Uma cena inusitada chamou a atenção de quem acompanhou dos bastidores o debate entre os candidatos ao Senado promovido pela Gazeta do Povo, na última semana. O stafe do ex-juiz federal Sergio Moro (União) vibrou quando a candidata do PV, Rosane Ferreira, utilizou seu minuto de considerações finais para afirmar que ela era a candidata ao Senado de Lula (Luiz Inácio Lula da Silva – PT) no Paraná. A campanha de Moro avalia que um eventual crescimento de Rosane Ferreira entre os eleitores do PT pode beneficiar o ex-juiz, uma vez que, hoje, a maioria das pessoas que declaram voto em Lula na eleição presidencial está tendendo a votar em Alvaro Dias (Podemos).
Como a candidatura de Rosane, numa chapa feminina com Professora Marley (PT) e Elza Campos (PC do B), não decolou, cresceu nas últimas semanas na esquerda um movimento pelo “voto útil” em Alvaro Dias, como estratégia contra a eleição de Moro ao Senado, ou mesmo de Paulo Martins (PL), bastante próximo ao presidente Jair Bolsonaro.
O primeiro movimento da campanha de Moro, então, foi colar Alvaro na esquerda, destacando que o PSB, partido do vice de Lula, Geraldo Alckmin, está na chapa de Alvaro e seria o elo de Alvaro com a esquerda. Sergio Moro direcionou seu discurso para os eleitores de Bolsonaro e de Ratinho Junior, afirmando ter o PT e Lula como os grandes adversários e explorando esses acenos da esquerda a seu adversário.
Mas se tem eleitor de esquerda disposto a votar no senador que foi líder da oposição no Congresso Nacional durante os governos petistas, explorar essa contradição também está no radar dos marqueteiros de Moro. Se não podem fazer o seu candidato falar abertamente sobre a situação, nos bastidores, os profissionais da campanha de Moro torcem, incentivam e até dão dicas para que a equipe de Rosane explore a questão. Enquanto gruda em Ratinho e Bolsonaro, até irritando Paulo Martins, Moro torce e, até incentiva o crescimento de Rosane, tirando votos de Alvaro.
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