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Roger Pereira

Roger Pereira

A política do Paraná em primeiro plano

Entrevista exclusiva

Eduardo Pimentel explica como agiu para unir Greca e Ratinho Junior

Eduardo Pimentel
O vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD). (Foto: Michel Willian/ Arquivo/ Gazeta do Povo)

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Em 2016, Eduardo Pimentel (PSD) foi o nome indicado pelo então governador Beto Richa para representar o PSDB na chapa que fez Rafael Greca, então no nanico PMN, construir a maior aliança e vencer as eleições para prefeito de Curitiba. Em 2020, sua movimentação política garantiu o apoio do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) à candidatura de reeleição de Greca (agora no DEM) e, de quebra, acabou tirando da disputa o segundo colocado nas últimas eleições e nome que despontava nas pesquisas pré-eleitorais como potencial principal adversário do prefeito, Ney Leprevost.

Neto do ex-governador Paulo Pimentel, Eduardo disputa a reeleição como vice-prefeito da capital sendo o principal articulador da relação entre prefeitura e governo do estado e despontando como um nome importante da política local. Em entrevista à coluna, o vice-prefeito diz ter trocado o PSDB pelo PSD sem garantia nenhuma de que conseguiria colocar o partido do governador ao lado de Greca e repetir a chapa nesta eleição, mas afirma que assumiu o risco, pela consolidação de seu grupo político como principal força do estado.

Rafael Greca foi candidato a prefeito em 2012, pelo PMDB e, com toda a estrutura do PMDB, fez apenas 10,5% dos votos, terminando em quarto lugar. Em 2016, ele aparece candidato pelo PMN, partido pequeno, que sequer passou na cláusula de barreira em 2018, mas consegue uma grande aliança que o leva a vitória. Muito graças ao apoio do governador Beto Richa (PSDB), que foi personificado na sua indicação a vice. Como se deu essa construção?

O prefeito demonstrou, naquela campanha, o cuidado que Curitiba precisava ter novamente. Trazendo a boa lembrança da gestão passada dele e a volta do orgulho de ser curitibano. Greca fez uma campanha alegre, animada e foi crescendo. Eu, que trabalhava no governo, na época, fui indicado para a vice por uma frente de partidos. Sou curitibano de nascença, sempre morei aqui, já tinha sido candidato a deputado em 2010. E meu nome foi escolhido numa composição entre PSDB, PSB e DEM, com uma frente grande de candidatos a vereador, que incorporou na candidatura majoritária do Rafael Greca.

Foram mais de 10 anos dentro do PSDB, até a troca pelo PSD neste ano. Como era sua relação com o PSDB e com o ex-governador Beto Richa, que foi uma pessoa que investiu politicamente no seu nome, o levou para dentro do governo, o fez candidato a vice-prefeito? E por que a troca de partido agora?

Sempre fui muito bem tratado dentro do governo e dentro do PSDB, tenho bons amigos, sou grato à oportunidade que me deram. Como vice-prefeito, pautei minha trajetória em ser um vice atuante. Fui secretário de obras por dois anos, montamos uma bela equipe técnica e pudemos retomar todas as obras que estavam paradas e dar início a esse grande pacote de revitalização que a cidade viu. Na época, como secretário, fui ao governo do estado e conseguimos bons recursos para as obras na cidade. E é isso que defendo, que a prefeitura tenha uma ótima relação com o governo do estado. E, por ter uma relação muito boa com o governador Ratinho Junior, até de amizade mesmo, eu quis estar ao lado dele. Tomei uma decisão muito difícil no início do ano, que foi a troca de partido, mas foi uma decisão da qual eu estava convicto, pois eu queria estar próximo ao governador. É um governo que está indo muito bem, tem bandeiras muito importantes para o estado e tomei essa decisão para defender justamente aquilo que eu já defendia em 2016: que é o alinhamento político: a paz política que foi construída. E assim, a gente consegue os investimentos necessários com muito mais tranquilidade e menos burocracia. Essa é a linha que eu quero continuar atuando. Respeito ao PSDB que contribuiu muito para o crescimento do Brasil, mas eu achei que era hora de seguir em frente.

E como vê o que acabou acontecendo com a carreira política de Beto Richa?

Sempre tive uma ótima relação com ele, como com todos os secretários e todos os deputados. Sempre nos demos muito bem. Torço para que ele resolva suas pendências no foro que precisa ser resolvido. Mas sempre fui muito bem tratado por ele, tanto quando estava no governo, como quando vice-prefeito e secretário de obras. Reforço: trouxemos dinheiro para as obras necessárias na cidade, fruto desta boa relação. E é isso quero continuar defendendo.

Mas, enquanto no PSDB seu nome ganharia força, com a necessidade de renovação do partido e o enfraquecimento das lideranças mais antigas, no PSD você tem uma grande concorrência interna, não?

Mas isso prova que meu movimento foi muito mais institucional que pessoal. Política se faz em grupo e o que eu fiz foi muito mais que pensando na minha caminhada, pensando na caminhada do grupo. Penso que o PSD seguirá se fortalecendo dentro do estado e eu tenho o papel de fortalecer essa relação com o prefeito da capital. Minha relação com ele sempre foi muito boa, de muito respeito. Sempre comuniquei ele das minhas decisões políticas e ele sempre apoiou. E, agora, estamos todos no mesmo barco, mantendo a parceria e essa tranquilidade. Pessoalmente, agora, tenho que me construir dentro do PSD. Tem grandes lideranças, que respeito todas, mas vou construir internamente, buscar meu espaço e mostrar para o partido que sou, e quero ser mais ainda, peça importante no desenvolvimento de Curitiba.

Sua troca de partido ocorreu em abril e, até setembro, Ney Leprevost era pré-candidato pelo PSD. Você tinha alguma garantia de que conseguiria ser candidato a vice pelo PSD?

Não, foi uma tacada arriscada. Fiz o movimento sem nenhum acerto prévio. O governador foi muito ético. Deixou muito claro, tanto para mim quanto para o deputado Ney Leprevost, que ele não interferiria nas nossas movimentações, não determinaria nenhuma situação antecipadamente e que as construções da aliança ou da candidatura própria dependeriam do quadro político no momento certo e das articulações até lá. Com muito respeito ao Ney e sabendo do risco que eu corria de não ser candidato a vice caso se viabilizasse a candidatura dele, eu vim trabalhando, mostrando a tese de que para Curitiba era bom a paz política, que a pandemia mostrou que a boa relação entre estado e prefeitura foi fundamental para o enfrentamento da pandemia. Fui mostrando que o melhor caminho era manter essa parceria. No final, o governador fez o pedido ao deputado Ney, que teve uma sensibilidade muito grande em aceitar o pedido e está sendo um ótimo secretário.

E como foi a construção interna, dentro de um novo partido, diante de um candidato viável, deputado pelo partido, secretário de estado e que já havia disputado a prefeitura pela legenda?

Primeiro que foi tudo com muito respeito, entre as duas alas. E foi de muito trabalho. Eu tenho um perfil conciliador, não sou muito de ir para o embate, prefiro a construção, mostrar os caminhos no debate. E, aos poucos fomos mostrando que esse era o melhor caminho. A administração do prefeito sendo bem avaliada pela população, a harmonia entre prefeitura e governo funcionando. Foi uma caminhada de muito trabalho, mas no diálogo, sempre no diálogo, mostrando a importância desta aliança para Curitiba e para os grupos políticos.

E se não desse certo, qual seria seu futuro político?

Fui muito questionado sobre isso, mas não gostava nem de pensar, porque confiava que eu estava no caminho certo, que era defender a paz política e a parceria necessária para a cidade. Claro que havia esse risco, quando troquei de partido eu sabia deste risco, mas preferi não pensar em qual seria o plano B e focar no convencimento de que o Plano A era o melhor para todos: para o governo, para a prefeitura e para o nosso grupo político.

E, então, pela segunda vez, o elo entre governador e prefeito foi seu nome. Você sente que tem esse papel?

Fico orgulhoso por isso. Sempre trabalhei para agregar, trazer para dentro as pessoas. Conseguimos fazer isso naquela grande aliança de 2016 e, agora, quero seguir defendendo essa pauta: a paz política em Curitiba. E ter conseguido com a ajuda de todos, principalmente do próprio prefeito e do governador, é gratificante. Eu quero seguir sendo esse elo entre a prefeitura e o governo do estado. Eu sinto que tenho esse papel institucional, de manter o alinhamento com o estado, com a Câmara Municipal, com o governo federal. Quero fazer esse papel, trazendo investimentos para Curitiba.

O apoio do governador e as desistências de alguns dos principais adversários, motivadas direta ou indiretamente por essa articulação, deixaram a chapa de vocês em uma situação bastante confortável no início da campanha.

Mais do que qualquer coisa, a boa avaliação do prefeito é fruto de quatro anos de trabalho. Pegamos cidade em situação difícil, fizemos o ajuste fiscal no primeiro ano e depois investimos pesado na cidade, em todas as áreas. A boa avaliação já era anterior às desistências e, certamente, influenciaram, inclusive para que acontecessem as desistências. Com as composições, que se encaminharam positivamente para nós, a candidatura se fortalece ainda mais. Mas ainda temos um longo caminho até a eleição, temos que mostrar para a população as boas intervenções que fizemos e combater as fake news para conseguirmos a vitória nas urnas.

E daqui a quatro anos? Na nota em que agradece a Ney Leprevost pelo recuo, o governador Ratinho Junior cita que ele ainda será prefeito de Curitiba. Mas Eduardo Pimentel estará vindo, possivelmente, de oito anos como vice-prefeito, conhecendo muito bem a cidade e na condição de um candidato natural, já que o prefeito não poderá mais disputar a reeleição.  

Sem demagogia. Não tem como pensar nisso agora. O foco é nesta eleição. O futuro será construído com trabalho. Eu consegui, graças a essa articulação política, me manter no cargo de vice-prefeito porque pude exercer bem o cargo de vice-prefeito. Deu certo a reconstrução da chapa, pelo trabalho dos últimos quatro anos. Daqui a quatro anos, vai depender muito do trabalho de cada um, de cada liderança, não dá para saber o que vai acontecer. Mas a gente está focado, agora, em vencer a eleição em 15 de novembro.

O senhor é visto como um novo nome na política, mas com um velho sobrenome, já que é neto do ex-governador Paulo Pimentel. Como lida com comparações e com as críticas de que a política é hereditária?

Recebo com muita tranquilidade. Tenho carinho e respeito tremendo ao fato de ser neto de Paulo Pimentel, que foi um grande governador, que deixou legado importante para o estado. Isso me alegra e me dá grande responsabilidade. Mas, independentemente de ser neto de Paulo Pimentel, eu sou Eduardo Pimentel e estou construindo a minha própria história. Sou formado, pós-graduado, fiz especialização em cidades inteligentes na Fundação Getúlio Vargas, fui secretário de obras, fui diretor da Ceasa do Paraná, vice-prefeito por quatro anos. Estou me preparando e construindo minha história. Estou animado, acredito na boa política e acredito que Curitiba precisa de boas pessoas no comando: o prefeito Rafael Greca agora e outras pessoas que estejam comprometidas com a cidade no futuro. E eu estou comprometido com a cidade.

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