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Já passamos dos cem primeiros dias do ano, estamos diante de um cenário turbulento e cheio incertezas, mas quero lhe fazer uma pergunta: qual rentabilidade você gostaria que sua carteira de investimentos apresentasse ao final de 2021?
E qual a razão de abordarmos esse tema nesse momento? Simplesmente porque há grandes expectativas para suas aplicações financeiras e porque atingimos o primeiro terço do ano. Na minha carteira, busco algo entre 12% e 15% ao ano (não apenas neste ano, mas nos próximos também) em função da minha realidade e momento de vida. O mais correto, sob minha ótica, seria almejar algo entre a inflação medida pelo IPCA mais 5% ou 6%. Até porque de nada adianta desejar 12% ao ano se a inflação estivesse próxima de 10%.
O conceito mais importante, sendo assim, seria olhar para o ganho real no período - o seu retorno descontada a inflação. Entretanto, se considerar uma inflação média no Brasil de 5% a 6% ao ano na última década, almejar mais de 10% pode ser considerado bom número, especialmente levando-se em conta uma taxa de juros menor que 3% ao ano, como a atual.
Este dado é crucial para grande parte da indústria de investimentos, dado que grande parte dos ativos nacionais de renda fixa são atrelados à Selic e uma outra parte ao IPCA. Dessa forma, considerar cerca de 300% do CDI é um retorno e tanto no período para uma carteira de perfil moderado. E isso pode ocorrer? Obviamente que sim, mas envolveria um risco adicional na carteira.
Por exemplo, se a carteira for composta apenas por investimentos conservadores e de liquidez imediata, certamente a rentabilidade não chegará nesse patamar. No entanto, se buscar diversificação e ativos com vencimentos mais longos esse ganho é possível. E onde estariam estes ativos de retornos mais elevados? Há alguns caminhos.
Por exemplo, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) ou do setor Imobiliário (CRI), cuja rentabilidade pode apresentar números como 4,5% ao ano somada a inflação ou juros no período. Ademais, para compor uma carteira um pouco mais arrojada (e aqui não estou falando em algo que chegue ao perfil agressivo) o caminho seria ir para o mercado de renda variável, como ações chamadas Blue Chips, como grandes instituições, fundos de ações ou até mesmo empresas com bom histórico de pagamento de dividendos. Em uma carteira com perfil moderado e que o investidor tenha uma visão de médio a longo prazo, cerca de 15% a 20% dessa carteira poderia tranquilamente compor ativos desse segmento.
Outro caminho poderia ser com fundos multimercados que investem em ações no Brasil ou no exterior. O risco aqui pode ser um pouco mais controlado por não acessar ao mercado diretamente, mas o retorno também deve ser minimizado neste caso. Afinal, quando falamos em investimentos, é necessário sempre observar a relação risco-retorno. Ou seja, quanto maior o risco, maior poderá ser o retorno, mas não necessariamente será de fato.
Alguns também podem estar se questionando sobre o motivo de ainda não falarmos nas criptomoedas para compor esta carteira. Simplesmente porque quis deixar esse tema para o final. Cada dia que passa vemos um enorme número de pessoas buscando informações sobre esse tipo de investimento. Acredito que só por meio da democratização do mercado (que já está acontecendo) e com os pequenos investidores procurando conhecimento, formando massa crítica e depois investindo, é que chegaremos a ter boas oportunidades.
Não tenho preconceito contra criptomoedas e também recomendo a todos que não tenham. Porém, é importante estar bem informado sobre seus riscos e, obviamente, seus possíveis retornos. Mas, também vale deixar claro que quanto mais volátil e de risco, menor deve ser seu percentual em carteira, especialmente para determinados perfis de investidores e do nível de conhecimento.
Minha mensagem aqui é, portanto, que é possível almejar e buscar bons retornos, independentemente do momento do país ou da economia. Procurar alternativas diferentes no dia a dia é o que pode fazer diferença no seu bolso no longo prazo.