O grande truque da esquerda e de seus associados para bloquear o endurecimento da lei penal brasileira é esterilizar o debate sobre crime e punição, retirando dele o componente moral. Tudo é reduzido a uma questão "técnica", a ser discutida em juridiquês, usando os termos e o vocabulário estabelecidos pela esquerda.
Qualquer tentativa de trazer o aspecto moral do crime de volta ao debate – incluindo o fato de que o crime é resultado de uma escolha feita pelo criminoso – é respondida com todo o tipo de ofensas, agressões e ameaças.
Qualquer tentativa de alinhar a legislação com as expectativas morais da maioria da população – que deseja punição dura e, muitas vezes, definitiva para os criminosos – é respondida com argumentos de "inconstitucionalidade" ou classificada de violação dos direitos dos criminosos, inclusive por instituições de Estado cuja prioridade deveria ser a proteção dos direitos da população.
Alegar "inconstitucionalidade" para projetos de endurecimento da lei é recorrer a tecnicismos, sempre subjetivos, para evitar reflexão e debate sobre questões graves, com repercussões morais profundas. É óbvio que uma Constituição que impede medidas essenciais de combate ao crime precisa ser modificada. Ou será que a proteção dos “direitos” e “benefícios” para criminosos presos é cláusula pétrea?
O Brasil vive uma guerra civil permanente – uma guerra na qual só um lado está armado. O grande truque da esquerda é tratar essa guerra como se estivéssemos em um debate teórico
Antes que o Brasil consiga debelar a guerra civil não declarada de nossas ruas, é preciso trazer de volta o aspecto moral do problema e rejeitar o uso de ideias e de um vocabulário criados para distorcer o debate antes que ele comece.
Um exemplo é o termo "letalidade policial", cuidadosamente construído para produzir, de cara, a percepção de que a polícia é assassina. Por que não se fala em "letalidade criminal"? Por que não se fala em "letalidade jurídica" – as inúmeras mortes causadas por criminosos soltos pela legislação e por decisões judiciais, mas que deveriam estar presos?
Como é possível que o ecossistema de ONGs de “segurança pública” acuse o Brasil de encarceramento em massa quando 92% dos homicidas e 98% dos assaltantes sequer são identificados, quanto mais presos? Que “encarceramento” é esse no qual criminosos extremamente violentos, perversos e reincidentes cumprem apenas uma parte de suas penas efetivamente atrás das grades?
Por que as ONGs que mais atuam para influenciar a legislação penal e o debate público sobre segurança no Brasil, controlando o discurso da mídia e a produção da legislação penal, recebem doações de entidades estrangeiras como a Open Society Foundations, do bilionário esquerdista George Soros?
Uma dessas ONGs produz um relatório anual chamado de Atlas da Violência. Eu não entendo por que não chamam de Atlas do Crime. Quer dizer, entendo sim. Crime tem um culpado – o criminoso – que precisa ser punido. Violência é uma coisa genérica, espalhada por aí.
O Brasil vive uma guerra civil permanente – uma guerra na qual só um lado está armado. O grande truque da esquerda é tratar essa guerra, na qual morrem 40 mil brasileiros todos os anos, como se estivéssemos em um debate teórico em uma aula de um curso de Direito.