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Roger Pereira

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A política do Paraná em primeiro plano

Contrato não renovado

Assembleia rompe com TV Icaraí, empresa citada no acordo de leniência da J. Malucelli

Assembleia não renova contrato com TV Icaraí, citada em delação da J. Malucelli
Sessão plenária remota da Assembleia Legislativa. (Foto: Dálie Felberg/Alep)

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Desde o dia 18, as transmissões ao vivo e a programação da TV Assembleia não são mais responsabilidade da TV Icaraí, empresa que vinha prestando o serviço nos últimos oito anos, após ter vencido duas licitações para os contratos de televisão do legislativo estadual. O contrato inicial de 30 meses da última licitação venceu nesta data e, ao contrário do ocorrido nas outras licitações, a opção de renovação automática por mais 30 meses não foi exercida pela Assembleia.

A Diretoria de Comunicação da Casa alegou que o desinteresse na continuidade do contrato é devido à necessidade de adequação tecnológica para atender a uma nova parceria com a TV Senado para transmissão em canal aberto 24 horas por dia. A TV Icaraí diz ter totais condições de atender às novas exigências, das quais já havia sido comunicada e estava se preparando para adequar os serviços. Nos bastidores, relaciona-se a não renovação do contrato à presença da TV Icaraí no Acordo de Leniência do Grupo J. Malucelli com o Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual.

A TV Icaraí alega que vinha trabalhando normalmente e já preparando a ampliação da grade de programação de 15 horas diárias para 24 horas, por conta da exigência da parceria com a TV Senado quando recebeu ofício, no dia 9, oito dias antes do término do contrato, informando a decisão da Assembleia Legislativa de não renovar o serviço. Sem detalhar as motivações, o ofício só afirmava que as transmissões seriam interrompidas em 17 de novembro e solicitava que a TV apresentasse “cronograma de desmobilização de todos os bens patrimoniais localizados na Alep” e “disponibilização de todas as mídias produzidas, informando, inclusive, a forma e volume”.

A TV Icaraí respondeu ao ofício, pedindo a revisão da decisão e alegando, também, não haver tempo suficiente para a desmobilização de toda a estrutura e disponibilização de todo o conteúdo já produzido. A empresa alegou que a renovação automática vinha sendo exercida como praxe no contrato da TV Assembleia, visando a manutenção da qualidade do serviço prestado e o menor custo aos cofres públicos. Citou não haver nenhuma sinalização de rompimento até a data do ofício, e que, por isso, mantinha os investimentos em equipamentos e pessoal para a sequência do contrato. A TV Icaraí citou que a decisão surpreende por não haver um novo edital para a licitação do serviço previsto, o que indicaria, então que, com o término e não renovação do contrato, o serviço essencial para a transparência e o interesse público deixaria de ser prestado. A empresa ainda pediu especial atenção à situação dos 42 funcionários da TV Assembleia, que seriam dispensados sem justa causa de forma abrupta.

A procuradoria-geral da Assembleia, então, emitiu, no dia 17, último dia de vigência do contrato, parecer pela sua não renovação. A procuradoria entendeu que uma das causas para a não renovação do contrato é o interesse das partes e considerou que a manifestação da Diretoria de Comunicação, contida no parecer, era suficiente para a decisão. Na manifestação , a diretoria afirmou: “Em relação ao processo em epígrafe, venho informar que não há interesse na renovação do contrato da empresa Televisão Icaraí Ltda, que finda em novembro do ano corrente. A Assembleia Legislativa firmou um acordo de cooperação técnica (0073017) com o Senado Federal, que através da TV Senado, disponibilizou para o Legislativo um canal aberto de televisão (canal virtual 10.2), bem como os equipamentos técnicos necessários para a transmissão do sinal digital da TV Assembleia para Curitiba e região metropolitana”. Segundo a Diretoria de Comunicação, “o canal cedido pelo Senado exige 24 horas de programação diária e faz-se necessário criar um novo modelo de produção e transmissão do conteúdo das atividades parlamentares, de forma ininterrupta, para que seja seguido o plano de trabalho que será assinado entre o Senado e a Assembleia Legislativa do Paraná. Entretanto, o atual contrato vigente com a TV Icaraí abrange um período diário de 15 horas de prestação de serviços, e não atende as especificidades das novas demandas de expansão do sistema de comunicação da Assembleia Legislativa, que contribuem para ampliar a transparência dos atos legislativos”.

A TV Icaraí recorreu à Justiça, apresentando alegações semelhantes ao contido no ofício à Assembleia, mas, desde o dia 18, não é mais a prestadora de serviços da TV Assembleia. Procurada pela coluna, a comunicação da Assembleia Legislativa informou que “o contrato da Assembleia Legislativa do Paraná com a TV Icaraí Ltda, que tinha vigência de 30 meses, acabou no dia 17 de novembro. No momento, não há novo contrato em execução. A programação continua no ar, inclusive com transmissões ao vivo. Serviço que está sendo feito por funcionários da própria Assembleia. As novas formas de comunicação e produção de conteúdo impostas pela pandemia motivaram a direção da Casa a buscar por novas tecnologias, dentro de um novo modelo de comunicação em implementação”.

TV Icaraí está entre as empresas da J. Malucelli que assinaram acordo de leniência

O Grupo J. Malucelli assinou, em agosto, acordo de leniência com o Ministério Público Federal e com o Ministério Público do Estado nos âmbitos das operações Lava Jato, Sépsis, Piloto, Integração e Rádio Patrulha, prevendo o pagamento de R$ 100 milhões em multas e reparação de danos. Foram envolvidas no acordo as empresas, e seus executivos, Cia Paranaense de Construção S/A, MLR Locações de Máquinas S/A e Televisão Icaraí Ltda, que admitiram e se comprometeram a detalhar a prática de atos de corrupção e improbidade administrativa, entre outros.

A presença da TV Icaraí entre as empresas lenientes chamou a atenção porque a empresa não foi citada em nenhuma das investigações nas operações em que a J. Malucelli foi envolvida. O único contrato público da TV Icaraí é o de prestação de serviço de produção de conteúdo e transmissão ao vivo da Assembleia Legislativa do Paraná. O acordo, no entanto, segue em segredo de Justiça e não foi revelada nenhuma nova frente de investigação referente ao contrato da TV Icaraí com a Assembleia Legislativa.

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