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Roberto Indech

Roberto Indech

Educação financeira

Investimentos deveriam ser “papo de boteco”

(Foto: Alexandre Mazzo/Arquivo/Gazeta do Povo)

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Passamos por uma transformação no país. Depois de muitos anos estagnado e sem crescimento, os investimentos para pessoas físicas agora crescem a rápidos passos largos. Desde o início dos anos 2000, as informações sobre o tema ainda eram um tabu de difíceis acesso. O programa do Tesouro Nacional para este público, o Tesouro Direto, foi iniciado em 2002 e mais recentemente atingiu a marca de 10 milhões de pessoas cadastradas. Na bolsa de valores, entre 2000 e 2010, os CPFs eram cerca de 600 mil a 800 mil. No entanto, desde 2015 para cá, ou mais especificamente após o início da pandemia, tivemos um crescimento acelerado e por vários fatores. Mas a realidade é que já são mais de 3 milhões de investidores em renda variável.

Em um momento de juros baixos e com perspectivas de seguirmos com apenas um dígito nos próximos anos ou até mesmo décadas, a indústria das plataformas digitais de investimento, influenciadores, casas de análises, entre outros também cresce rapidamente, visando dar acesso a todos os perfis de brasileiros, de todas as classes, em um movimento de educação financeira a longo prazo.

Entretanto, um aspecto que ainda enxergamos, infelizmente, é que conversar sobre dinheiro é um tabu, seja entre amigos, colegas de profissão e até mesmo familiares, em grande parte dos casos. Na divisão de gênero essa lacuna é ainda maior, entretanto, felizmente vemos um crescimento, já que este mês as mulheres que investem na bolsa brasileira chegaram ao número de um milhão – uma vitória para a educação financeira.

É verdade que os desafios e os caminhos ainda são enormes. O número de pessoas buscando informações evolui e a educação financeira no Brasil será realizada cada vez mais via redes sociais. No entanto, com o tabu em cima da mesa, o assunto não corre como deveria.

Falar do mercado de renda fixa, como fundos de investimento, Tesouro Direto, títulos públicos e todos aqueles ativos como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA, debêntures, entre outros, confunde os novatos pela quantidade de características e infinidade de informações.

Se formos para renda variável, a análise de ações via gráficos ou fundamentos das companhias também ainda é desconhecido, pela grande maioria. Até mesmo a quantidade de ativos parece um leque imenso para quem chega, como ações, BDRs, ETFs, minicontratos. Com o tema criptomoedas em alta e tantas tecnologias distintas, também é necessário aprender ainda mais sobre as características de cada inovação.

Fato é que teremos esse tema se tornando peça fundamental no desenvolvimento do país, seja no acúmulo de capitais ou no desenvolvimento da economia e por consequência das empresas. Precisamos pensar que não estamos aqui apenas para atuar na área, mas sim para a participação da transformação que buscamos, independente da classe social. A busca da educação financeira precisa necessariamente passar a ser papo de boteco no Brasil.

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