Após vencer a disputa judicial e conseguir ter sua pesquisa para a prefeitura de Curitiba divulgada, na última quinta-feira (22), a diretora executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari avaliou, em entrevista à coluna, a situação da corrida eleitoral na capital paranaense, bem como as constantes impugnações de pesquisas ocorridas no estado.
“Toda vez que a gente divulga uma pesquisa, a gente acaba fazendo um papel de juiz e é comum, em algumas situações, os candidatos impugnarem, não querendo deixar publicar. Mas, no Paraná, é acima da média, já é uma característica do estado. Toda pesquisa que registramos, pelo menos um partido tenta barrar a divulgação na Justiça”, comenta, citando que são questionados detalhes técnicos que, por desconhecimento da metodologia, o juiz acaba concedendo a liminar até que o instituto esclareça o ponto de dúvida e a pesquisa seja liberada.
Para ela, essa constante impugnação de pesquisas acontece porque candidatos e partidos acham que a pesquisa influencia o resultado, mexendo com a intenção de voto o eleitor de forma negativa, “enquanto, na verdade é uma informação a mais no meio de tantas outras. Via de regra a gente não vê esse tipo de influência que eles supõem. Quantas vezes não vimos viradas de ultima hora e várias mudanças ao longo de um processo eleitoral?”
Cavallari afirma que uma pesquisa eleitoral perde a validade assim que divulgada, por ser um retrato do momento em que as entrevistas foram feitas e o quadro pode ser influenciado por qualquer fato novo depois da coleta dos dados. “Eles alegam que a pesquisa indica vencedores, candidatos viáveis, influencia o ‘voto útil’. A pesquisa não tem esse poder. A informação, é claro, pode ser usada, mas o eleitor vai escolhendo o candidato de acordo com o que vê na campanha, no horário eleitoral, na cobertura da mídia, nos debates, nas conversas com outras pessoas. A pesquisa é perecível, só vale para aquele momento. A opinião pública é dinâmica e vai recebendo influência de tudo o que acontece”.
Greca em situação confortável
A diretora do Ibope vê como natural o que chamou de acomodação nas intenções de voto entre as duas primeiras pesquisas divulgadas em Curitiba: a de 04 de outubro e a da última quinta-feira, em que Rafael Greca (DEM) permanece folgado na liderança, mas as intenções de voto da soma de seus adversários cresceu oito pontos percentuais. “Na primeira pesquisa, logo após oficialização das candidaturas, o eleitor ainda não conhece os candidatos. Na estimulada, ao olhar o disco com o nome de todos eles, é natural que escolha o nome que ele lembra, o candidato que conhece. Nesta segunda pesquisa, após o início do horário eleitoral, as pessoas já conhecem mais candidatos, é normal essa movimentação. Mas o que temos visto de maneira geral, em todo o país é que prefeitos bem avaliados estão com intenção de voto alta e chance de ganhar em primeiro turno”, diz. “Rafael Greca segue em uma situação ainda bastante confortável, temos que acompanhar se se mantém até o final da campanha, pois a eleição municipal é a que muda mais rapidamente. O universo de eleitores que precisa ser atingido para provocar uma mudança é menor, o quadro pode mudar do dia para a noite, com um único fato”, acrescenta.
Márcia Cavallari aponta que os adversários de Greca devem prestar atenção ao número de indecisos na pesquisa espontânea, que indica eleitores que ainda não decidiram seu voto ou nem estão por dentro do processo eleitoral no momento (na pesquisa da última quinta-feira, são 33% dos eleitores nesta situação). “O eleitor que indica sue voto já na espontânea é o que realmente já sabe em quem vai votar. A tendência é, que conforme for se aproximando a data das eleições, os números da espontânea e da estimulada fiquem semelhantes. Quanto mais próximo estiverem esses números, menos espaço para mudança. Por enquanto, ainda há muito eleitor a ser conquistado”, diz.
De toda forma, a diretora do Ibope vê, em todo o pais, um quadro bem mais previsível que em 2018. “O que estamos vendo é que o processo decisório do eleitor está mais pragmático, buscando candidato que conhece bem os problemas da cidade e que apresenta soluções mais factíveis. Há menos espaço para voto ideológico e, também, para o não à política, que marcou as grandes viradas das eleições de 2018”, conclui.
- A pesquisa do Ibope, encomendada pela RPC TV, ouviu 805 eleitores de Curitiba entre 20 e 22 de outubro. O nível de confiança do levantamento é de 95% e a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o número PR-01535/2020. A pesquisa de 6 de outubro, também encomendada pela RPC, ouviu 602 eleitores de Curitiba entre os dias 4 e 5 de outubro de 2020. O nível de confiança do levantamento é de 95%, e a margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob a identificação PR - 08260/2020.
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