Na semana passada se iniciou a temporada de resultados das empresas listadas em bolsa no terceiro trimestre deste ano. Mas, mais importante que os números, serão as respostas para a evolução da economia como um todo e a percepção de quais setores se recuperaram em meio aos efeitos econômicos da pandemia e à queda de quase 10% do PIB nos três meses anteriores.
Do final de junho para o encerramento de setembro certamente poderemos ver melhorias em diversos segmentos, como o varejo, a construção civil e aqueles ligados às commodities. Tenho comentado sobre alguns deles nas últimas semanas aqui em minha coluna. Vale lembrar que o país teve em abril de 2020 seu pior mês dos últimos anos - ou até mesmo décadas - após a paralisação em grande parte do Brasil para combater os avanços do coronavírus. Dessa forma, o que será tema para as próximas semanas serão alguns aspectos presentes nos números reportados.
Além dos setores mencionados acima, ainda há dúvidas sobre o que será apresentado pelos grandes bancos, por exemplo, um segmento de grande relevância no Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira. Mais do que o próprio lucro líquido das instituições, alguns indicadores como a continuidade de novas provisões e a possibilidade do aumento da inadimplência estarão no radar dos investidores.
O Banco Santander será o primeiro da lista a buscar tirar essas dúvidas, no dia 28 deste mês. Os demais vêm logo a seguir, nos dias subsequentes, com Bradesco, Itaú e Banco do Brasil nesta ordem de apresentação.
Outro setor que tem forte peso no índice é o de empresas ligadas a commodities, como minério de ferro e petróleo, representados em grande parte por Vale, CSN, Gerdau e Petrobras. Nestes casos, os números esperados são mais fortes do que o trimestre diretamente anterior, dada a alta de 30% dessas commodities no período.
Já no varejo, poderemos ver melhores números naquelas empresas que ainda têm foco no físico, ou seja, com seus consumidores tendo a necessidade de ir às lojas para realizar compras. No lado do e-commerce e de materiais de casa e construção, já é sabido que terão avanço, mas vale ficar de olho em quanto foi esse aumento e as perspectivas daqui para frente, dadas as possibilidades cada vez maiores de normalização da economia. Por razões óbvias isso só ocorrerá quando houver uma vacina eficiente e produzida em escala nacional ou até mesmo global; mas, com diversos estados afrouxando seus limites no país, será importante acompanhar a evolução.
No setor de construção civil são esperados resultados sólidos para o segmento como um todo, mas em especial para aquelas empresas que priorizam seus produtos para o público de baixa renda, cuja recuperação vem ocorrendo mais rapidamente que os demais.
Nos setores de proteínas e papel e celulose (ambos mais direcionados para exportação) também deveremos ver números sólidos, dada a continuidade de um real desvalorizado, assim como ocorreu no trimestre anterior.
Ainda temos diversas empresas de outros segmentos no rol das quase 400 companhias negociadas na B3, como energia elétrica, saneamento, distribuição de combustíveis, bebidas, indústrias. Enfim, o importante é estar atento, especialmente aquele investidor que compra ações visando o médio e longo prazos. Mais do que isso, essa atenção é importante também para podermos avaliar se a economia nacional está melhor apenas momentaneamente ou se seguiremos avançando, com a taxa de juros, a Selic, em 2% ao ano, a inflação medida pelo IPCA sendo esperada em 2,65% em 2020 e dólar estável se comparado ao período anterior, mas ainda flutuando na casa dos R$ 5,60 e se desvalorizando quase 40%.
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