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Um saco de dinheiro sumiu do guarda-roupas do ex-secretário de Serviços Públicos de Maringá Vagner de Oliveira, em julho deste ano. Mas o caso só chegou à polícia no dia 29 de outubro, quando a ex-empregada doméstica de Oliveira, Ana Patrícia Uchoa Moreira, procurou a Delegacia da Mulher de Maringá para registrar ameaças que vinha sofrendo do ex-secretário e teve concedida uma medida protetiva impedindo que Vagner fique a menos de 200 metros dela.
Moreira levou à delegacia impressões de conversas de whatsapp e áudios enviados por Oliveira em que o ex-secretário acusa a doméstica de furto e faz ameaças a ela e a seus familiares caso o dinheiro não fosse devolvido. Em uma das trocas de áudio, após Ana Patrícia negar o furto e sugerir que Oliveira procure a polícia, o ex-secretário responde: “Delegacia não, filha. A delegacia será a última instância. Primeiro eu vou mandar pegar alguém da sua família e, depois, vou cortar todos os seus dedos. Aí você vai na delegacia e eu vou mostrar o porquê que foi feito. Você vai enterrar alguém da sua família e vai ficar sem os dedos da sua mão”.
Em outro áudio, Vagner Oliveira diz que o dinheiro (o montante não foi revelado, mas o ex-secretário fala que, apesar de ser suficiente para ela viajar e resolver os problemas das filhas, o dinheiro não tornaria a empregada rica) não pertencia a ele. “Você não sabe de quem é isso aí. Eu vou me prejudicar muito por ter perdido esse dinheiro, vão me matar. Mas eu não vou me f... sozinho, você vai comigo”, disse.
Vagner Oliveira deixou a administração municipal em janeiro deste ano. Na ocasião, noticiou-se que ele assumiria a coordenação da pré-campanha de reeleição do prefeito Ulisses Maia (PSD). A coordenação da campanha do prefeito afirmou, em nota, que Vagner Oliveira não trabalha na campanha. A prefeitura de Maringá também não comentou o caso, alegando tratar-se de um problema particular de uma pessoa que não está mais na administração pública.
Adversários de Ulisses Maia nas eleições de 15 de novembro, no entanto, foram rápidos em registrar os vínculos do ex-secretário com a candidatura à reeleição do prefeito, divulgando fotos de Oliveira em atos de campanha, mensagens enviadas pelo ex-secretário apresentando-se como coordenador da campanha de Maia. Há, ainda, na prestação de contas da candidatura, o registro do pagamento de R$ 1.045,00 por serviços prestados por Oliveira.
O que diz o ex-secretário
Ressaltando que não trabalha na campanha de Ulisses Maia, Vagner Oliveira disse à coluna que se trata de um caso pessoal. “Esse caso é pessoal, ocorrido muito tempo depois de eu ter deixado a Prefeitura. Fui vítima de um furto e o caso está sendo apurado pela polícia”, afirmou. Ele também encaminhou cópia de seu depoimento em termo circunstanciado de infração penal do qual foi notificado pelo 3º Distrito Policial de Maringá pelos crimes de calúnia e ameaça.
“Relata o declarante que confirma a contratação da pessoa Ana Patrícia para a limpeza de sua residência, e que havia guardado um valor de cerca de R$ 5.000,00, equivalente ao seu salario, no interior de um guarda-roupa da casa. O declarante afirma que, em momento de nervoso, acabou enviando mensagens para a diarista. O declarante afirma que entrou em contato com um dos vizinhos para verificar as câmeras de segurança, mas não conseguiu visualizar nenhuma imagem que incriminasse a diarista. Por fim, o declarante afirma que, além de Ana Patricia, a única pessoa que entrou no local foi um rapaz para instalar uma cortina, mas o declarante acompanhou seu trabalho e que não houve arrombamento no local”.