Curitiba chega nesta sexta-feira, dia de revisão dos índices para possível troca de bandeira em relação ao estado de risco perante a pandemia de Covid-19, com apenas 13 leitos de UTI adulto disponíveis entre os 344 habilitados na cidade para receber pacientes contaminados pelo coronavírus – uma ocupação de 96% dos leitos. Como, qualquer alteração na bandeira, visando diminuir a circulação de pessoas, a ocorrência de aglomerações e, por consequência frear a retransmissão do vírus só impactará em redução no número de novos casos dentro de 14 dias, o colapso no sistema de saúde é iminente, na visão do infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, do serviço de Epidemiologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, que estuda a taxa de retransmissão do vírus.
“Estamos com o Rt (taxa de retransmissão) em 1,4, o que quer dizer que o número de novos casos cresce 40% a cada cinco dias. Nesta tendência, os recordes diários que temos registrado (na última quinta-feira foram 1604 novos casos) podem mais que dobrar nas próximas duas semanas. E qualquer medida que for tomada hoje vai levar duas semanas para impactar no número de casos, três a quatro semanas, no de internamentos e mais que um mês no número de óbitos. Nas próximas duas semanas, teremos uma avalanche de casos e de internamentos. Com mais de 95% da taxa de ocupação, se o poder público não abrir leitos na mesma velocidade com que o vírus está se propagando, as condições para o colapso estão postas”, analisa.
O infectologista vê a troca da bandeira como fundamental para a tentativa de controle da taxa de retransmissão do vírus. “Além da abertura de novos leitos a outra medida urgente para se evitar o colapso é controlar o Rt e, do ponto de vista epidemiológico, a única forma de controlar é reduzindo a mobilidade, o que reduz as interações sociais. O ideal é que isso ocorresse de forma espontânea, por compreensão da sociedade, mas isso não teve êxito em nenhum lugar do mundo, então, não há outra alternativa a não ser medidas restritivas para forçar essa redução de mobilidade. Infelizmente, são medidas que afetam a economia da cidade e que desagradam muita gente, mas, pior do que isso é o colapso do sistema de saúde, quando pessoas passarão a morrer sem sequer ter recebido atendimento médico por falta de vagas”.
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