“Você sabia que foi Fernando Francischini que trouxe Bolsonaro para o 17?”. A propaganda de rádio do candidato do PSL à Prefeitura de Curitiba destaca como o deputado estadual era próximo do hoje presidente da República, quando ambos eram colegas de plenário na Câmara dos Deputados. Francischini foi, no início de 2018, o principal articulador da filiação em massa de deputados bolsonaristas ao PSL, visando as eleições de outubro daquele ano. O deputado, que carregava Bolsonaro nos ombros em eventos por todo o Brasil quando o capitão reformado ainda não havia alcançado a popularidade que o levou à liderança nas pesquisas e à vitória na eleição, foi o coordenador da campanha de Bolsonaro no Paraná e era cotado como presença certa no primeiro escalão do governo federal. Mas a relação azedou. Bolsonaro afastou-se repentinamente de Francischini, sem que houvesse explicações de nenhum dos lados.
Na última segunda-feira, no entanto, a desavença tornou-se pública, ao menos para quem não conseguiu achar outra explicação para o recado cifrado do presidente ao criticar o uso de sua imagem por candidatos que não têm seu apoio nas eleições municipais. “Alguns, inclusive, inimigos declarados meu, usando minha fotografia, como um candidato a prefeito lá em Curitiba fazendo isso aí… é inimigo declarado e agora, depois que é candidato, está usando a minha foto”, declarou o presidente, sem citar nomes. À coluna, interlocutores que estiveram com o presidente na última segunda-feira relataram que o recado foi para Francischini.
Dos 16 candidatos em Curitiba, dois têm usado a imagem de Bolsonaro e citado o presidente em suas campanhas: Francischini e Marisa Lobo (Avante). A psicóloga, no entanto, mantém boa relação com o presidente, com interações nas redes sociais e sem nenhum desentendimento que a pudesse transformar em “inimiga declarada”.
Já Francischini coleciona desencontros com o presidente desde as eleições de 2018. A relação entre ambos começou a esfriar por desentendimentos na arrecadação de doações para as campanhas do PSL naquele ano, o que teria sido decisivo para que o deputado estadual mais votado no Paraná não fosse convidado para integrar o governo federal.
Mais tarde, em 2019, no movimento de Bolsonaro para deixar o PSL e tentar fundar seu novo partido, o Aliança pelo Brasil, a rixa ficou mais clara. Felipe Francischini, deputado federal e filho do candidato a prefeito não apenas permaneceu no PSL, não acompanhando a movimentação política dos deputados bolsonaristas, como participou da reunião do grupo de deputados apoiadores do presidente do partido, Luciano Bivar, novo desafeto de Bolsonaro. Áudios vazados daquela reunião, com a gravação de deputado Delegado Valdir (PSL) xingando o presidente de “vagabundo”, expuseram, também, a voz de Felipe Francischini reclamando que o presidente tratava a bancada “que nem cachorro desde que ele ganhou a eleição” e que nunca atendeu às demandas da bancada.
Em nota enviada à coluna, a coligação Gente em Primeiro Lugar afirma que em nenhum momento o candidato Fernando Francishini disse que tinha apoio do presidente, “até porque o próprio Bolsonaro já havia dito que não iria participar das eleições municipais de 2020”. Segundo a nota, “Francischini sempre se mostrou um aliado, um apoiador incondicional das boas ideias, um parceiro do projeto de mudança do Brasil”.
A nota lembra que foi Francischini quem convidou Bolsonaro a ingressar no PSL pra disputar à Presidência e conclui dizendo que o candidato tem sim portas abertas e bom diálogo em Brasília. “Mas estão usando frase do presidente, fora de contexto, pra prejudicar a crescente candidatura de mudança em Curitiba. Francischini é o candidato mais forte na TV que vai para o segundo turno”.
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