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Roberto Motta

Roberto Motta

O que importa

(Foto: Jeniffer Araújo/Unsplash )

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Ensino é responsabilidade da escola, mas educação é responsabilidade dos pais – da família. Ensino é a transmissão de conhecimento sobre disciplinas como matemática, português, geografia e química. Educação é a transmissão de valores e comportamentos – aquilo que o sociólogo holandês Geert Hofstede chama de cultura. Segundo Hofstede, a transmissão do núcleo essencial da cultura é feita nos primeiros cinco anos de vida.

Ensino e educação são coisas diferentes. Mas o termo educação é usado frequentemente em discussões nas quais o termo correto seria ensino. Por exemplo, quando discutimos a qualidade e a eficiência das escolas, sejam públicas ou privadas, estamos falando de ensino, não de educação.

A infiltração da ideologia de esquerda nos sistemas de ensino público e privado é um fenômeno reconhecido há bastante tempo nos Estados Unidos, Brasil e na maioria dos países ocidentais

O ensino moderno pode ser analisado sob vários aspectos. Críticos dizem que sua qualidade vem caindo. Na década de 1970, muitas escolas públicas no Rio de Janeiro eram consideradas centros de excelência. Hoje parece não existir mais nenhuma escola pública que seja considerada realmente boa. Há quem diga que um processo similar de degradação aconteceu com as escolas particulares. Já vi evidências que sustentam essa afirmação.

Outra questão tem a ver com os objetivos e o formato do sistema de ensino tradicional que, segundo muitos críticos, viola o processo natural de aprendizado. O sistema mantém crianças e jovens sentados em salas, por horas a fio, ouvindo a repetição de informações, geralmente apresentadas em formato pouco atraente e de maneira desconexa, em fragmentos, como se o conhecimento consistisse de pedaços sem nenhuma ligação entre si.

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Quando o aluno aprende uma fórmula de física, por exemplo, aquela descoberta importante não é colocada em contexto, não se fala da vida da pessoa que fez a descoberta, não se apresenta o panorama histórico e nem se procura relacionar a fórmula que o aluno está aprendendo com todo resto do conhecimento. A ênfase está em decorar a fórmula, saber aplicá-la, responder corretamente às perguntas da prova e passar de ano. E depois esquecer aquela fórmula completamente.

A maior parte do que aprendemos na escola será esquecido. Por isso muitos críticos, como o americano John Gatto, que escreveu o livro Emburrecimento Programado, dizem que o sistema de ensino existente na maioria dos países não foi projetado para desenvolver o potencial natural do ser humano. Esse sistema foi desenhado, segundo esses críticos, para satisfazer a necessidade de um modelo econômico que não precisa de pessoas autossuficientes, criativas e independentes, mas apenas de indivíduos com um treinamento mínimo que os capacite a realizar tarefas repetitivas, que não requerem muita imaginação ou inteligência. Esse sistema também atende a outra necessidade, imposta pelo fato de que, na maioria das famílias, pai e mãe trabalham fora de casa: esses trabalhadores precisam de um lugar para deixar os filhos. As escolas funcionam também como um depósito de crianças.

Na maioria das famílias, os pais não têm mais tempo para acompanhar o ensino que suas crianças recebem na escola. Muitas vezes também falta interesse. Essa falta de interesse é estimulada pela percepção de que a responsabilidade pelo ensino é exclusiva da escola, e que há pouco que os pais possam fazer.

Crianças não têm como avaliar a adequação do ensino que recebem. A resposta que elas dão a um ensino inadequado é desinteresse, tédio e baixo desempenho. É preciso o olhar crítico de um adulto interessado e bem-informado para avaliar o método e o conteúdo do ensino.

Todos os pais precisam ter consciência do seu papel na vida intelectual, cultural e moral dos filhos. É um papel insubstituível

Minha própria experiência como aluno, minhas reflexões sobre a relação entre aprendizado escolar e evolução pessoal e profissional, e minhas observações sobre as atividades escolares dos meus filhos já tinham me levado a concluir que a maior parte do tempo que gastamos na escola é desperdiçado. Consumimos anos aprendendo coisas absolutamente inúteis enquanto habilidades e conhecimentos essenciais para uma vida rica, segura e próspera são ignoradas pelo currículo escolar. Também me dei conta do pouco tempo que nós, pais, investimos em acompanhar o progresso intelectual, cultural e moral dos nossos filhos. E aí, quando menos esperamos, temos uma surpresa.

A infiltração da ideologia de esquerda nos sistemas de ensino público e privado é um fenômeno reconhecido há bastante tempo nos Estados Unidos, Brasil e na maioria dos países ocidentais. A esquerda atingiu a hegemonia na mídia, na cultura, no entretenimento e até no mundo corporativo (via a chamada agenda ESG). Nos sistemas de ensino, a influência esquerdista vai do nível fundamental ao pós-doutorado.

Não faz muito tempo eu conversava com um amigo que me contou da decepção que ele e sua mulher sentiram ao descobrir que o filho mais velho votara em um candidato da extrema-esquerda. Ele chorou quando entendeu o que havia acontecido com o filho. Meu amigo me perguntou: de que adianta educar nossos filhos através do exemplo e de algumas conversas, durante o pouco tempo de convivência que temos com eles, se diariamente eles estão sentados em uma sala de aula ouvindo todos os professores – ou doutrinadores – repetindo as mesmas mentiras e as mesmas coisas erradas, estimulando neles revolta vazia e amargura? Eu não soube responder.

Esse é o melhor mundo que a humanidade já teve. Nunca na história tantas pessoas viveram tão bem. Mas a maioria das crianças e jovens aprende na escola que esse é um mundo sujo, injusto e preconceituoso, construído em cima do sangue de inocentes e da aniquilação da natureza. Ao invés de entenderem a gigantesca e maravilhosa civilização da qual somos herdeiros, e de serem preparados para desfrutá-la e avançá-la, e para levar uma vida produtiva e independente, nossas crianças são empurradas para um caminho de dependência, frustração emocional e rancor.

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Aqui seria o momento de falar de homeschooling, o ensino em casa. Alguns pais descobriram aí um caminho melhor. Mas essa não é uma solução para todo mundo. Nem todos têm a disposição e o preparo para ensinar seus filhos em casa. Essa é uma responsabilidade enorme e uma escolha disponível para poucos. A maioria dos pais precisa trabalhar e deixar os filhos em algum lugar seguro enquanto estão trabalhando.

Todos os pais precisam ter consciência do seu papel na vida intelectual, cultural e moral dos filhos. É um papel insubstituível. Cada pai e cada mãe terá que achar um caminho para cumprir essa missão, na medida das suas possibilidades.

Se você é pai ou mãe, não há nada na sua vida mais importante que seus filhos. Você é responsável por sustentá-los, alimentá-los, criá-los e educá-los. Essa responsabilidade é toda sua. Ela não é da escola e nem do Estado.

Se você delegar essa responsabilidade, pode acontecer com você o mesmo que aconteceu com meu amigo: você pode, um dia, descobrir que aquele jovem que viveu a vida inteira com você se transformou em um desconhecido.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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