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Curitiba vai comprar a vacina chinesa Coronavac caso o imunizante for aprovado pelas autoridades sanitárias e não estiver disponibilizado pelo governo federal. Para isso, segundo a secretária de Saúde, Márcia Huçulak, o município vai fazer valer o protocolo de intenções que tem com o Instituto Butantan, de São Paulo, parceiro da indústria chinesa para fabricação da vacina no Brasil.
A secretária não vê, nesta intenção do prefeito, uma divergência política com o governo federal e mesmo o estadual, que não procurou adquirir doses da vacina para dar respaldo ao Plano Nacional. “As conversas com o Ministério da Saúde e com a Secretaria de Estado seguem muito boas, mas a atitude do prefeito serviu para provocar uma desacomodação de todas as esferas de governo. O movimento do prefeito provocou uma reunião dos governadores com o ministro e daí saiu essa manifestação sobre o plano nacional. Agora o ministério veio a público dizer que vai ter vacina. Que bom, é o que queremos. De onde vem, não interessa”, disse.
A secretária disse ainda acreditar no que ela classifica de “cenário ideal”: que o governo federal solicite as doses de Coronavac, inclua no Plano Nacional, junto com todas as outras vacinas que vier a adquirir, e distribua equanimemente para todo o território nacional. “Se isso não acontecer, nós compramos a Coronavac”, disse, citando que a Coronavac tanto poderá ser utilizada para iniciar a vacinação dos profissionais de saúde na cidade, caso o governo federal demore a lançar o plano nacional, ou ser incorporada para ampliar o número de vacinados em Curitiba, caso a vacina chinesa não seja incluída no plano nacional. “Se a gente conseguir imunizar os grupos de risco, vamos reduzir drasticamente a mortalidade e a sociedade poderá respirar e retomar as atividades com mais segurança. Precisamos garantir todos os profissionais de saúde vacinados e toda a população acima de 60 anos. Se a gente conseguisse isso neste ano, e estamos falando de 300 mil pessoas com mais de 60 anos na cidade, seria um ganho imensurável. Para depois irmos gradativamente aos outros grupos. Queremos vacina, seja chinesa, seja russa, seja americana, seja britânica, desde que estejam aprovadas. E todos esses países que estão vacinando não estariam fazendo se não houvesse garantias”, concluiu.
Curitiba está pronta para iniciar imunização
O prefeito Rafael Greca (DEM) afirmou, em seu discurso de posse, na última sexta-feira (1º) que sua missão para o ano de 2021 é imunizar a população curitibana contra o coronavírus. Lamentando que, para isso, ele dependa de outras esferas de governo, o prefeito disse ter esperança de que a vacinação comece ainda em janeiro e de que a cidade chegue à Páscoa (4 de abril) com 200 mil curitibanos vacinados. Se não produz a vacina e depende de outras esferas, a cidade precisa garantir estrutura logística e de pessoal para iniciar a vacinação. A secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, afirmou que Curitiba já está pronta e poderia iniciar a vacinação imediatamente.
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“O SUS tem uma história de sucesso com a vacinação. Nosso programa nacional de imunização é reconhecido internacionalmente. Nenhum país vacina tanto quanto o Brasil, com um programa de vacinas gratuitas e um calendário anual de vacinas. Erradicamos a poliomielite, já tínhamos praticamente erradicado o sarampo, que voltou, agora, por falta das pessoas vacinarem e não por falta de vacina. Então, temos uma logística em Curitiba, pronta para essa vacinação. No ano passado, fizemos mais de 2,2 milhões de doses de vacina, de todo o tipo", disse a secretária.
"Nossas unidades têm rede de frio, com geladeiras de alta qualificação para a manutenção das vacinas que requerem refrigeração; temos equipe treinada; temos um bom estoque de seringas e estamos fazendo mais aquisições; virá também por aquisição do governo do estado. Essa estrutura está dada. O que falta é o insumo básico mais importante para o processo, que é a vacina em si. É disso que nós precisamos e o prefeito tem trabalhado muito fortemente para que o governo federal seja mais ágil”, prosseguiu.
De acordo com o Plano Nacional de Imunização, na primeira fase de vacinação contra o coronavírus serão vacinados os profissionais de saúde. Segundo a prefeitura, na capital paranaense, 55 mil pessoas receberiam as duas doses da vacina nesta fase. “Se tivermos as cerca de 115 mil doses (considerando uma perda natural), para garantir as duas aplicações a essa população, podemos começar a aplicar a fase 1 imediatamente. Mas não fabricamos vacina, dependemos, basicamente, do governo federal, que tem demorado a nos dar respostas sobre quando, quanto e qual vacina disponibilizará. O governo federal pode até já ter sua programação no plano, mas demorou a dizer. A gente precisa ouvir, precisamos de uma perspectiva. Estamos confiando nas declarações do ministro da saúde, de que deveremos começar a vacinar no final de janeiro ou início de fevereiro, e estamos preparados. Na hora que chegar, estamos prontos”, afirmou.