A filiação do ex-juiz Sergio Moro ao Podemos, marcada para a próxima quarta-feira, 10, e sua pré-candidatura à presidência da República pode colocar a política paranaense em um protagonismo nunca antes alcançado numa eleição presidencial. Natural de Maringá e reconhecido internacionalmente pela atuação em Curitiba, na condução dos processos relativos à Operação lava Jato, Moro, se confirmar a candidatura, seria apenas o terceiro paranaense a disputar o principal cargo eletivo do país. E o primeiro com potencial para ter algum papel de destaque na eleição.
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Por coincidência ou tradição, desde a República do Café Com Leite (quando o poder era alternado entre paulistas e mineiros) políticos do Sudeste e do Nordeste, com alguns gaúchos se intrometendo, disputam as eleições presidenciais como protagonistas.
Até hoje, na história da democracia brasileira, apenas Affonso Camargo, em 1989, e Alvaro Dias (Podemos), na última eleição, em 2018, concorreram à presidência. Mas nenhum dos dois atingiu, sequer, 1% dos votos no resultado final do pleito. Camargo, que concorreu pelo PTB, foi o 11º colocado da eleição que levou Fernando Collor ao Palácio do Planalto. O paranaense recebeu 379,2 mil votos (0,52%).
Principal articulador da filiação de Sergio Moro, Alvaro Dias foi o nome que o Podemos apresentou como alternativa no conturbado cenário eleitoral de 2018. Mas o senador não conseguiu conter a ascensão de Jair Bolsonaro (então no PSL) como antagonista do PT de Fernando Haddad e ficou na nona posição, com 859,6 mil votos (0,8%).
Moro pode largar na disputa presidencial já no terceiro lugar
Moro, de acordo com as mais recentes pesquisas eleitorais, já chegaria à disputa eleitoral com um potencial de 7% a 10% de intenções de voto, disputando o terceiro lugar com Ciro Gomes (PDT), o que o colocaria em uma posição muito mais promissora que a de seus conterrâneos que já tentaram o Palácio do Planalto.
Outros nomes da política paranaense despontaram algumas vezes como pré-candidatos à presidência, como Ney Braga, que ocupou importantes ministérios durante o governo militar, mas foi preterido politicamente após se posicionar contra o Ato Institucional Nº 5, redirecionando sua carreira, novamente, para o Paraná.
Ex-governador e ex-senador pelo estado, Roberto Requião também foi lançado pelo PMDB em mais de uma pré-campanha eleitoral. A oportunidade em que a pré-candidatura mais foi levada a sério se deu, também, em 2018, quando o PMDB estava dividido e o então senador fazia duras críticas ao presidente Michel Temer, seu correligionário. No final, o partido acabou escolhendo o ex-ministro Henrique Meirelles.
Ex-juiz já está há sete anos sob os holofotes
Sergio Moro é acompanhado de perto por simpatizantes e detratores desde 2014, quando proferiu as primeiras sentenças da Operação Lava Jato. Angariou seguidores fieis e inimigos ferrenhos, de todos os lados do espectro político. Viveu dias de unanimidade nacional, mas passou por momentos de descrédito. Conheceu os bastidores da política quando decidiu deixar a magistratura para assumir o Ministério da Justiça, de onde acabou saindo após uma crise institucional. O ex-juiz, no entanto, mantém sete anos ininterruptos de grande exposição ao público, o que o torna uma figura mais conhecida, inclusive, que a maioria dos demais políticos que se apresentam como pré-candidatos.
“Ele está dentro do grupo de vários nomes que estão se desenhando como candidatos desta dita terceira via. As pesquisas mostram que ele tem uma predominância maior que a maioria dos demais. Ele tem, ainda, um recall da Lava Jato, mas perdeu parte do eleitorado que ficou decepcionado com a atuação dele como ministro”, analisa a cientista política Carolina de Paula, coordenadora do Instituto Polis.
“A viabilização da candidatura dele vai depender muito das costuras políticas que ele conseguir fazer, dos apoios que conseguir viabilizar, da escolha do vice. E aí pode estar a maior dificuldade dele, pois é uma pessoa de perfil bem mais discreto que os outros nomes que se apresentam, que são políticos profissionais e estão acostumados com essas negociações”, acrescenta Carolina.
Chances de ser mais do que figurante na disputa presidencial
Com grande parte do quadro político nacional quebrando a cabeça para tentar viabilizar um candidato da chamada “terceira via” para furar a tendência de polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Moro surge como o principal “outsider” no atual cenário e com um potencial eleitoral capaz de tirar os políticos paranaenses da posição de meros figurantes nas eleições presidenciais para dar ao estado algum destaque na disputa.
“Se confirmada a candidatura, será, sem dúvida, o candidato a presidente mais expressivo da história do Paraná e com potencial de impactar significativamente o cenário local, porque a votação dele no Paraná tende a ser mais expressiva que nos demais estados e construção de seu palanque local, com candidatos ao governo, ao senado e nas eleições proporcionais influenciará a eleição no estado”, conclui Carolina de Paula.
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