Ouça este conteúdo
Vice-prefeita da cidade e ex-secretária de Educação e Cultura e de Administração, Professora Elizabeth tem carreira na administração pública municipal de Ponta Grossa. Depois de 40 anos em sala de aula, ingressou na vida pública em 2005, na administração de Pedro Wosgrau Neto, para não mais sair. Agora, tenta ser protagonista, assumindo a prefeitura da cidade. Com 31,15% dos votos válidos, no último dia 15, chegou ao segundo turno das eleições municipais. Representando a continuidade das gestões de Marcelo Rangel (PSDB) a vice-prefeita diz, em entrevista à Gazeta do Povo, saber onde a prefeitura deixou a desejar nos últimos oito anos e saber como resolver tal pendência. Confira
Que avaliação faz do resultado do primeiro turno e o que muda na campanha para conseguir os votos necessários para a eleição?
A primeira etapa da campanha, os primeiros 45 dias, foi uma campanha muito bonita, leve e animada, ao ir buscar todos os anseios da população. Isso nos deu muita confiança, pois fomos sentindo o calor da população e projetando nossa ida para o segundo turno. Esperávamos, até, o primeiro lugar, mas houve algumas questões que interferiram um pouco, mas tivemos fôlego para chegar ao segundo turno. E, agora, é uma nova eleição. É o que sempre ouvimos falar e é o que realmente acontece. Começa tudo de novo, agora em condições de igualdade, e com tempo para detalhar os programas, os projetos, o plano de governo. Estou muito empolgada por estar conseguindo explicar nosso plano de governo. Eu e o Capitão Saulo, meu vice, estamos indo cada um para um lado, todos os dias, buscando mais um voto, mais um apoiador, mais gente entusiasmada com nossa candidatura. Tivemos três professores entre os cinco candidatos a prefeito (Professor Gadini, Professor Edison e Professora Elizabeth). E, agora, a educação está no segundo turno. Estamos conversando com todos os profissionais da área, justamente para que haja esse fortalecimento. Também estamos buscando o eleitorado de quem votou em candidatos que não foram para o segundo turno. Estamos indo aos locais onde não fomos bem votados e ouvindo os partidos que não estavam coligando conosco e buscaram uma aproximação espontânea.
A senhor citou o Professor Gadini, que é do Psol e o Professor Edson, do PT. A candidata Mabel Canto refutou um apoio oficial do PT. Sua candidatura aceitaria a adesão desses partidos de esquerda?
A gente não pode escolher eleitor. A gente tem que conquistar e que venham espontaneamente. Todo o cidadão representa um voto e é falando para a maioria deles que se consegue ganhar a eleição.
O governador Ratinho Junior elegeu oito dos dez prefeitos nas maiores cidades paranaenses e ainda pode fazer a nona prefeitura com a senhora, que é do mesmo partido dele. A senhora espera a participação dele nesta reta final de campanha?
A participação do governador Ratinho Junior foi preponderante já no primeiro turno e continua sendo agora. Ele está efetivamente engajado no processo. Ele está conosco, teve participação no nosso plano de governo. Conversei pessoalmente com ele várias vezes, ele esteve em Ponta Grossa nos dando todo o apoio necessário para que a gente consiga a vitória, porque Ponta Grossa indo bem, o Paraná vai bem.
Como espera que o terceiro colocado, Márcio Pauliki (SD), vá se posicionar e como conquistar os votos do eleitor dele, independente da decisão que ele tomar?
Acredito que nossa linha de pensamento, voltado para o centro-direita, tem muito a ver com e linha defendida por ele. Penso que muito do eleitorado dele já está vindo conosco, independente da decisão dele. Mas esperamos, sim que ele venha a decidir estar oficialmente do nosso lado. Como eu disse anteriormente, todas as pessoas que vierem a aderir ao nosso projeto são importantes. E ele é uma pessoa que já me conhece, sabe do meu trabalho, sabe da minha experiência em gestão pública, sabe que eu conheço a prefeitura com todas as suas burocracias, suas possibilidades e dificuldades, como a palma da minha mão. Sabe que no dia 2 de janeiro, após a posse, eu só preciso arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Não preciso aprender a ser prefeita. Fui prefeita por 106 dias nas ausências do prefeito.
Desde o fim do mandato de Péricles Melo, em 2004, a cidade vem sendo administrada por um prefeito da aliança da qual a senhora faz parte. Sua administração será de continuidade ou há campo para algum tipo de mudança?
Todo nosso plano de governo é baseado e calcado em todas as programações e projetos que tiveram sucesso. Chega daquela história de que quando sai prefeito e entra outro prefeito, joga-se tudo fora, apagam o que foi feito de bom. Temos que fazer com que se consolidem esses projetos. Existem projetos com resultados excelentes, resultados bons e resultados mais ou menos, mas o mote de nosso trabalho será aprimorá-los. O objetivo não é simplesmente continuidade, mas sim continuar a mudança. Quero avançar, porque uma cidade nunca está pronta e acabada. Sabemos das limitações que tivermos, até que ponto pudemos ir, e, agora, vamos avançar, seguir com essa mudança. Tenho uma equipe bastante engajada na campanha e o apoio de todos os secretários municipais, que estão fechados comigo sabendo que o mandato atual acaba em 31 de dezembro e que eu não tenho compromisso com a manutenção de nenhum deles, que formarei a minha equipe técnica. Como não fiz nenhuma aliança baseada em cargos, não comprometi a prefeitura, estou bem livre para escolher a equipe. O único nome que tenho certeza que vou manter, é o do nosso secretário de Fazenda, que é o Secretário Cláudio (Grokoviski), que é um servidor público municipal com muita capacidade e competência e qualquer prefeito que fosse eleito deveria mantê-lo
O que poderia diferenciar uma administração sua da administração do prefeito Rangel. O que seria sua marca registrada?
Eu sempre caminhei muito junto com o prefeito Marcelo e, até, por isso, eu sei onde nossa gestão não conseguiu realizar tudo o que planejou. Eu sei onde ficou faltando. E sei o que temos que fazer para recuperar isso. Então, o olhar diferenciado da mulher vai ser fundamental para isso. Mas o avanço na industrialização da nossa cidade, na qualificação da nossa população, o empreendedorismo, os programas de microcrédito, facilitando acesso a fomento. E a criação de parques e praças, com um departamento próprio para isso. Eu quero ver flores, não quero ver mato na cidade. Além de pavimentação, saúde, educação e segurança, as pessoas pedem mais qualidade de vida. E é nesses parques que vamos buscar oferecer isso para a população. Se Ponta Grossa tem 15 bairros, temos que ter parques e praças em cada um destes 15 bairros. Mas o prefeito Marcelo Rangel tem 70% de aprovação, depois de oito anos. Eu tenho que me espelhar nas ações do prefeito.
Mas essa autocrítica que a senhora fez, de que sabe onde a administração deixou a desejar. Qual é o calcanhar de Aquiles desta administração?
Pavimentação. A cidade está com muitos buracos nas ruas, com ruas inacessíveis. Nossa cidade tem uma topografia muito difícil, muito cheia de subidas e descidas. Então, nós precisamos corresponder a esse desejo da população de ver sua rua asfaltada. E o governador Ratinho Junior nos deu aval para podermos sustentar a proposta de que 100% da nossa cidade será pavimentada. Faltam 20%. E nós chegaremos lá.
Sei que agora, oito meses depois e com bem mais informações que no momento em que as decisões foram tomadas é mais fácil falar, mas como a senhora avalia a condução da cidade na pandemia? Se fosse prefeita, teria feito algo diferente?
A pandemia pegou o mundo de surpresa. Ninguém sabia o que fazer, como fazer e quando fazer. Nós, aqui, criamos um de crise, composto por várias secretarias envolvidas no tema e essas decisões foram sendo tomadas na medida em que as coisas iam acontecendo. Nós nunca fechamos nossa cidade. Nós fechamos o comércio por 15 dias, depois houve escalonamento. Os serviços essenciais nunca fecharam, as indústrias nunca fecharam. Só as escolas continuam fechadas, mas fizemos um programa maravilhoso, que é o Vamos Aprender, que, a partir da TV Educativa, com a participação das nossas professoras, transmitimos aulas para que nossos alunos não perdessem o hábito do estudo, que é um hábito difícil de se aprender e o mais fácil de se perder. Também montamos nosso protocolo para retomada e estamos preparados para voltar às aulas a qualquer momento. Temos todo o detalhamento, todas as medidas, as escolas estão preparadas. Pensamos na retomada em agosto, depois em setembro, não aconteceu. Agora, estamos programando a volta para 5 de fevereiro. A única coisa que eu penso que poderíamos ter feito diferente e até, nem ter realizado, porque o impacto foi muito pequeno, foi o toque de recolher. Ele foi efetivo no primeiro momento, mas depois perdeu qualquer eficácia, tanto é que o prefeito mesmo voltou atrás do toque de recolher.
E para a retomada a partir de 2021, tanto na saúde, quanto na educação, como na economia, quais são suas propostas?
Ponta Grossa é uma cidade privilegiada, porque, em plena pandemia, ela está em primeiro lugar no Paraná e quinto no Brasil, pelo Caged de setembro, na oferta de empregos. O aquecimento da cidade está acontecendo. A economia não parou. Alguns seguimentos sim, como o turismo, o setor de eventos, o setor cultural, porque não houve a possibilidade de se fazer essas atividades. Então, o grande desafio é fomentar esses segmentos para que voltem em pleno vapor e venham recuperar sua força. Por sorte, a lei Aldir Blanc está nos ajudando, recebemos R$ 2,2 milhões para entregar para os artistas locais. O microcrédito que vamos oferecer aos pequenos empreendedores vai ajudar bastante. E queremos que esse fortalecimento da industrialização da cidade, que não parou, inauguramos uma fábrica de embalagens no meio da pandemia, continue no mesmo ritmo. O orçamento do município cresceu 150% nos últimos anos, então, estamos fortalecidos e prontos para atender às pessoas que precisarem de nós.
Os próximos prefeitos também assumirão após o fim do auxílio emergencial da União, que é um recurso que estão ajudando muitas famílias que perderam renda na pandemia e, também está fazendo circular dinheiro nas cidades. Qual a sua proposta para a questão da renda e o atendimento social?
Esses programas sociais foram fundamentais neste período e também fizemos muitas campanhas aqui no município. E esperamos que o governo federal tenha alternativa para o fim deste auxílio emergencial. Não sabemos se, em dezembro, isso vai se estancar. Pelo jeito, não. A prefeitura recebeu uma verba para o enfrentamento da pandemia, mas foi menos que a metade do que precisávamos. Temos consciência das pessoas que precisarão de nossa ajuda na cidade, mas, para ajuda-las, precisamos incrementar a arrecadação. E isso só será possível conscientizando as pessoas da importância de pagarem seus impostos e taxas.
Para a gente encerrar, o que diferencia sua candidatura da de sua adversária? O que Ponta Grossa só terá com Professora Elizabeth prefeita?
Somos dois perfis diferentes, de todas as maneiras, em todos os sentidos. Eu sou uma professora, que ministrou aula por 40 anos. Estive engajada em todos os processos de nossa cidade, comprometendo minha vida e minha experiência como rotariana, como presidente da Apae, como uma gestora pública de muitos anos. Fui secretária de Cultura, de Turismo, de Administração, de Recursos Humanos e estou vice-prefeita. Já fiz história sendo a primeira vice-prefeita e a primeira prefeita em exercício. Então, acredito que as pessoas vão poder analisar cada um dos perfis e optar pelo nosso em 29 de novembro.