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Roger Pereira

Roger Pereira

A política do Paraná em primeiro plano

Desestatização?

Ações da Copel disparam após atitude do governo gerar especulação de privatização

fachada da Copel, em Curitiba
Central de operações da Copel, em Curitiba (Foto: Divulgação/Copel)

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As ações ordinárias da Companhia Paranaense de Energia (Copel) bateram alta de quase 10% e fecharam o pregão valorizadas em 8,9% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nesta terça-feira, 1º. O motivo da alta foi um “Fato Relevante” comunicado na última segunda-feira (31) ao mercado, informando que o Governo do Paraná, acionista majoritário da Companhia, solicitou ao Conselho de Controle das Empresas Estaduais (CCEE) “informações técnicas a fim de subsidiar modelo para potencial operação no mercado de capitais em que se otimize o investimento do Estado do Paraná na Copel”.

Sem dar nenhuma informação adicional, o comunicado levantou a possibilidade de que o governo estaria interessado em desfazer-se de parte ou de todas as suas ações da Companhia. Procurada pela coluna, a Copel informou que o assunto está sendo tratado exclusivamente pela Casa Civil do Governo do Estado. A Casa Civil, por sua vez, emitiu nota praticamente reafirmando o comunicado publicado na segunda-feira.

“O Governo do Estado do Paraná solicitou ao Conselho de Controle das Empresas Estatais – CCEE, informações técnicas para subsidiar modelo para potencial operação no mercado de capitais. A medida visa uma análise de alternativas na participação do Governo na Companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL, otimizando o investimento do Paraná e preservando, sob todas as hipóteses, a participação societária relevante do Estado. A adoção de eventual modelo estará sujeita a conclusão dos estudos técnicos e às demais aprovações de acordo com a lei e os regulamentos aplicáveis”, diz a nota, que destaca que o Estado manterá participação societária relevante na Copel, mas não garante que seja uma participação majoritária. Hoje, o Governo do Paraná detém 69,7% das ações ordinárias da Companhia.

O comunicado, na segunda-feira após o segundo turno da eleição presidencial, surpreendeu o mercado e, também, quem acompanha o dia a dia da Copel. A ausência de detalhes na informação aumentou as dúvidas e especulações acerca das intenções do Governo. “Não tem nenhuma informação sobre o que a Copel quer com esse comunicado. É um timing muito estranho, soltar isso logo após o segundo turno da eleição. O comunicado diz tudo, mas não diz nada. O governo pode estar querendo vender toda a sua parte na Copel, manter os 50,1% ou vender alguma subsidiária. Mas não deixou isso claro, gerando ainda mais especulação”, comentou o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), Leandro José Grassmann. “Acabamos de sair de um segundo turno conturbado, não sabemos o que vai acontecer no país daqui ao dia 1º de janeiro. Não parece o momento adequado para se discutir, se buscar investidores. Nem entrando no mérito se deve ou não vender, mas se for pra vender, que seja em um momento de estabilidade”, acrescentou.

O líder da oposição na Assembleia Legislativa, Arilson Chiorato (PT), afirmou que os deputados já requisitaram mais informações ao Governo e à Copel. “Sempre avisamos, desde o processo de mudança de operação da Bolsa de Valores, quando a Copel passou para aquele novo mercado, do nível 2 para o nível 3, que a Copel ia ser pautada mais pela Bovespa do que pela população paranaense, com a busca incessante pelo lucro para repasse ao acionista. Ela é a queridinha da Bolsa hoje, repassando 65% dos seus lucros. Vão fazer o mesmo projeto para agradar o mercado, deixando a energia mais cara a infraestrutura piorada, já que o lucro é repartido entre acionista e não gera mais investimentos. Vamos fazer os movimentos políticos e jurídicos, mas isso não necessita de aprovação da assembleia”, criticou. Para o deputado, o governo busca, com esse estudo, uma “desestatização a conta-gotas, pulverizando suas ações no mercado.”

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