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O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) anunciou, nesta quarta-feira (27), a troca do comando da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). O coronel do Exército Romulo Marinho, que estava no cargo desde 2019, foi substituído pelo delegado da Polícia Federal Wagner Mesquita, que estava na direção-geral do Detran-PR. Mesquita já foi secretário de Segurança durante o governo Beto Richa (PSDB).
Marinho cai após pressão política e das próprias forças de segurança por conta da condução do caso da tentativa de assalto a uma transportadora de valores em Guarapuava, quando a cidade foi sitiada por bandidos e o Batalhão da Polícia Militar atacado. A Secretaria de Segurança e o comando da Polícia Militar (PM) anunciaram que o crime foi frustrado porque a corporação teria executado um plano de contingência a partir da informação do Serviço de Inteligência de que o estado seria alvo novamente do novo cangaço. Nesta modalidade de crime, bandos criminosos atuam fortemente armados, atacando a polícia para neutralizar as forças de segurança e fazendo a população de refém para assaltar bancos e empresas com grandes movimentações financeira.
Entretanto, os próprios PMs de Guarapuava que atuaram no confronto com os assaltantes afirmaram desconhecer tal plano, gerando uma crise institucional. Em nota, policiais de Guarapuava afirmaram que a contenção não foi resultado do plano de contingência anunciado pelo secretário coronel Marinho, mas sim da organização espontânea dos própios policiais que estavam de plantão. "Todas as ações realizadas no primeiro momento foram fruto da organização espontânea dos policiais e não do planejamento prévio como foi noticiado", aponta nota dos praças (militares das patentes de soldado, cabo e sargento) do 16º Batalhão de Guarapuava, que foi encampada pela Associação dos Praças do Estado do Paraná (Apra).
Paralelamente, a bancada de oposição na Assembleia Legislativa e os deputados ligados às forças policiais tentaram retomar o requerimento de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Segurança Pública. A CPI estava engavetada na Assembleia por só ter reunido 12 assinaturas, enquanto são necessários 18 deputados requerentes para a abertura. Na manhã de terça-feira, o requerimento chegou a ter 17 assinaturas, levando o Palácio Iguaçu a realizar uma reunião às pressas para tentar conter a CPI em ano eleitoral. A troca de comando na Sesp seria, também, resposta a deputados da base do governo que, por serem da área de segurança, estavam apoiando a CPI.
Ao exonerar Marinho, Ratinho Junior destacou que o ex-secretário deixa a pasta após ter iniciado um plano de modernização de R$ 2 bilhões, que contou com a retomada da construção de presídios, entrega de equipamentos (viaturas, armas e coletes), modernização das carreiras das forças de segurança, implementação do Departamento de Polícia Penal e retirada definitiva dos presos do Paraná da administração da Polícia Civil, encerrando desvio de função que se arrastava há anos.
“A Secretaria também acumula bons índices de redução de crimes, principalmente roubos e mortes violentas, e foi fundamental para a execução do planejamento estadual de combate à pandemia do coronavírus e da crise hídrica, colaborando, de maneira pró-ativa, para salvar inúmeras vidas”, diz a nota do governo.
O novo secretário assume a pasta nesta semana. Na primeira passagem na Sesp, Wagner Mesquita deixou o comando da pasta após o episódio em que a família de um rapaz assassinado em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, aguardou 13 horas para que o Instituto Médico Legal (IML) recolhesse o corpo.
No lugar de Mesquista no Detramn-PR assume Adriano Furtado, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ex-superintendente da corporação no Paraná. Ele era diretor de Operações do Detran.