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Secretários de Estado que queiram disputar as eleições de outubro precisam deixar seus cargos até abril, seis meses antes do pleito, para se desincompatibilizarem e se tornarem elegíveis. Mas o chefe da Casa Civil, Guto Silva (PSD), já comunicou ao governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) que deixará o cargo assim que retornar de férias, no final do mês, para reassumir seu mandato de deputado estadual no retorno dos trabalhos da Assembleia Legislativa, em 1º de fevereiro. Guto Silva diz que quer ter mais tempo e liberdade para dedicar-se à construção de sua pré-candidatura ao Senado.
“Vou sair para me dedicar à articulação da pré-campanha com mais liberdade. Na Casa Civil você fica amarrado e tem todo o trabalho de articulação do governo para fazer, com os projetos para encaminhar, a articulação política do próprio governador. Então, a saída torna as coisas mais confortáveis para mim e para o governador também, porque ele fica mais à vontade para fazer as conversas partidárias e eu fico solto para construir minha pré-candidatura. Volto para a Assembleia no retorno dos trabalhos legislativos”, disse o secretário à coluna.
Com a saída de Guto Silva, o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, João Carlos Ortega (PSD), deve assumir a Casa Civil. Secretário-geral do PSD, Ortega já vinha sendo o principal articulador político da candidatura à reeleição de Ratinho Junior, conversando com os demais partidos, discutindo alianças, angariando novos filiados. Agora, fará, também a articulação política do governo.
Para viabilizar sua candidatura ao Senado, Guto Silva terá que superar alguns obstáculos: o principal deles é o de ser do mesmo partido do governador, que tenta construir uma ampla coligação para sua reeleição e, para isso, precisa negociar posições na chapa, tendo a vaga de vice-governador e a candidatura ao Senado como principais atrativos para os aliados.
Guto Silva diz que aguardará a definição do cenário nacional, “que, certamente, será refletido nas alianças locais”, para fazer uma avaliação de que caminho tomar no estado, não descartando a possibilidade de ele mesmo trocar de partido e ser o candidato aliado por outra legenda. “Estou ouvindo, conversando com muitos partidos, entendendo como vai ficar a questão das federações partidárias, para definir o melhor caminho. Mas tudo depende da definição do cenário nacional. Precisamos saber que partidos estarão com Bolsonaro, com o Podemos, com o Lula. Se nosso partido terá mesmo a candidatura do Rodrigo Pacheco, para depois fazer a avaliação regional. Criam-se cenários, perspectivas, mas acredito que entre fevereiro e março, com o mundo político voltando à ativa, a gente vai poder ter mais informações para aprofundar essa análise dos palanques e de como fica no estado”, disse.
O chefe da Casa Civil reconheceu que a construção da aliança de Ratinho Junior, que parecia tranquila até o final do ano passado, ficou conturbada com a questão nacional. Primeiro, com a pré-candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD) à presidência; depois, com a filiação do ex-juiz Sergio Moro ao Podemos e sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. “Temos o Pacheco que é do partido, temos o Moro, que é do Paraná, e temos a aliança do nosso governo com o governo Bolsonaro. É um dilema, um xadrez complexo de ser jogado. Na política, um dia dura uma eternidade, vamos ter que conversar muito e analisar as viabilidades políticas, os desempenhos nas pesquisas para poder fazer uma avaliação. Mas sabemos que as amarras nacionais dos partidos têm reflexo nos estados”, admitiu.
Guto Silva é o primeiro “secretário-deputado” a deixar o governo. Com sua volta para a Assembleia, o suplente Ademir Bier (PSD) deixará o Legislativo. Até abril, devem sair do governo e retomar seus mandatos, em busca da reeleição, os deputados estaduais Márcio Nunes (Secretário de Desenvolvimento Sustentável e Turismo) e Marcel Micheleto (Administração e Previdência); os deputados federais Sandro Alex (secretário de Infraestrutura e Logística) e Ney Leprevost (Justiça, Família e Trabalho), além de outros membros do primeiro escalão que queiram disputar as eleições.