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A desistência do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) de disputar a presidência da República em outubro, facilitando a aliança nacional entre PSDB e MDB, que tem a senadora Simone Tebet como pré-candidata, abre caminho para que, nos estados, o MDB retribua o apoio e abrace candidaturas tucanas. No Paraná, com o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) prestes a unir forças com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e Roberto Requião filiado ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva, a união nacional do “centro democrático”, como Simone Tebet gosta de chamar, poderia dar fôlego à pré-candidatura de Cesar Silvestri Filho (PSDB), que se apresenta como a “terceira via” no estado. Mas o MDB local já tem compromisso firmado com Ratinho Junior e tende a manter a aliança.
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“O MDB vai decidir em Convenção Estadual (em julho), mas o encaminhamento é para apoiar o governador Ratinho Junior. E queremos o Ratinho no palanque da Simone Tebet, futura presidente do Brasil”, afirmou o presidente estadual do partido, deputado estadual Anibelli Neto.
O próprio Cesar Silvestri disse à coluna não contar com uma adesão oficial do MDB a sua campanha. “É claro que [o apoio do PSDB a Tebet] abre uma possibilidade de um entendimento nacional para uma união dos partidos aqui no Paraná, para que a gente faça palanque para a Simone Tebet. Mas não alimento expectativas porque não é da tradição do MDB nacionalizar suas decisões. Eles costumam respeitar muito os arranjos locais. Como sei que já existe um entendimento avançado do MDB do Paraná com o governo, acredito que é o que vai acontecer aqui. Mas também sei que existem quadros históricos do MDB que vão querer estar no palanque de quem estiver com sua candidata a presidente. E, para esses, estamos de portas totalmente abertas”, avaliou.
Silvestri afirmou que a desistência de Doria não altera a estratégia do PSDB de lançá-lo candidato ao Governo do Estado, "pois é uma decisão local que o PSDB tomou para reconstruir o partido, reassumir o protagonismo no estado e pautar os temas que o partido quer que sejam debatidos em uma campanha". Ele citou, ainda, que a ausência de Doria pode, até, facilitar a construção de alianças locais para o PSDB, com partidos que resistiam a apoiar o presidenciável tucano, "como Podemos e, até o PDT, com quem temos conversado".
Sobre o apoio do PSDB do Paraná a Tebet, o ex-prefeito de Guarapuava condiciou à reciprocidade do MDB estadual. "Está nas mãos deles, vai depender de como o MDB local vai conduzir a construção deste palanque aqui".
O apoio do MDB daria à campanha de Silvestri um aumento considerável de estrutura. O tempo de cada candidato na propaganda eleitoral de rádio e televisão é distribuído de acordo com o tamanho das bancadas federais de cada partido. Enquanto o PSDB tem 22 deputados federais, o MDB tem 37, o que aumentaria consideravelmente a presença de Silvestri no horário eleitoral.
Nesta segunda-feira (23), em agenda em Cuiabá, Tebet comentou a situação dos palanques estaduais e disse que respeitará as decisões dos diretórios estaduais. “Dentro da democracia, teremos estados em que teremos palanques divididos e temos que respeitar essa regionalidade, especialmente no nosso partido. O MDB é um partido municipalista, é um partido regional. Sempre foi assim e não vai ser diferente dessa vez. Estou extremamente otimista, se não temos hoje a unaminidade, teremos, nas convenções, em julho, a unidade do nosso partido e do centro democrático”, disse. “O MDB sempre deu autonomia para seus diretórios regionais. Os diretórios regionais decidem a vida nos estados. Nós simplesmente homologamos e ratificamos as decisões de quem manda nos estados e municípios. Então, essa é uma responsabilidade deles”, prosseguiu.