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A nossa escolha
| Foto: Pixabay

Vivemos em uma época em que a Justiça está sendo pervertida, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Quem perverte a Justiça – seja por ação ou omissão – sabe muito bem o que está fazendo. É uma época em que a verdade está sendo virada pelo avesso, não só aqui, mas em toda parte. Essa é uma época na qual dizer a verdade – e dizer aquilo que é óbvio – é atividade de alto risco. Nunca foi tão perigoso ser filósofo, pensador, escritor ou jornalista.

É importante entender que isso não acontece só no Brasil. Exatamente a mesma coisa está acontecendo na Austrália, nos Estados Unidos, no Canadá e até no Reino Unido, um país que pode ser considerado o berço do liberalismo e dos direitos civis, terra da Magna Carta e da Revolução Gloriosa. Em todas essas nações, pessoas estão sendo censuradas, intimidadas, canceladas, difamadas e até processadas e presas porque pensaram, disseram ou publicaram alguma coisa em redes sociais. O que era impensável até pouco tempo se agora se tornou rotina. No mundo inteiro.

É importante entender que a insanidade jurídica, a venalidade midiática, o abandono da lógica e do bom senso e a opção por um “progressismo” tirânico, sectário e destruidor não ocorrem apenas aqui.

Eu posso adivinhar o que você está pensando: “Mas, Roberto, aqui tem o fulano de tal, que é a encarnação do mal”. Claro. Da mesma forma, em outros países, há outras pessoas cumprindo funções semelhantes, e fazendo coisas iguais ou piores.

A Escócia acaba de aprovar uma lei que determina até 7 anos de prisão para quem fizer postagens politicamente incorretas. A inacreditável lei escocesa – que vem sendo denunciada por vozes como a de J. K. Rowling, autora da série Harry Potter, e pelo escritor Douglas Murray, autor de A Guerra Contra o Ocidente – criminaliza comentários ou atitudes que “incitem o ódio” contra características consideradas protegidas como idade, deficiência física, religião, orientação sexual ou identidade transgênero. Uma postagem mal interpretada pode terminar com a polícia escocesa batendo na porta.

Na mesma semana, a Alemanha “legalizou parcialmente” a posse e o porte de maconha. O porte de menos de 25g ou a posse em casa de até 50g de maconha foram descriminalizados. Cada adulto pode agora “cultivar” até 3 três plantas de cannabis em sua residência. A lei proíbe o consumo por menores ou na frente de menores, e será proibido fumar a menos de 200 metros de escolas, parques infantis e campos de esporte.

Ao mesmo tempo em que “descriminaliza” a droga, o governo alemão vai lançar uma campanha educativa sobre os riscos de seu uso. O ministro da saúde alemão afirmou que a lei ajudará a acabar com o mercado negro da marijuana. Como eu mostro no meu livro A Construção da Maldade, exatamente o contrário aconteceu no Canadá, na Califórnia e em vários outros estados americanos que “descriminalizaram” a maconha. Em todos os esses lugares, o mercado negro – um eufemismo para o tráfico de drogas –aumentou.

Nos Estados Unidos continua a perseguição judicial a Donald Trump, com o objetivo descarado de retirá-lo da disputa eleitoral. Trump, que já responde a 91 acusações criminais, foi o primeiro ex-presidente americano a ser fotografado e fichado em uma delegacia de polícia. A maioria da mídia americana e das redes sociais se transformou em um consórcio de propaganda do Partido Democrata e do estamento burocrático – o chamado DeepState – e em máquina geradora de narrativas contra Trump e a direita americana.

A conclusão é evidente: estamos assistindo a um fenômeno mundial. Isso talvez não sirva de consolo, mas é importante entender que a insanidade jurídica, a venalidade midiática, o abandono da lógica e do bom senso e a opção por um “progressismo” tirânico, sectário e destruidor não ocorrem apenas aqui.

Não é possível prever o que vem a seguir. Analistas e “especialistas” vivem cheios de explicações, mas nenhum deles conseguiu prever qualquer um dos grandes eventos do passado recente: a pandemia, a ressurgência do autoritarismo, a guerra na Ucrânia ou o apoio da esquerda aos terroristas do Hamas. Ninguém sabe o que acontecerá amanhã ou no próximo mês.

Na impossibilidade de prever os acontecimentos, nos resta escolher entre a esperança e o desespero, entre a apatia e a ação. Podemos ajudar quem precisa. Agir para corrigir as injustiças. Levar conhecimento e informação ao maior número possível de pessoas. Ou podemos nos entregar às lamentações.

O dia de amanhã pode ser pior do que o dia de hoje? É evidente. O dia de amanhã pode ser melhor que o dia de hoje? É claro que pode. Mas talvez – e esse é um grande talvez – a probabilidade das coisas melhorarem será um pouco maior se nós soubermos aprender a lição do nosso tempo – se transformarmos o que temos vivido em aprendizado, se construirmos um relato heroico do quanto lutamos pela liberdade nesses dias de desesperança e medo.

Para que nossos filhos e nossos netos entendam e nunca esqueçam. Para que as coisas que estão acontecendo hoje, no Brasil e no mundo, jamais aconteçam de novo.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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