Os arquitetos da tragédia da segurança pública brasileira continuam sendo convocados pelo consórcio de mídia para sugerir soluções para a crise de criminalidade que eles mesmos provocaram. É muita ingenuidade – ou esperteza demais.
Ora, a primeira medida para restaurar a normalidade ao Brasil deveria ser justamente afastar de qualquer função pública os responsáveis pela situação atual e cobrar deles – moral, política e judicialmente – essa responsabilidade.
A segunda medida é parar de dar espaço e voz a “especialistas em segurança pública” que são, na verdade, especialistas na defesa do crime, dedicados à propagação de mentiras, falácias e fantasias. Esses “especialistas” são movidos por cegueira ideológica, retorno financeiro ou ligações perigosas – ou tudo isso junto.
A ala da escola de samba paulista que vestiu demônios com uniformes policiais não surgiu do nada. Ela é um sintoma de uma doença moral progressiva e progressista, provocada pela mistura de marxismo, doutrinação e narcocriminalidade.
O consórcio de mídia, dominado pelos especialistas marxistas, há muito reservou para os policiais, exclusivamente, o papel de vilões.
Outra manifestação dessa doença é a crença infantil – ou perversa – de que obrigar policiais a usarem penduradas em seus uniformes câmeras permanentes ligadas irá, de alguma forma misteriosa, ajudar na redução dos escandalosos índices criminais e da absoluta impunidade que imperam no Brasil.
Isso no exato momento em que se descobriu que, no presídio de Mossoró, onde ocorreram as primeiras fugas da história de presídios federais de segurança máxima, um relatório de maio de 2021 identificou que das 192 câmeras instaladas no presídio, 124 estavam inoperantes. Câmeras para policiais: perfeito. Câmeras para criminosos: veja bem.
Gastou-se mais de R$ 100 bilhões no projeto de uma refinaria – a Abreu e Lima – que deveria ter custado R$ 10 bilhões. Com esse dinheiro, considerando-se um custo de R$ 80 mil para construir uma vaga para um preso em uma prisão “padrão ONU”, seria possível construir um milhão duzentos e cinquenta mil novas vagas em presídios. Ou seja; poderíamos dobrar a capacidade do sistema prisional brasileiro, garantindo ao mesmo tempo o pleno atendimento de todas as necessidades dos presos. O problema da “superlotação carcerária” seria resolvido de uma vez só.
Para informação: R$ 100 bilhões também foi o valor aproximado gasto para realizar os Jogos Panamericanos, a Olimpíada e a Copa do Mundo no Brasil.
Nenhum combate ao crime acontecerá sem a convicção moral de que o crime deve ser combatido.
A crise permanente dos presídios não é um problema. Na verdade, ela é um instrumento de implantação da tal política de “desencarceramento”, que significa a simples soltura de criminosos. Não se pode esperar que defensores do “desencarceramento” se preocupem com uma fuga de criminosos presos – porque, afinal, fuga é uma forma de “desencarceramento”.
A luta para trazer o Brasil de volta à normalidade é uma luta assimétrica. De um lado estão os verdadeiros especialistas: os policiais. São eles que entendem como se planeja e executa o policiamento das ruas; são eles que sabem como conduzir uma investigação criminal; são eles que têm o conhecimento para a realização de uma perícia forense. São eles que foram preparados para reagir em segundos diante de uma ameaça mortal. Eles nunca são ouvidos.
Do outro lado, em permanente ofensiva, está a multidão de especialistas, muito bem financiados, sem qualquer experiência com a atividade policial, e que são animados pelo mesmo espírito ideológico marxista. Seu trabalho é caracterizar o combate ao crime como uma luta de classes, e o policial como o elemento opressor, enquanto para o criminoso sobra o papel de oprimido ou de revolucionário.
É um enfrentamento desigual. O consórcio de mídia, dominado pelos especialistas marxistas, há muito reservou para os policiais, exclusivamente, o papel de vilões. Quem acha que eu exagero, procure se lembrar da última vez que viu uma manchete na mídia descrevendo os policiais como heróis – papel que eles desempenham inúmeras vezes todos os dias.
Quem acha que eu exagero, precisa conhecer a pressão que as ONGs defensoras de “direitos humanos” fazem através de um lobby gigantesco que impede a construção de novos presídios. Quem não acredita pode conferir o site da pastoral carcerária. Observe que o primeiro dos objetivos da Agenda Nacional pelo Desencarceramento é a “suspensão de qualquer investimento em construção de novas unidades prisionais”. Mas como assim, companheiro?
Nenhum presídio será bem administrado sem a determinação moral de fazer com que os criminosos cumpram suas sentenças integralmente, em condições tão dignas quanto possível (o que depende principalmente deles e, secundariamente, dos recursos disponíveis), mas sem facilidades e benefícios injustificáveis, muitas vezes indisponíveis a cidadãos de bem. Com raríssimas exceções, sentenças de prisão são para serem cumpridas na prisão, em regime fechado.
Nenhum combate ao crime acontecerá sem a convicção moral de que o crime deve ser combatido e de que o criminoso deve ser punido de forma proporcional à gravidade do crime cometido. Esse é o primeiro teste ao qual todos os autoproclamados “especialistas” em segurança devem ser submetidos.