto que chama a atenção aqui é a sequência de expectativas de alta, ou seja, a tendência é que esse movimento possa continuar. Para deixar ainda mais as barbas de molho, nesta terça (25) foi divulgado o IPCA-15 (considerado uma prévia da inflação) com alta de 0,44% em maio, sendo o maior para o mês desde 2016. Em 12 meses, o indicador já avança 7,3%.
No IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), outro indicador de inflação no país e que é mais utilizado no mercado imobiliário, as perspectivas para o final de 2021 também seguem avançando e se aproximam de 17%. No acumulado dos últimos doze meses o indicador passa dos 32%. Diante destes números, o agravamento da situação tem sido permanente em relação à renda das famílias.
Nos EUA, é verdade, a situação é bem distinta em comparação ao Brasil, mas o temor da volta da inflação no país tem levado investidores a especular cada vez mais uma alta de juros, o que não ocorre desde 2016. Esse fato, especificamente, tem trazido forte volatilidade às bolsas do mundo todo. Com as perspectivas de elevação da taxa de juros, os custos de financiamento se tornam mais caros e as empresas, chamadas de crescimento, como do setor de tecnologia, são as mais impactadas. Por essa razão temos visto na bolsa nacional o mesmo movimento, dado que é algo global diante deste fato.
Voltando ao Brasil, muitos se perguntam como se proteger neste momento e é evidente que não é deixando dinheiro embaixo do colchão ou aplicando na poupança. Para se ter ideia do que abordo, em 2020, o rendimento da tradicional caderneta ficou em 2,1% enquanto o IPCA foi 4,2%. Para este ano, as perspectivas são ainda piores se compararmos com os indicadores de inflação.
Diante disso e olhando para as possibilidades e oportunidades que o mercado de investimentos oferece, há alguns ativos que são indexados à inflação, ou seja, se esta seguir sua trajetória como temos visto nos últimos meses, o pequeno investidor estaria protegido. No entanto, são cada vez mais raros de se encontrar aqueles indexados ao IGP-M, justamente pela sua forte volatilidade ao longo dos anos. Sendo assim, há vários investimentos que têm o IPCA como seu balizador, como as Debêntures e Debêntures de Infraestrutura, tendo estas a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas nas aplicações, assim como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) ou Imobiliário (CRI). É verdade que, em grande parte dos casos, não há liquidez de compra e venda diária e é necessário aguardar alguns meses ou anos até para retirada dos recursos, mas é uma forma de proteção e com diversificação na carteira de investimentos, entrando na metodologia C.O.F.R.E que apresentei na última semana.
Particularmente, vejo como cada vez mais fundamental buscar a diversificação (seja em ativos indexados à inflação ou aqueles voltados ao exterior), como fundos de renda fixa ou variável e até mesmo no mercado por meio de BDRs e ETFs.
Enfim, fica claro que o mercado nacional oferece um leque cada vez maior de oportunidades e não podemos nos dar ao luxo de ignorar tal fato, seja visando o curto ou o longo prazo.
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