“Quando se pretende interrogar as ideias, censurar a ciência, impedir o livre curso do pensamento, renegar a cultura é porque o medo se transferiu dos oprimidos para os opressores”, com essa frase do advogado que dá nome à honraria, o ex-presidente da seccional paranaense Ordem dos Advogados do Brasil José Lucio Glomb recebeu, na noite de quarta-feira (11), a Medalha Vieira Netto, maior honraria da OAB-PR. Glomb liderou, quando presidente da Ordem, o movimento “O Paraná que Queremos”, contra a corrupção no estado, após o escândalo dos Diários Secretos, revelado pela Gazeta do Povo e pela RPC e recebeu a homenagem por sua destacada atuação em defesa da democracia.
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“A democracia merece todo o cuidado pois, paradoxalmente, pode ser usada contra ela mesma. Gente que foi eleita democraticamente, vê-se tentada a atacá-la de várias formas para manter-se aferrado ao poder. Às vezes dissimuladamente, outras, nem tanto, como, por exemplo, atacando o sistema eleitoral do país”, disse o advogado, em seu discurso. “Vislumbra-se um claro objetivo nesta contestação, aliada a comportamentos e pronunciamentos que miram a desestabilização das instituições do estado, insuflando antagonismos e ódio entre as pessoas, quando a paz é que deve imperar”, acrescentou.
Ao destacar que Vieira Netto teve de mudar o discurso de paraninfo na UFPR para driblar a ditadura dos anos 60, Glomb citou as quatro liberdades então listadas pelo pioneiro. “Vieira Netto citou a liberdade de dizer, a de não temer, a de crer e a de ter segurança. Sobre a liberdade de não temer legou seu pensamento com lição convincente, que devemos nos recordar nos dias atuais. Disse ele 'Quando se pretende interrogar as ideias, censurar a ciência, impedir o livre curso do pensamento, renegar a cultura é porque o medo se transferiu dos oprimidos para os opressores'. Em semelhante dimensão, Stuart Mills nos lembra que há cidadãos ativos e passivos; os governantes preferem os segundos, mas a democracia precisa dos primeiros”, ressaltou.
O advogado também citou o inconformismo coma a insegurança jurídica, “que causa tanta injustiça e prejuízo, pois a Justiça não pode ser um jogo de azar ou sorte, em que cada juiz interpreta a lei a sua maneira, muitas vezes, ao arrepio da própria norma legal” e disse que “cabe a nós advogados, resistir com as armas da legalidade, as armas da palavra, para que a democracia não sucumba, pois pagamos alto preço para que ela seja restabelecida no país”.
Glomb disse não ter hesitado um minuto ao lançar “O Paraná Que Queremos”, em 2010, quando o Paraná ficou em choque pelo escândalo dos Diários Secretos, e agradeceu ter contado com a adesão de milhares de pessoas e de centenas de entidades. “Temos de ter coragem e resistência. Por mais que o inverno seja rigoroso, a primavera sempre retorna com suas flores. Nos caminhos que virão, peço a Deus que vejamos o brilho do sol. Não é o utopia esperar que a felicidade, a paz e a justiça reinem na humanidade”, defendeu.
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