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Manifesto pró-democracia reuniu assinaturas de seis presidenciáveis de centro.
Imagem ilustrativa.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Há alguns dias li no X uma postagem que começava assim: “Provavelmente serei cancelado”. O texto era uma reflexão sobre os ataques a uma personalidade das redes sociais, conhecida por seu trabalho de divulgação das ideias de direita.

O texto continuava: “Acho um erro estratégico grave atacar o Fulano. As pessoas vão sempre discordar. Eu mesmo discordei de uma de suas análises. Todo ser humano erra. Eu vivo errando. Isso é motivo para destruir pessoas?” O texto terminava dizendo: precisamos amadurecer urgente ou seremos engolidos pelos poderosos. Eles sorriem ao ver a direita se dividindo.

É preciso fazer uma escolha: ou passamos o resto de nossas vidas ventilando frustrações em grupos de WhatsApp ou criamos um projeto viável, com o material humano disponível, e com inteligência, sensatez e serenidade

Histórias semelhantes têm acontecido com personagens diferentes. O Brasil de 2024 tem um gosto amargo na boca. O desânimo e a revolta sentidos pela maioria dos brasileiros se transformam facilmente em tolerância zero a erros e divergências vindas de pessoas que combatem do mesmo lado que nós.

Nem parece que somos o mesmo país que, no final de 2018, se preparava para decolar rumo à liberdade e ao progresso. Naquela época ninguém imaginava que os anos seguintes trariam uma coleção de catástrofes: a maior pandemia desde a gripe espanhola, uma guerra no coração da Europa, “um consórcio de mídia” determinado a retirar do poder, de qualquer jeito, um presidente legitimamente eleito e, em 2019, o inquérito 4.781, também conhecido como inquérito das Fake News ou inquérito do fim do mundo, que daria origem a muitos outros. Começava um capítulo sombrio da história brasileira que ainda não foi concluído.

O período do regime militar já foi chamado de Os Anos de Chumbo. Historiadores do futuro poderão descrever o período atual como Os Anos de Infâmia. Esse é o sentimento de brasileiros de todas as classes e lugares: a sensação de que a justiça foi pervertida e de que o erro e os criminosos prosperam impunemente, enquanto os bons e os justos estão sendo investigados, expropriados e presos.

O diagnóstico de juristas e jornalistas corajosos é de que o Estado de Direito se esfarela, e isso é obra de juristas. Mas, findo o Estado de Direito, para que servirão juristas? Não existe nenhuma resposta para essa pergunta que não provoque sobressalto nas pessoas de bom senso.

Os resultados alcançados no governo Bolsonaro – apesar de uma oposição desleal, ideológica e inédita em virulência e magnitude – já mostraram que o progresso, a prosperidade e a liberdade estão ao nosso alcance. Os principais estados da federação elegeram governadores de direita – são homens públicos que conhecem e apoiam ideias, valores e iniciativas liberais e conservadoras testadas e aprovadas em outros países como instrumentos de desenvolvimento e de riqueza.

O lado do espectro político conhecido como direita – que inclui liberais, conservadores e libertários – entende e corresponde à ânsia da maioria dos brasileiros por mais liberdade, mais autonomia, menos impostos e menos Estado. Entre outras coisas, isso significa que as eleições de 2026 podem conseguir um feito inédito: colocar no poder aqueles que defendem um Brasil livre das amarras da pobreza, das oligarquias e – mais urgente que tudo – da tirania jurídica.

Mas, como diz o autor da postagem que abre esse artigo, precisamos amadurecer. Não podemos tratar toda divergência como ataque ou traição. Não podemos exigir atestado de pureza ideológica em um momento em que a maioria dos políticos está apenas começando a conhecer ideias liberais e conservadoras. Não podemos considerar a dinâmica eleitoral como um detalhe menor: sem vencer uma eleição não chegamos a lugar algum. Nem podemos esquecer que a disputa eleitoral é controlada por meia dúzia de partidos – todos com donos – e tutelada judicialmente por burocratas não eleitos e quase onipotentes.

Não podemos esquecer o que acontece no Brasil e exigir que políticos, eleitos ou não, corram grandes riscos e coloquem em jogo seus mandatos e suas vidas para tomar atitudes que nos trarão satisfação emocional, mas nenhum resultado prático.

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Se a direita quer chegar ao poder ela precisa entender como funciona a democracia à brasileira e compreender os riscos que estamos correndo antes de desenvolver uma estratégia. No meu livro Jogando Para Ganhar há um capítulo dedicado às ideias do estrategista de direita David Horowitz e outro ao pensamento do mentor da esquerda moderna Saul Alinsky. Poucos políticos de direita leram os textos.

A esquerda levou cinco décadas construindo o projeto que lhe deu hegemonia em quase todas as áreas da sociedade. Suas ideias toscas, preconceituosas e inviáveis penetraram no senso comum como resultado dessa hegemonia. Esse é o trabalho que temos pela frente: muitas décadas de faxina política, econômica, cultural e moral, até que tenhamos restabelecido o bom senso, a justiça e a liberdade em todas as áreas da nossa vida. É tarefa que exige paciência, tolerância e determinação. Começando agora.

Não conseguiremos isso transformando em inimigos aqueles que estão do nosso lado, mas discordam de nós em algum ponto. Não chegaremos a lugar algum descartando aliados na primeira discordância. É preciso fazer uma escolha: ou passamos o resto de nossas vidas ventilando frustrações em grupos de WhatsApp ou criamos um projeto viável, com o material humano disponível, e com inteligência, sensatez e serenidade.

Qualquer político pode se dizer “de direita”. Esqueça as palavras. O que importa é o que ele faz. Se suas ações estão de acordo com nossas ideias, ele é um dos nossos. Ninguém consegue construir um país próspero e seguro sem primeiro chegar ao poder. E, como já nos ensinaram, e já deveríamos ter aprendido, “chegar ao poder é diferente de ganhar eleições”.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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