Quando o ex-governador e ex-senador Roberto Requião aceitou a missão de filiar-se ao PT para disputar o Governo do Paraná garantindo um palanque fiel e viável ao então pré-candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva muitos aliados davam como certo que, como contrapartida, Requião teria um cargo importante num eventual governo Lula. Esse cargo, apostavam, seria a o de diretor-geral da Itaipu Binacional, uma estatal localizada no Paraná, com orçamento maior que o de muitos ministérios e estratégia para o país (é a principal geradora de energia nacional) e para o Paraná, pois financia o turismo, programas sociais e ambientais e diversas obras de infraestrutura no estado. O nome de Requião, no entanto, vem sofrendo resistência, o que levou outros nomes do PT paranaense a reivindicarem o cargo.
Prefeitos da região Oeste do Paraná, que recebem royalties anuais de Itaipu e obras de infraestrutura bancadas pela binacional estão entre os que temem a nomeação de Requião. Eles acreditam que a péssima relação entre Requião e o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), que derrotou o ex-governador na eleição estadual, possa prejudicar investimentos da usina no estado. Há, também, no Palácio Iguaçu, essa preocupação. Duas das principais obras de infraestrutura do estado no primeiro mandato de Ratinho Junior foram custeadas por Itaipu: a segunda ponte para o Paraguai e a duplicação da Rodovia das Cataratas, em Foz do Iguaçu.
Duas decisões do irmão de Requião, Maurício Requião, no Tribunal de Contas do Estado, onde acabou de assumir o cargo de conselheiro, são usadas como justificativa desta preocupação. Em decisões monocráticas, o conselheiro suspendeu a obra de construção da Ponte de Guaratuba, no litoral do estado, e uma licitação do Detran para a administração de pátios, decisões que o governo vem classificando como políticas.
Mas nomes históricos do PT paranaense também passaram a questionar a possível indicação de Requião e indicar pessoas mais próximas para o cargo. É o caso da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que sugeriu o nome do presidente estadual do partido, Arilson Chiorato, seu afilhado político, para o cargo. O ex-marido de Gleisi e ex-ministro do planejamento de Lula, Paulo Bernardo também estaria disputando a vaga, assim como o deputado federal Zeca Dirceu (PT), filho do ex-ministro José Dirceu.
Com poucas chances de prosperar, o MDB sugeriu o ex-governador Orlando Pessuti para o posto. Seria uma forma de Lula abrigar mais um nome emedebista em seu governo e, ao mesmo tempo, fazer uma sinalização de reaproximação a Ratinho Junior, já que o MDB apoiou a reeleição do governador do Paraná. Mas como o MDB Paranaense não seguiu Simone Tebet no apoio a Lula no segundo turno, liberando seus filiados, essa construção seria bem mais difícil.
Além de administrar um orçamento de quase R$ 4 bilhões, grande parte livre para investimentos, o novo diretor-geral de Itaipu terá papel decisivo nos rumos da binacional porque, em 2023, a dívida do financiamento da construção da usina estará quitada, o que permitirá à Binacional realizar mais investimentos ou, até, reduzir a tarifa da energia gerada. Além disso, também em 2023, encerra-se o tratado de 50 anos entre Brasil e Paraguai. O tratado garante a compra, pelo Brasil, da produção de energia de direito do Paraguai, mas não utilizada pelo país vizinho. Se não for renovado, o Paraguai poderá, por exemplo, vender seu excedente no mercado livre de energia.
Esse cenário faz com que a indicação do novo diretor-geral de Itaipu seja acompanhada de perto pelo Governo do Paraná e pelos prefeitos dos 15 municípios afetados pelo reservatório da hidrelétrica.
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