Nesta quarta-feira (17) o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC) determinará a nova taxa básica de juros para os próximos 45 dias. E, pela primeira vez desde junho de 2015, veremos uma elevação na Selic. Atualmente a taxa está no menor patamar da história, em 2% ao ano. Naquela ocasião, quase seis anos atrás, a Selic passou de 13,75% para 14,25% ao ano. Obviamente que eram tempos bem distintos, mas há quem queira fazer comparações.
Em um momento de inflação elevada no país, há forte pressão para que o Copom eleve os juros como ferramenta para conter a inflação, ao menos pensando no curto e médio prazo - mesmo em meio à pandemia, com IPCA divulgado na última semana em 0,86% em fevereiro, acima das expectativas de parte dos economistas de instituições financeiras, e acumulando 5,2% nos últimos 12 meses. O IGP-M assusta ainda mais, após fechar 2020 em forte alta de 23%. Para 2021, as expectativas já ultrapassam os 11%.
Outro aspecto que deve levar à decisão pela alta na Selic é a demora na realização das reformas de ajuste fiscal, apesar da recém aprovada PEC Emergencial. Esse atraso tem trazido riscos adicionais de longo prazo ao Brasil por causa das preocupações sobre a sustentabilidade das contas públicas, o que tem impactado sobremaneira o câmbio. De modo geral, estas são as duas grandes preocupações do Copom e que já tem sido abordadas nos últimos comunicados de decisões sobre a Selic.
E o que essa Selic muda no mundo dos investimentos?
Se analisarmos pela perspectiva de elevação de meio ponto percentual, com a taxa indo para 2,5% ao ano, teremos poucas alterações. No entanto, o mercado indica que esta será apenas a primeira de algumas altas que teremos nos próximos meses.
No Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (15), a expectativa é por uma Selic de 4,5% ao ano no final de 2021. Entretanto, já há quem coloque as expectativas mais para cima, em 6% ao ano. Com essas perspectivas sendo discutidas há semanas, o mercado de ações já repercute negativamente tais possibilidades, especialmente os setores imobiliário, de shopping centers e consumo. Não há dúvida de que isto poderá prejudicar os resultados destes segmentos no curto prazo.
Já no mercado de renda fixa, quando falamos em reserva de emergência (dado o objetivo claro da utilização do recurso no curtíssimo prazo), os investimentos mais conservadores e com possibilidade de resgate imediato continuam sendo os mais recomendados independe do número da Selic. Para quem pensa em poupança neste caso, o retorno seguirá ínfimo e bem abaixo da inflação.
Por outro lado, já enxergo os tradicionais CDBs de bancos médios e pequenos oferecendo taxas superiores a dois dígitos no cenário descrito, caminhando inclusive para o tal do 1% ao mês, como muitos desejam. Vale ressaltar que para obter uma aplicação com esta rentabilidade é necessário deixar o dinheiro alocado por um tempo, cerca de 3 a 5 anos.
Por fim é importante sempre ressaltar que, independentemente da taxa Selic, é essencial olhar sempre conceitos básicos numa aplicação: risco, taxas de administração ou corretagem, prazo de carência, possibilidade de retorno ao investidor, entre outros. Nunca se esqueça da possibilidade de mudança de cenários e que, por esta razão, é necessário avaliar sua carteira frequentemente.
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