O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), anunciou na manhã deste sábado (03) que, depois de 23 dias de lockdown, a capital paranaense sairá da bandeira vermelha, retornando para a bandeira laranja (com menor restrição do funcionamento do comércio e serviços) a partir de segunda-feira (05). Como a decisão foi anunciada na manhã de sábado, antes da consolidação dos dados epidemiológicos do dia, ela teve como base os números da pandemia na cidade na última sexta-feira (02), quando Curitiba tinha ocupação de 100% dos leitos de UTI habilitados para pacientes contaminados pelo coronavírus.
“Nós conquistamos, após 23 dias de severo isolamento social, o livramento dos serviços de saúde do sufoco de mais de 1500 casos por dia e a necessidade de termos cuidado em que não faltassem leitos de UTI e de leitos clínicos”, declarou Greca em vídeo divulgado para comunicar a reversão da bandeira.
No boletim epidemiológico da Prefeitura Municipal de Curitiba de sexta-feira, no entanto, a informação divulgada era de que 100% dos 507 leitos de UTI habilitados para Covid-19 na capital estavam ocupados. Ainda, de acordo com o portal “Transparência de Leitos SUS” da Secretaria de Estado da Saúde, havia, na sexta-feira, 154 pacientes aguardando uma vaga em UTI para internação na Central de Leitos Metropolitanos de Curitiba.
Quando o prefeito decretou a bandeira vermelha, em 12 de março, Curitiba tinha 465 leitos de UTI habilitados e 17 vagos – taxa de ocupação de 96%. Na última sexta-feira já eram 507 leitos habilitados e todos ocupados.
Outro número que ainda não baixou, apesar de a prefeitura já rever a bandeira, foi o de mortes. Em 12 março (também uma sexta-feira), Curitiba registrou 34 óbitos por Covid-19, na última sexta-feira, foram 36 óbitos. No material em que comunicou a mudança de bandeira, a Prefeitura de Curitiba publicou uma explicação de Diego Spinoza dos Santos, epidemiologista da SMS, que citou que o impacto das medidas restritivas no número de óbitos é sempre tardio, porque existe um tempo entre a contaminação e o agravamento da doença. “Então, aquele período com mais casos, no início da bandeira vermelha, ainda está impactando no número de mortes”, sustenta a prefeitura.
Os números que sustentam a decisão da administração municipal de retornar à bandeira laranja são os de novos casos diários (eram 1525 em 12 de março e foram 780 na última sexta-feira), casos ativos (12372 ante 10743) e a taxa de retransmissão do vírus, que reduziu de 1,4 para 0,7, o que indica redução nas novas contaminações.
No material da prefeitura, no entanto, não há menção às vagas de UTI e nem às filas de espera por um leito na cidade. Procurada pela coluna, a prefeitura afirmou que “a decisão foi tomada a partir da redução do número de casos e do índice de retransmissão, ao longo dos últimos 23 dias na bandeira vermelha. Qualquer mudança futura depende da avaliação das autoridades de saúde”.
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