Em geral, final de ano é momento de tranquilidade e poucos negócios nas principais bolsas de valores pelo mundo. Neste ano de 2018 está sendo bem diferente, com os principais índices acionários nos EUA tendo seu pior dezembro desde 1931, na Grande Depressão econômica que assolou o país.
Para se ter uma ideia da importância deste momento, o mercado de ações norte americano apresentou seu maior recuo diário da história na véspera de Natal, dia 24. Se levarmos em consideração apenas o último mês do ano, dois dos três principais índices, o S&P500 e o Dow Jones, que englobam as 500 e as 30 maiores empresas do país, respectivamente, recuam mais de 14%.
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O movimento não é apenas atípico como absolutamente anormal. Todo esse pessimismo é trazido pelas preocupações em relação ao crescimento global, diante dos embates comerciais entre EUA e China e pelas discussões envolvendo o aumento na taxa de juros norte americana. Ademais, o presidente do país, Donald Trump, tem criticado abertamente o presidente do Banco Central (Federal Reserve), Jerome Powell, o que também não se configura como uma sinalização positiva.
Para corroborar esse terrível período, os contratos de petróleo negociados em NY recuam 45% desde que atingiram o seu pico no início do mês de outubro. Esse último fato, além de absorver todo o noticiário negativo citado, ainda traz preocupações relacionados ao excesso de oferta atual da commodity.
Entretanto, você como leitor desta coluna deve estar se perguntando: o que nós brasileiros temos a ver com essa situação? De fato muita coisa, a começar pelas perspectivas da diminuição do crescimento global e que poderia naturalmente impactar a economia nacional.
Como forma de elucidar esta situação, de forma simples, se os países desenvolvidos e emergentes crescem menos, o Brasil poderia “entrar nessa roda”, assim como já ocorreu em outros períodos. Ademais, há outros pontos que poderíamos relacionar com toda essa crise como: (i) queda drástica no preço do petróleo no mercado internacional impacta, ou pelo menos deveria impactar, o preço da gasolina no Brasil e consequentemente na inflação nacional; (ii) em situações normais, com as bolsas dos EUA recuando 14% no mês, o mercado nacional poderia estar em um momento de colapso, apresentando quedas superiores a 20%, o que não ocorre no momento. Esta última situação nos mostra que estamos um momento diferenciado, com expectativa positiva para um novo governo que irá iniciar na próxima semana trazendo consigo a retomada da confiança no país.
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Diante de uma situação inusitada e que poderá deixar sequelas para 2019, estes são temas que deverão nortear o início do ano que entra, dado que nosso Congresso Nacional começa os trabalhos apenas em fevereiro e com direito à necessidade da realização de eleições para as presidências da Câmara e Senado Federal, o que poderá trazer ainda mais emoções ao mercado brasileiro diante. A expectativa de medidas impopulares serem votadas no curto prazo (como a Reforma da Previdência) tem papel central nisso.
Portanto, como tenho comentado aqui em algumas das últimas colunas, sigo com a perspectiva positiva para o mercado acionário brasileiro em 2019, com foco em empresas estatais diante da mudança de gestão nestas após o novo governo assumir, assim como em companhias que tem seus resultados atrelados ao cenário nacional como dos setores de consumo e varejo além dos tradicionais bancos.
No entanto, este cenário poderá não se configurar se o pessimismo internacional seguir com a continuidade de embates comerciais, desaceleração da economia da China, prosseguimento da elevação da taxa de juros nos EUA acima das duas já projetadas para o próximo ano, possível intervenção de Donald Trump no Banco Central norte americano e perspectiva de recessão nos EUA. Todos estes ingredientes estão na mesa e teremos que acompanhar passo a passo, dia a dia, para tentarmos tornar a leitura de recomendações de investimentos menos complexa objetivando a maior assertividade possível no ano que entra.
De todo modo desejo a todos um excelente 2019 cheio de paz, prosperidade e saúde.