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Roberto Indech

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Vai viajar? Aperte os cintos: o dólar subiu

Dólar
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Mais uma vez o tema câmbio entrou na pauta da população. Desta vez não foi apenas pelo patamar atingido recentemente, em que o dólar chegou ao seu maior valor nominal em relação ao real, desde o início do Plano Real. Digo isso sem indexar a inflação, como alguns economistas gostam de salientar.

Mas o assunto virou pauta mais pela declaração do Ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre empregadas domésticas irem para a Disney em outras épocas. Enfim, meu objetivo aqui não é entrar nessa polêmica. Gostaria de comentar sobre o que podemos esperar daqui para frente e como agir em relação a essa elevação das últimas semanas.

Primeiramente, acho importante considerar o fato de o ministro já ter declarado recentemente que era importante nos acostumarmos com um câmbio mais depreciado e a moeda americana acima dos R$ 4,00.

Nesta segunda-feira (17), chegamos a R$ 4,32 no oficial. No mês de fevereiro a moeda sobe 1% e, em 2020, já são 7,7% de alta. Claro que no dólar paralelo, turismo e em cobranças de cartão de crédito este número é acima do aqui mencionado. Além disso, ainda é necessário lembrar que temos o IOF a pagar sobre transações.

No entanto, apenas como referência, não estamos sozinhos nessa. O dólar também sobe em relação a outras moedas de mercados emergentes no ano, como o peso chileno e o rublo russo. Obviamente, cada um vive com suas particularidades, mas acompanhar o desempenho ante seus pares é relevante para enxergarmos se é um movimento único relacionado à força da economia americana ou se podem ser problemas estruturais de cada país.

Quando começam a pipocar fases como essas, logo enfrentamos basicamente os mesmos questionamentos, como: e agora, até onde isso vai? Preciso comprar dólar para viajar: faço agora ou espero baixar? Raramente há uma preocupação em relação à elevação da inflação em produtos básicos, mas muito mais no que diz respeito a viagens que espera-se realizar em um curto espaço de tempo.

Nesses casos vejo a resposta de uma maneira simples, dado que é praticamente unanimidade no mercado falar sobre isso. A recomendação seria comprar aos poucos, de forma parcelada. Por exemplo, se você irá utilizar US$ 2 mil em uma viagem daqui a 4 meses, sugeriria comprar U$ 500 por mês até a data da viagem, minimizando, assim, os riscos de novas elevações, caso ocorram. Já pensando nas férias escolares de julho, esta poderia ser uma opção plausível.

O dólar pode variar por diversos fatores como indicadores da economia dos EUA, política internacional, guerras, variações bruscas nos preços das commodities, política e indicadores da economia nacional, direcionamento das políticas econômica, fiscal e cambial no Brasil, intervenções do Banco Central (BC), entre outros.

Portanto, é profissionalmente impossível dar um palpite sobre o câmbio. A palavra palpite está aqui de forma proposital pois é rasa como seria alguma recomendação absoluta sobre o tema. Cada analista/economista pode embutir possibilidades diversas para traçar um cenário e realizar suas projeções, mas a realidade pode pregar surpresas repentinas, desconstruindo modelos.

Se o dólar vai subir ou cair daqui para frente, só o tempo dirá. O que nós, como profissionais, temos que orientar, na minha visão, seria a forma de fazer conforme indiquei acima.

Mais um aspecto a ser levado em consideração são as intervenções do Banco Central do Brasil. Como o câmbio é flutuante, o BC pode intervir nos momentos que considerar adequado, seja para conter movimentações bruscas diárias ou tendências de alta ou baixa, a depender do momento da economia e/ou da conjuntura.

Algumas instituições financeiras vêm orientando seus clientes que a tendência de alta pode seguir diante dos dados fracos na economia nacional e de outras operações de curto prazo no Brasil entre câmbio e juros, após o último atingir o menor patamar da história, com a Selic em 4,25% ao ano.

Para que esse movimento possa ser revertido seria necessário começarmos a apresentar possibilidades de crescimento robusto, ou atingir o número esperado de fato, para não frustrar o mercado como nos anos anteriores. Outra possibilidade de mudança viria de algum fato novo vindo do exterior.

Dessa forma, fica evidente a dificuldade de chegarmos numa verdade absoluta sobre o câmbio, que poderá não apenas seguir o movimento visto nas últimas semanas como também sofrer fortes oscilações repentinas, a depender da atuação do Banco Central. Sigamos acompanhando as diretrizes e o noticiário, mas não se esqueça: vai viajar em breve, comece a tomar atitude desde já.

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