Uma postagem no Facebook do Zine Mó sobre o evento de estreia da publicação revelou – com mais deboche do que tristeza – que nenhum dos colaboradores compareceu ao lançamento. Era uma piada das mais bem feitas: o periódico trimestral da Editora Lote 42, cuja primeira edição foi lançada no mês passado, só tem textos de gente falecida. “A proposta é reunir citações e trechos de autores do passado dos mais diversos gêneros (…) O único pré-requisito é que estejam completamente impedidos de fazer queixas ou exigências, salvo em eventual sessão de mesa branca”, diz a introdução do fanzine.
O design charmoso segue o caráter inovador dos principais trabalhos da Lote 42. Com projeto gráfico de Gustavo Piqueira, da Casa Rex, a publicação tem um formato retangular de tamanho A3 e é envolta em uma luva cor-de-rosa com os nomes dos seus 29 autores. A lista é a mais heterogênea possível: ali tem de São Mateus até Adolf Hitler.
A ideia é que cada edição seja elaborada com base em um tema universal e o escolhido para o primeiro número foi o ódio. Editado por Cecilia Arbolave, João Varella e Thiago Blumenthal, o Zine Mó Ódio apresenta textos de Sylvia Plath e Franz Kafka sobre a relação dolorosa que ambos mantinham com seus pais, considerações políticas de Aristóteles e Tocqueville, reflexões de Spinoza, Freud e muitos outros pensadores. Malcom X participa com um lindo poema social, J.D Salinger colabora com um trecho de O Apanhador no Campo de Centeio. E os textos são unidos por um único varal temático.
Compacta, a publicação não é só uma boa amostra literária com escritos de gente famosa, mas é também um elaborado sumário que atiça a curiosidade de quem quer se aprofundar no contexto de uma obra que ainda não conhece. Abrir caminhos assim é um dos objetivos do Mó. “Os trechos selecionados estão longe de esgotar as obras dos autores. Fica o convite para o leitor cavocar mais fundo naquilo que o instigou mais”, conclui o texto que abre a edição.
Zine Mó Ódio
Editora Lote 42
R$ 10
Onde encontrar? na Banca Tatuí
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