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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva  no Palácio Itamaraty.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio Itamaraty.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Receber um aumento de salário significa passar a ganhar mais. No Brasil, de uma forma geral e imperfeita, os salários são periodicamente corrigidos para acompanhar a inflação e manter o poder de compra dos trabalhadores.

Assim, o valor do salário aumenta, mas ele continua comprando mais ou menos as mesmas coisas.

Índices de inflação calculados pelo governo e por algumas entidades são usados para corrigir os salários. Mas quando o salário recebe um aumento maior do que o índice de inflação, diz-se que o salário teve um aumento real.

O Estado brasileiro determina o valor do salário-mínimo, que é o menor salário que pode ser pago a um trabalhador. O governo atual definiu uma política de dar aumento real - acima da inflação - ao salário-mínimo.

Esse aumento real do salário-mínimo envolve questões ideológicas e morais. Do ponto de vista moral, um aumento real de salário é algo que um trabalhador recebe por mérito, como consequência de um bom desempenho de suas tarefas ou por ter apresentado crescimento de produtividade, o que significa fazer mais em menos tempo ou com mais qualidade.

Um aumento real de salário é um prêmio, uma recompensa ao trabalhador que faz um excelente trabalho e que ajudou a aumentar a produtividade e o resultado da empresa.

É o aumento da produtividade que permite o crescimento real dos salários pagos por uma companhia.

Um aumento salarial real “caridoso”, determinado pelo Estado, totalmente desvinculado de qualquer resultado, é moralmente equivocado, pois transmite a mensagem de que merecemos ganhar um salário sempre crescente, ainda que não tenha havido melhoria do nosso desempenho ou aperfeiçoamento de nossas habilidades.

Aumento real de salários sem aumento de produtividade é um truque populista

O componente ideológico também fica explícito: os capitalistas “malvadões” serão obrigados pelos socialistas do governo a dividir sua riqueza com os trabalhadores.

Mas esse aumento é também economicamente injustificável. Para a iniciativa privada, um aumento real contínuo de salário significará a permanente erosão da margem de lucro, já que não haverá a contrapartida do aumento da produtividade. A margem de lucro diminuirá até chegar a zero. Nenhuma empresa sobrevive sem lucro. O lucro é a remuneração do empreendedor e é ele que permite novos investimentos. A consequência final é a quebra da empresa. No longo prazo, apenas as estatais sobreviverão porque elas nunca quebram: seu prejuízo é sempre coberto com o dinheiro dos impostos.

A consequência para o Estado do aumento contínuo do salário real dos servidores é o descontrole dos gastos. As consequências últimas serão a explosão da dívida pública e o descontrole da inflação.

Assim, o aumento “real” do salário-mínimo, que parece à primeira vista um gesto tão magnânimo de “justiça social”, será logo corroído pelo aumento de preços. O trabalhador ficará em uma situação pior do que antes.

Por isso, é importante dizer: aumento real de salários sem aumento de produtividade é um truque populista rasteiro que finge distribuir riqueza, mas, na verdade, distribui atraso e pobreza.

Os únicos beneficiados com esse truque são os políticos que estão no poder, sempre dispostos a trocar o futuro do país pelo resultado da próxima eleição.

Conteúdo editado por:Liana Nunes
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