Nos últimos meses tenho observado um aumento considerável de relatos trazendo à tona golpes relacionados a aplicações financeiras. Provavelmente sempre tivemos um número elevado desse tipo de ação criminosa, mas com o crescimento de pessoas utilizando as redes sociais, isso fica mais evidente. Para dar um exemplo, em conversa com um conhecido, ele relatou que teria sido abordado por um colega para fazer um investimento “das Arábias” (como se costumava dizer na linguagem popular sobre negócios irrecusáveis) em que aportaria R$ 1,5 milhão em bitcoin e teria um retorno garantido de R$ 60 mil ao mês. No entanto, é importante esclarecer uma série de conceitos aqui.
Em primeiro lugar, o bitcoin é um ativo negociado no mercado de renda variável e, portanto, não há como garantir qualquer retorno sobre performance de curto prazo. Isso porque há uma série de variáveis que impactam na cotação do dia a dia desse ativo. Em termos conceituais, o mesmo se aplica para os demais ativos de renda variável, como ações, contratos futuros, BDRs (Brazilian Depositary Receipt, certificado de depósito emitido e negociado no Brasil que representa ações de empresas listadas em bolsas de outros países), ETFs (Fundos de Índices, fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma ação), entre outros.
Outro aspecto é que se esse montante de R$ 1,5 milhão estivesse aplicado em algum investimento de renda fixa, que tenha como referência estar atrelado à 100% do CDI (Certificados de Depósitos Interbancários, títulos emitidos pelos bancos como forma de captação ou aplicação de recursos excedentes), teria rendimento nesse momento de 4,15% ao ano. Isso porque a taxa básica de juros, a Selic, está em 4,25% ao ano. Dessa forma, o retorno sobre investimento seria de aproximadamente 0,36% ao mês, ou considerando em valores, R$5.400. Ou seja, um número onze vezes menor do que os R$ 60 mil “garantidos”.
Se considerarmos ainda dentro da renda fixa — e com a perspectiva de a Selic ir para 6,5% ao final de 2021, como o mercado espera —, o retorno sobre 100% do CDI seria de cerca de R$ 8 mil mensais.
Outra dúvida sobre esse mesmo investimento sugerido é: até quando haveria esse retorno de R$ 60 mil mensais garantido ou se seria ad aeternum (para sempre, em latim).
Enfim, há vários relatos de casos similares a esse na internet. Na minha visão ainda não fica claro se falta apenas educação financeira (algo que tentamos construir todos os dias junto a população brasileira) ou se sobra ganância por parte das pessoas que aportam seus recursos em pirâmides como essa. Ou ambos.
Há diversas outras formas de perceber claramente os golpes ou pirâmides financeiras - como os que oferecem rendimentos de 1% ao dia, por exemplo, ou tantos outros. Fique de olho e esteja atento, caro leitor, pois como já dizia minha mãe: "quando a esmola é demais, o santo desconfia".
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