A Executiva Nacional do PSL aprovou, nesta terça-feira (28), por unanimidade, a convocação de convenção partidária para votar a fusão do partido com o DEM. Se acontecer, a fusão colocará dois rivais políticos sob a mesma legenda no Paraná: o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM) e o deputado estadual Fernando Francischini (PSL) que, inclusive, já foi indicado como presidente estadual da nova legenda. Francischini e Greca foram adversários nas eleições municipais do ano passado, com o deputado do PSL fazendo uma série de ataques e acusações ao prefeito, que acabou reeleito. Ao mesmo tempo em que falam em composição, diálogo e tentativa de aparar arestas, os integrantes do futuro novo partido admitem que poderá não haver clima para os dois na mesma legenda.
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“Se o prefeito quiser, ele pode ficar no partido. Não vejo problema. Temos uma composição com o Pedro Lupion (atual presidente estadual do DEM); eu sigo na presidência do partido, para montar uma chapa de deputados federais para ele e para o Felipe (Francichini – PSL), e vamos fazer um gesto ao Greca. Vamos convidá-lo a permanecer no partido, ouvindo qual o projeto político dele. Mas não vejo muita possibilidade de ele ficar no partido”, disse Francischini.
“As aprovações nas executivas foram de autorização de realização de convenção. Ainda há necessidade da convenção. Tem estados com algumas dificuldades. No Paraná, não temos muitos problemas, mas temos o desafio de Curitiba. Hoje, não há solução para o impasse”, admitiu Pedro Lupion. “Todos temos que tomar decisões do que fazer. É uma vantagem para os deputados estaduais. Os deputados federais precisam decidir o futuro, abrirá a janela, há uma questão de posicionamento, eu vou apoiar o presidente, e esse partido não tem isso definido ainda. Eleitoralmente, fica muito positivo, mas existem questões de posicionamento que precisam ser avaliadas”, acrescentou, dizendo que, por isso, ainda não fez comunicado oficial, não conversou com os presidentes municipais e nem com os prefeitos. “Até porque não há a definição”.
Na Câmara Municipal, os principais articuladores de DEM e PSL analisam de forma diferente a fusão. “Eu sou favorável. Em se tratando de Brasil, onde não tem fidelidade partidária, onde a maioria dos partidos não têm ideologia, é natural, na história a fusão dos partidos. Além disso, acontece muito no partido de alguém, que é construído pelo partido, rachá-lo posteriormente, como fez o Gilberto Kassab, quando saiu do partido para fundar o PSD e levou uma série de Democratas. Nosso partido diminuiu. Agora, o Rodrigo Maia faz um movimento semelhante, querendo forçar a candidatura do Baleia Rossi. Também perdemos o Eduardo Paes e outras lideranças. Então, a fusão é a forma de o partido voltar a ficar grande e termos representação”, analisou Sabino Picolo (DEM).
Para ele, há chance de convencer Greca a permanecer na sigla. “Nós políticos temos que saber que aliados podem virar adversários e adversários podem virar aliados, e o Greca é um político experiente, que já esteve com o Jaime Lerner e com o Requião, por exemplo. Ele já mostrou que sabe se adaptar. Se concordar que a fusão fará o partido maior e mais representativo, acredito que ele irá se adaptar ao Francischini, mas parece que ele não está concordando muito”.
Flávia Francischini (PSL) também avaliou positivamente a fusão. “Vamos crescer muito, vai nos fortalecer. O DEM é um partido robusto, consolidaremos a maior bancada na Câmara dos Deputados, na Assembleia, aqui na Câmara Municipal”, disse. Mulher de Fernando Francischini, a vereadora alfinetou Greca ao analisar a possibilidade de permanência do prefeito na legenda. “Terminou a campanha, terminou a competição. Tenho votado com a prefeitura, tenho articulado com o líder do prefeito aqui na Casa. Mas acho que o prefeito nem deve continuar na política depois dessa gestão, por causa da idade. Então, não estamos com essa preocupação, eu vejo o pessoal do DEM bastante animado, as conversas estão muito boas. Não estamos dando muita importância para as melindragens do prefeito”.
Já Serginho do Posto (DEM) criticou a possibilidade de fusão. “Eu lamento a forma como os partidos estão fazendo essas fusões. Eles não ouvem as bases, os caciques acabam decidindo os rumos dos partidos. Por decisão dos presidentes nacionais, ocorrem essas fusões, sem nenhuma análise das ideologias partidárias. O fato de se criar um grande partido é importante, desde que tenha um bom e único programa partidário para apresentar ao país, mas a decisão está sendo muito mais eleitoreira”, disse. “Eu ainda não fui comunicado oficialmente, espero que o partido nos posicione nos próximos dias para podermos avaliar esse cenário e analisar de que forma se comportar perante essas mudanças”, acrescentou. O vereador também foi cético quanto à possibilidade de permanência de Greca no partido. “Não consegui visualizar essa possibilidade. Ainda não conversei com o prefeito para saber a posição dele, mas, como não temos nenhum comunicado do partido, o que temos para agora é aguardar. Em política, tudo se constrói, só não sei se é possível construir um diálogo entre eles."
Por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Curitiba, Rafael Greca comentou que “a eventual fusão entre os dois partidos é um tema que está sendo debatido nacionalmente. É oportuno aguardar o desenvolvimento das tratativas para então avaliar qualquer decisão".
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