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“Só uma explosão de casos, num patamar acima de mil por dia, pode levar a uma mudança de bandeira”. Essa foi a afirmação do diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Alcides de Oliveira, na sexta-feira da última semana, dia 13/11, para explicar a manutenção da bandeira amarela no estado de alerta da cidade para a pandemia de Covid-19, após a cidade voltar a registrar números de casos diários nos mesmos patamares da última semana de julho e primeira semana de agosto, quando a cidade havia atingido, o que se imaginava que tivesse sido o pico da pandemia.
Pois a explosão ocorreu. Pelo terceiro dia seguido, a capital paranaense registrou recorde histórico de casos. Pelo segundo dia, este número está acima dos mil, citados pelo Dr. Alcides de Oliveira. Nesta sexta-feira, foram 1.409 novos casos. A média móvel da cidade já está em 972 novos casos por dia, mas a bandeira não mudou.
Para definir a cor da bandeira, a Secretaria Municipal de Saúde analisa nove indicadores da pandemia, referentes à incidência da doença, à mortalidade e a capacidade de atendimento do sistema da saúde (os indicadores deste grupo são os que têm maior peso na decisão, uma vez que a alteração da bandeira visa reduzir a circulação de pessoas para tentar conter a transmissão do vírus e evitar o colapso do sistema de saúde, com a falta de leitos, de profissionais ou de medicamentos para o correto atendimento a todos os pacientes).
Como a análise dos indicadores para a composição do painel de cálculo da bandeira é feita sempre em comparativo com a semana anterior, a reativação de 94 leitos pela prefeitura, sendo 41 de UTI e 53 de enfermaria evitou a troca da bandeira.
No comparativo de casos, Curitiba saltou de uma média de 525 casos, na última semana, para 972, nesta. Nos óbitos o crescimento foi de 5,9 para 8,6 mortes diárias, em média. O número de pacientes internados também aumentou, de 216 para 264. Apesar disso, o número de leitos vagos também cresceu, por conta das reativações: eram 67 na última semana, agora são 78. E apenas este novo dado positivo foi suficiente para evitar a mudança da bandeira. Sem a abertura dos novos leitos, a taxa de ocupação de UTIs, que caiu para 76%, estaria, hoje, em 87%, com apenas 37 leitos disponíveis.
O problema é que os números seguem crescendo e, sem nenhuma mudança nas regras e no comportamento das pessoas, não tende a estabilizar. E a capacidade de reabertura de leitos é limitada. Em 5 de agosto, o pico anterior da pandemia, o número total de leitos de UTIs Covid habilitados na cidade era de 352. Nesta sexta-feira, este número já está em 324.