Qual aplicação financeira vale mais a pena neste momento?

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Como mencionei na coluna anterior, a pergunta que todo investidor deve se fazer no momento atual é se a expectativa de retorno no mercado de renda variável ainda vale a pena considerando-se os níveis de investimentos em outras aplicações financeiras para os próximos meses. Por essa razão é importante esclarecer aqui todos os fatos e analisar possibilidades e perfis.

Com a bolsa subindo forte nas últimas semanas - e mais especificamente 13% nos últimos 30 dias -, já vemos algumas ações avançando acima de 10% nesta primeira semana de dezembro mesmo após forte alta no mês anterior. Os setores de turismo, grandes bancos e ações ligadas a commodities seguem liderando o rally. Para se ter ideia do tamanho desse movimento, nesta segunda feira (7) o Ibovespa, principal índice da Bolsa nacional, já atinge o nível de 21 de fevereiro, ou seja, o mesmo do período pré pandemia.

Pelo que posso notar, há muitos investidores e jornalistas surpresos com tal fato. E isso decorre de uma série de razões, dado que o mercado antecipa os fatos. Ou seja, a expectativa pela entrada de uma vacina efetiva e de produção em escala já faz preço nos mercados.

As razões do otimismo

Outra questão que podemos enxergar por meio de tamanho ânimo nas bolsas pelo mundo é o fato de os Bancos Centrais terem promovido uma injeção de dinheiro nas economias ao redor do planeta. E, com uma taxa de juros próxima de zero em diversos países, estes recursos necessariamente caminham para algum lugar, seja nos empréstimos realizados pelos bancos para as pessoas físicas e jurídicas por conta da dificuldade e das oportunidades no momento em que atravessamos, seja para aplicações financeiras. Portanto, neste caso, em uma análise de risco/retorno, vê-se que a renda variável ainda possui atratividade.

Para alguns, esta explicação pode parecer um tanto simplista, mas no momento de realizar uma aplicação financeira quais pontos você analisa como investidor? Certamente rentabilidade e riscos associados. Além destes, também é necessário ver quais objetivos busca com aquele dinheiro no futuro (mesmo que breve) e se está ela está adequada ao seu perfil de investidor.

É relativamente fácil encontrar colegas nas redes sociais comentando sobre estupendos resultados. Mas, na maioria dos casos, não se vê alguém comentando sobre fracassos cometidos. Por essa razão é de extrema importância levar em conta prazos, objetivos, perfil e seguir a estratégia com disciplina.

No que apostar agora?

Atualmente, nas plataformas digitais de investimento, é possível encontrar aplicações em renda fixa que já pagam próximo ou acima de 10% ao ano, em especial aquelas chamadas de prefixadas. Também há aqueles atrelados a inflação, cujo retorno futuro está próximo do IPCA somado a um prêmio anual de 4%, o que não é nada ruim se considerar esse número como ganho real pelos próximos 3 a 5 anos, pelo menos. Não se pode desconsiderar também o fato de a perspectiva para inflação nos próximos períodos seguir avançando como nestas últimas semanas. Nesta segunda (7), por exemplo, o Boletim Focus do Banco Central (um compilado de expectativas de agenda do mercado) já considera o IPCA ultrapassando os 4% em 2020 - ou mais especificamente 4,2%.

Eis que agora eu lhes pergunto: diante de tal alta no mercado de ações desde o início de novembro e com aplicações conservadores oferecendo acima de 10% ao ano, em qual destas você aportaria seus recursos? Minha resposta é que não há uma regra de alocação e que, portanto, quem deve definir estes parâmetros e aproveitar as oportunidades é exclusivamente o investidor, sempre atento aos pilares que mencionei acima, como perfil e objetivo.

Para alguns gestores ainda é cedo para “apostar” nessas taxas prefixadas, mesmo já batendo dois dígitos. Grande parte deles acredita que este número possa ser maior em breve. No mercado de ações, a mesma coisa: o otimismo no curto prazo ainda parece existir. Dessa forma, encerro aqui mostrando que independentemente do momento, sempre haverá boas oportunidades. Importante é que se tenha consciência e conhecimento sobre aquilo que está sendo realizado visando benefícios futuros.

Roberto Indech

Roberto Indech é estrategista-chefe da Clear Corretora e sócio da XP Inc. Escreve às terças-feiras **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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