Deltan Dallagnol vai ser representante único do Podemos do Paraná na Câmara.| Foto: Fernando de Jesus, especial para a Gazeta do Povo
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Deltan Dallagnol era a grande aposta do Podemos do Paraná como puxador de votos para a eleição para deputado federal. A aposta foi acertada, o ex-procurador chefe da Operação Lava Jato foi o candidato mais votado no estado, com quase 345 mil votos, mas a estratégia foi errada. Sem outros nomes fortes na chapa, nenhum outro candidato do partido superou a barreira de 10% do quociente eleitoral e, assim, o Podemos não elegeu mais nenhum deputado federal.

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Com 8,038 milhões de votos válidos na eleição para deputado federal, o quociente eleitoral foi de 201 mil votos. Assim, a cada 201 mil votos para a soma dos candidatos do partido, a legenda garantiria uma vaga na Câmara. Apenas quatro candidatos atingiram essa marca sozinhos: (o próprio Deltan, Gleisi Hoffmann, do PT; Filipe Barros, do PL; e Beto Preto, do PSD). Todos os outros 36 eleitos precisaram da ajuda de outros candidatos de seus partidos.

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O Podemos recebeu, ao todo, 430 mil votos, o que lhe daria direito a duas cadeiras na Câmara. Mas nenhum outro candidato do partido superou a chamada cláusula de barreira. Segundo ela, o candidato teria que ter votação de pelo menos 10% do quociente eleitoral (no caso deste pleito, 20,1 mil votos) para poder ser considerado elegível. O segundo candidato mais votado do Podemos foi o ex-deputado Luiz Carlos Hauly, que recebeu 11.925 votos, pouco mais da metade do mínimo necessário para almejar um assento na Casa.

Na eleição para deputado estadual, por exemplo, o partido de Deltan não teve nenhum “campeão de votos” e, mesmo assim, elegeu dois parlamentares. A eleição teve 6,004 milhões de votos válidos e o quociente eleitoral foi de 111.200 votos para cada uma das 54 cadeiras na Assembleia. O Podemos recebeu 201,7 mil votos, garantindo uma cadeira no parlamento com Fabio de Oliveira (34,6 mil votos). O partido ainda recebeu uma vaga extra na divisão das sobras, que ficou com Denian Couto (30 mil votos). A primeira suplente do partido na Assembleia, Carol Arns, teve 22,2 mil votos, votação que seria suficiente para assumir uma vaga na Câmara, caso tivesse disputado a eleição para deputada federal.

A cláusula de barreira de 10% do quociente eleitoral foi introduzida à Legislação eleitoral em 2015, após o chamado “efeito Tiririca”. Na eleição de 2014, o comediante recebeu mais de 1 milhão de votos e “carregou” para a Câmara dos Deputados outros cinco parlamentares com votação inexpressiva.

"Candidatos realmente viáveis não quiseram compor a chapa de deputado federal temendo perder votos para Deltan e, também, por conta do risco de inelegibilidade do Deltan", contou, à coluna, um integrante do partido. "Além disso, nomes importantes, como Rubens Bueno (Cidadania) e Gustavo Fruet (PDT) chegaram a negociar com o partido para disputarem a eleição para federal pelo Podemos, mas acabaram não vindo por conta do fundo eleitoral", revelou. Bueno (42,3 mil votos) e Fruet (47,5 mil) não foram eleitos por suas legendas e, com essa mesma votação, estariam eleitos pelo Podemos.