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Roger Pereira

Roger Pereira

A política do Paraná em primeiro plano

Entrevista

Em balanço, Ratinho Junior vê Paraná avançando para ser “central logística” do país

(Foto: Jonathan Campos / AEN)

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Na última das quatro partes da entrevista concedida à coluna, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) faz um balanço de seus primeiros dois anos de mandato e diz que, na metade do mandato, consegue ver avanços em seu plano de explorar o potencial do agronegócio e da indústria paranaense, além de sua posição geográfica, para consolidar o estado entre os mais importantes economicamente para o pais. Para isso, Ratinho Junior destaca os investimentos em infraestrutura, como nos aeroportos regionais, e a atração de empresas para o estado.

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Avaliando seu governo área a área, Ratinho Junior aponta o que considera os principais avanços de sua gestão e cita os projetos que acabaram atrasando por causa da pandemia causada pelo coronavírus. O governador também comenta o desempenho eleitoral de seu partido e aliados no ano passado, mas esquiva-se de analisar o quadro para 2022. Confira:

Passada a metade de seu mandato, que balanço o senhor faz destes primeiros dois anos?

Tiro um balanço positivo. É obvio que a gente não contava com a pandemia e isso nos fez repensar toda a estratégia do governo. Mas a estratégia macro, de modo geral, estamos conseguindo implantar, que é transformar o Paraná na grande central logística do Brasil. E esse é meu objetivo, por uma razão muito lógica e, até, natural: o Paraná está no centro de 70% do PIB do Brasil e da América do Sul. Geograficamente somos muito privilegiados. Então, a ideia é fazer do Paraná essa central logística e, sendo essa central logística, automaticamente você agrega e consegue atrair muito investimento para o Paraná, que é o que já está acontecendo. Temos uma mão de obra historicamente muito boa, temos essa vocação de uma população trabalhadora, temos um agronegócio que talvez seja um dos mais modernos do mundo: um agronegócio que está linkado com a bioeconomia. Produzimos 25% dos grãos do país, temos 10 das 17 maiores cooperativas da América Latina, temos 200 micro e médias cooperativas. Somos o maior produtor por metro quadrado do mundo, porque ninguém produz em quantidade, qualidade e variedade no espaço que nós produzimos. E, além disso, temos a maior preservação da Mata Atlântica da América do Sul. Tudo isso faz parte de uma estratégia para esse novo mundo que se exige. O Paraná já está se desenvolvendo com sustentabilidade. Consolidamos o Paraná como grande produtor de alimento verde. Vi o plano do Macron de plantar um milhão de árvores em cinco anos, na França. Nós, no Paraná, em 2020, plantamos 2,5 milhões de árvores nativas. De modo macro, estamos conseguindo consolidar o Paraná desta forma.

Área a área, saúde, educação, economia, infraestrutura, segurança. Como o senhor avalia o Paraná nestes dois últimos anos?

De efeitos práticos do nosso governo, estamos com a maior malha e os melhores aeroportos regionais do Brasil. Quando assumi o governo, uma das primeiras coisas que fiz na área de infraestrutura foi aumentar a pista do aeroporto de Foz do Iguaçu, porque não tinha lógica você ser o segundo maior destino de turistas estrangeiros do Brasil e não descer avião internacional. Vamos inaugurar entre março e abril a extensão da pista, que vai permitir a chegada de voos direto de outros continentes. Houve grandes investimentos, também, no aeroporto de Guarapuava, de Umuarama, de Telêmaco Borba. Vamos fazer, ainda, a concessão do aeroporto de Londrina, de Foz do Iguaçu, dos dois de Curitiba, que vai ter a terceira pista. Temos um bom aeroporto em Pato Branco. Conseguimos pensar na questão férrea, na questão rodoviária e na questão aeroviária. Para atrair empresas para o interior do estado, precisamos ter essa infraestrutura disponível. Criamos o Voe Paraná, que foi projeto piloto no Brasil e que foi um sucesso, tanto que a empresa cresceu e foi vendida para a Azul. Eram 25 cidades contempladas com voos para a capital. Tudo isso foi pensado.

Avançamos muito na questão da educação. Assumimos o governo em 7º lugar do Ideb, hoje somos terceiro e nossa meta é chegar em primeiro até o fim do governo. Fizemos o maior enxugamento da máquina do Brasil, de 28 para 15 secretarias. Fizemos essa grande reforma administrativa. Estamos num saldo positivo da geração de empregos. Fomos o estado que mais cresceu na indústria em 2019. Fechamos 2020, também com o maior crescimento industrial do Brasil.

A Ferroeste, desde o seu nascimento, em 1995, dava prejuízo de R$ 7 milhões por ano; deu lucro em 2019 e, neste anto, já estamos c om R$ 5 milhões em caixa, aumentando em 34% a capacidade de carga dela, comparada ao nosso próprio recorde, que foi em 2019. O Porto de Paranaguá foi o primeiro porto do Brasil a ter independência administrativa pelo Ministério da Infraestrutura. Bateu o recorde da história em 2019 e, em 2020, no meio da pandemia, batemos o recorde novamente.

Na Copel, quando ganhei a eleição, as ações estavam em R$ 28,00. Chegaram a R$ 73,00, antes da pandemia e, agora, está em R$ 65,00. Na Sanepar, fizemos enxugamento forte, conseguindo melhorar a parte operacional, de gestão e de governança.

Tudo isso são números que demonstram que ainda temos muito a fazer, mas conseguimos avançar em diversos setores. E um deles é a saúde, em que conseguimos fazer uma regionalização, diminuindo a dependência de Curitiba. Mesmo antes da pandemia, criamos um projeto de fortalecimento dos hospitais regionais, ampliamos as parcerias com os hospitais filantrópicos, potencializamos os consórcios municipais de saúde com os maiores repasses da história. E, agora, estamos lançando um projeto, que atrasou por causa da Covid, que é o dos Ames – Ambulatórios Médicos de Especialidade, que era uma demanda do estado. Vamos fazer já seis destes Ames no primeiro lote, com vários ramos da medicina de especialidade.

Na segurança, tivemos muito avanço também. A média de solução de crimes no Brasil não chega a 20%. Estávamos perto desta média no Paraná também. Mas, especialmente em Curitiba, chegamos a uma média melhor que a de Nova York, 84%. A reestruturação que estamos fazendo na Secretaria de Segurança Pública está sendo um negócio fantástico, que temos que comemorar. Temos avanços fantásticos. Quando assumi o governo o Paraná era o estado que tinha mais presos em delegacia no Brasil – 11 mil. Hoje estamos com 800 e vamos chegar a zero. Vamos entregar um bom projeto em Segurança Pública à população também.

E o que está atrasado do plano de governo, ou, mesmo, precisou ser adiado ou paralisado, até por causa da pandemia?

Nada foi paralisado. Alguns projetos, que, obviamente demoram mais a serem feitos, acabaram adiados por termos ficado seis meses vivendo praticamente 24 horas em função do coronavírus. Projeto de infraestrutura, você leva até 18 meses para fazer. Nesta questão de planejamento, tivemos que atrasar um pouco, mas já retomamos. Lançamos, no começo do governo, o banco de projetos, onde já investimos R$ 180 milhões e vamos chegar a R$ 300 milhões em investimentos só em projeto executivo, que o Paraná não tinha. Estamos lançando, agora, um pacote de R$ 1,6 bilhão em obras e já temos, até junho, mais R$ 1,7 bilhão em obras e projetos prontos para obras. No modo geral, não houve grandes projetos que ficaram parados. Houve algum atraso entre 90 dias, quatro meses que a gente teve que rever para focar na Covid-19

Historicamente, o partido do governador é sempre o que faz mais prefeitos nas eleições municipais. Mas a sua vitória eleitoral no ano passado foi muito além do esperado. O PSD elegeu quase um terço dos prefeitos do Paraná. Os candidatos apoiados pelo senhor foram eleitos em quase 80% das cidades. Qual foi sua estratégia para a construção destas candidaturas, que o deixam em uma aliança gigantesca para 2022?

Tenho pensado pouco, apesar de parecer mentira, nas eleições de 2022. Estou muito preocupado em entregar aquilo que prometi para a população e fazer do Paraná o estado mais moderno do Brasil. O processo eleitoral, hoje, com a população muito mais esclarecida, te avalia pela média. Não por um ato do governo, mas pelo conjunto de ações. E acho que a população do Paraná está percebendo essa reestruturação que estamos fazendo do Paraná. Criando pouca falsa expectativa, tratando de forma transparente, e isso passa credibilidade. E, nesta eleição, eu busquei, obviamente, apoiar aqueles que tinham uma sinergia com nosso modo de governar e que entendíamos ser a melhor opção para as cidades. Tocamos grandes obras desde o início do governo, quebramos paradigmas com questões que estavam paradas há décadas e as pessoas acabaram percebendo. E isso, consequentemente, colabora no campo político.

A ponto de o Kassab (Gilberto – presidente nacional do PSD) citar seu nome como presidenciável...

Mas ele é meu amigo, então é suspeito nisso. O partido tem muito boas opções e tem muita água para passar por debaixo desta ponte. Eu quero ajudar o Brasil através do Paraná.

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