Nesta segunda-feira (12) tivemos a divulgação semanal do Boletim Focus do Banco Central, um compilado de expectativas trazidas por agentes do mercado para o país neste e nos próximos anos. Como já é complicado falar do momento atual, prefiro me ater aos números de 2021 e deixar os demais cenários para comentar em momento mais oportuno.
Na ata, a informação mais interessante apresentada — para não dizer inusitada —, foi a perspectiva de elevação dos principais indicadores econômicos para até o final de dezembro. No lado da inflação, o IPCA (hoje em 8,35% acumulado nos últimos 12 meses) deve arrefecer e encerrar em 6,1% segundo essas estimativas. Curioso notar que há uma clara tendência de alta para esse dado já que foi a décima quarta semana consecutiva de elevação. Ou seja, podemos ter números ainda maiores no curtíssimo prazo. Outro indicador de inflação, o IGP-M (que é utilizado em grande parte no setor imobiliário) está “estacionado” na casa dos 18,3%, apesar dos quase 36% de alta também nos últimos 12 meses.
Por essa razão e por todas as preocupações acerca desse tema, o Banco Central vem subindo a taxa básica de juros nas últimas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), lembrando que recém saímos do nível mais baixo da história da Selic, de 2% ao ano, para os atuais 4,25%. Segundo o Focus, as estimativas de mercado estão brigando entre uma taxa de 6,5% a 7,0% para o final de 2021. Sendo assim, voltaríamos ao mesmo patamar de 2019 se a taxa ficar em 6,5% ou a dezembro de 2017, quando a Selic batia os 7%.
Certamente toda essa oscilação também impacta nos números do câmbio pelo fato de o fluxo de investidores estrangeiros aportarem e tirarem dinheiro do nosso país. Claro que esta não seria a única razão, mas há forte impacto. Não à toa o dólar saiu de R$ 5,19 no início de janeiro para bater quase R$ 5,90 em março, o pico do ano. Nas semanas seguintes, houve uma tendência de queda, com esse número indo abaixo de R$ 4,90 e agora voltando ao patamar do início de 2021. E aqui fica uma pergunta importante: como ficam os empresários que trabalham com importação e exportação diante de tamanha volatilidade no curto prazo?
Encaminhando para o fim (e não menos importante) estão os dados do PIB, ou seja, do crescimento da economia nacional. Neste momento, as expectativas superam os 6,6% para o final do ano. No entanto, o dado também vem em clara tendência de alta e poderemos ter mais surpresas positivas logo a frente. Em último lugar, diante da possibilidade da realização da reforma tributária, também poderemos presenciar impactos no longo prazo para o país, mas infelizmente temos visto continuamente uma expectativa de elevação de arrecadação por parte do Governo Federal. Digo isso de forma negativa pois, ao invés de discutirmos uma melhor análise dos gastos, as conversas estão novamente no lado da arrecadação. Por essa razão, tanto se fala na reforma administrativa.
Com tantas mudanças fundamentais e estruturantes ao país podemos almejar tempos melhores e de continuidade de crescimento da economia nacional.
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