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Roberto Motta

Roberto Motta

Fake news

Monopólio da mentira

(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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“Disseminação de notícias falsas” é um termo novo para uma prática milenar: a de espalhar mentiras, boatos e calúnias.

Essas coisas são tão antigas quanto a humanidade.

Mentiras sempre existiram na política. Só que, até pouco tempo, eram disseminadas principalmente pela grande mídia, e nenhum de nós, comuns mortais, sequer suspeitava que ouvia mentiras.

As redes sociais mudaram isso.

Agora somos todos produtores de notícias, cidadãos-jornalistas. Qualquer um pode reportar um fato. E todo cidadão também pode – é evidente - contar uma mentira.

Muitos poderosos não aceitam isso. Para essas pessoas iluminadas só a grande mídia pode dar notícias, e a liberdade para mentir tem que ser monopólio da mídia e do Estado. Por isso criaram uma exigência de verificação da verdade para as postagens online. Dizem que é preciso garantir que tudo o que está nas redes sociais é 100% verdadeiro.

É óbvio que isso é impossível. A própria imprensa, vez por outra, divulga notícias erradas ou até mesmo mentiras, acidentalmente ou de propósito.

Um dos casos mais recentes - e bizarros - foi o do laptop de Hunter Biden, o filho de Joe Biden. O laptop, deixado para conserto em uma loja e abandonado lá, continha toneladas de material altamente comprometedor contra Biden filho e Biden pai. O escândalo estourou às vésperas da eleição americana de 2020 e poderia ter significado a vitória de Trump.

“Combate à desinformação” é apenas um apelido fofo e politicamente correto para a horrorosa prática da censura

A grande mídia, quase unanimemente, afirmou que se tratava de fake news. Vários veículos de imprensa importantes classificaram tudo como uma trama produzida pela Rússia em colaboração com Donald Trump. O jornal The New York Post teve sua conta no Twitter cancelada por insistir em dizer que a história era legítima.

Passadas as eleições - com a vitória de Biden, claro - a mídia voltou atrás e admitiu que a história era verdadeira.

Há dezenas de exemplos recentes como esse, nos EUA e no Brasil.

“Desinformação” não é um problema novo, e muito menos algo que diz respeito especificamente às redes sociais.

“Desinformação” é a distorção ou omissão deliberada de fatos e informações importantes, feita geralmente com o objetivo de obter poder e riqueza ou prejudicar um adversário. É praticada por poderosos desde o início dos tempos. É constantemente praticada pelo próprio Estado.

A ênfase atual no “combate à desinformação” é apenas a reação do Estado e da grande mídia – o primeiro cada vez mais autoritário, a segunda cada vez mais subserviente ao primeiro - para tentar calar, desmobilizar ou mesmo destruir as redes sociais e a liberdade de expressão online.

Para o nosso bem, claro.

“Combate à desinformação” é apenas um apelido fofo e politicamente correto para a horrorosa prática da censura.

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