Imagem ilustrativa.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
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Eu não falo apenas em meu nome. Eu falo por muitas pessoas. Tudo o que produzo, tudo o que escrevo, todos os vídeos que faço e todas as apresentações e discursos que eu preparo têm, na verdade, muitos autores. Todas as vezes que você me vê na televisão pode parecer que estou sozinho. Mas, na verdade, tem muita gente ali comigo.

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A maioria dessas pessoas são anônimas, gente que eu encontrei uma única vez. Como um porteiro que saiu de um prédio quando eu passava em frente, e timidamente me abordou e trocou algumas palavras comigo. Ou o servidor público graduado, de uma entidade do governo federal, com quem conversei sobre a dificuldade de encontrar sentido nos dias de hoje. Ou a senhora que me esperou até tarde da noite, até que acabasse a gravação do último programa – me esperou em pé, sozinha, na portaria do prédio, já deserta naquela hora avançada – e que me abordou, e me entregou uma carta de quatro páginas que eu não conseguirei esquecer.

Minha missão é registrar essas histórias, juntar os pontos e denunciar o renascimento do arbítrio como política pública, da promoção da ignorância como virtude.

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Na carta ela conta como quase foi presa – ela que tem mais de 70 anos – presa como se fosse uma criminosa, e quase foi jogada numa cela onde, talvez, estivesse até hoje. Presa pelo crime de expressar amor ao seu país.

Outras pessoas que estão ao meu lado são conhecidas. Como meu amigo procurador de justiça Marcelo Rocha Monteiro – meu guru, aquele que me apresentou Thomas Sowell e Theodore Dalrymple. Marcelo está temporariamente silenciado nas redes sociais pelo neoarbítrio tropical. Outras ainda são pouco conhecidas como o escritor e diplomata Gustavo Maultasch, um dos maiores pensadores e articulistas do Brasil atual, e Kátia Sodré, mãe e ativista pela liberdade, que acompanha tudo o que eu faço e está sempre presente com observações ricas em inteligência, perspicácia e bom senso.

Eu não trabalho sozinho: há milhões de pessoas trabalhando comigo. São pessoas que me acompanham nos debates e embates do programa Os Pingos nos Is da Jovem Pan, que leem os livros que recomendo, que assistem minhas longas lives (o nome do programa é Meia Hora, mas nunca dura menos que 50 minutos), que assinam meu Boletim Semanal e me param para conversar em absolutamente todos os lugares onde vou. Acreditem: certa vez fui parado por uma pessoa enquanto eu nadava no mar do Posto 6 em Copacabana. Dentro d’água: você por acaso não é o Roberto Motta? Sou eu mesmo. Vamos conversar.

Conversar, e traduzir essas conversas, é minha profissão.

Algumas conversas são dolorosas. As pessoas me falam de perdas: de familiares vítimas de crimes violentos; de sonhos triturados por um Estado onipresente e repressor, que promove dependência – financeira, intelectual e até química – como substituto para cidadania. Elas me contam de desemprego e de negócios e sonhos naufragados em um oceano de burocracia, impostos e corrupção.

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Minha missão é registrar essas histórias, juntar os pontos e denunciar o renascimento do arbítrio como política pública, da promoção da ignorância como virtude e do medo como instrumento de controle social.

O Brasil não passa exatamente por uma fase calma. As instituições brasileiras não estão exatamente no seu momento mais sólido. O povo brasileiro não está exatamente satisfeito. Mas é preciso muita cautela: hoje são muitas as forças que se unem para sufocar a liberdade e o debate público.

A polícia política das redes determinou limites rígidos sobre o que pode e o que não pode ser dito; e o que não pode ser dito é qualquer coisa que desafie o sistema, o mecanismo, o estamento burocrático, o todo poderoso Estado.

Mas, em nome de todas as vozes, eu continuo. Enquanto tiver bambu, tem flecha.

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