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Roger Pereira

Roger Pereira

A política do Paraná em primeiro plano

Rodovias

Sob impasse, Paraná completa um ano sem pedágio

Cobrança de pedágio foi interrompida nas rodovias do Anel de Integração em 27 de novembro de 2021
Cobrança de pedágio foi interrompida nas rodovias do Anel de Integração em 27 de novembro de 2021 (Foto: Alex Silveira/Tribuna do Paraná)

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Desde 28 de novembro de 2021, o motorista que viaja pelo Anel de Integração do Paraná não paga pedágio para percorrer as rodovias que cortam o estado. No entanto, durante todo esse período o motorista deixou de contar com serviços como pontos de descanso, postos de atendimento ao usuário e informações em tempo real sobre as condições das rodovias. Também depende do serviço público para a conservação e manutenção das rodovias, sinalização e socorro médico ou mecânico.

O Paraná completa um ano do fim das concessões de suas rodovias, sem perspectiva de quando essas estradas voltarão a ser administradas pela iniciativa privada.

Ao assumir o Governo do Estado, em 2019, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) anunciou que não renovaria e nem prorrogaria os contratos de concessão que venceriam em 2021, após 24 danos de administração das rodovias paranaenses por seis diferentes concessionárias. O governo informou que devolveria a delegação das rodovias federais à União para que o Ministério da Infraestrutura ficasse responsável pela nova concessão, incluindo rodovias estaduais a serem “cedidas” pelo estado.

Desde então, passou-se a desenhar o novo modelo de pedágio para as rodovias paranaenses. Mas, por conta da pandemia de Covid-19, atrasos no projeto, impasse na audiência pública, mudança de modelo por pressão da sociedade civil organizada, diligências no Tribunal de Contas da União (TCU), entre outras razões, a nova licitação não pode ser realizada ao final dos contratos anteriores, como se previa - e nem um ano depois do encerramento desses contratos.

Eleição de Lula foi último impasse para o avanço da nova concessão

O atraso na construção do novo modelo e a mudança de cenário político para 2023, com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, levou a situação do pedágio no Paraná a um impasse, que resultou em mais um adiamento da nova concessão.

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Apesar de haver homologação do TCU para que os dois primeiros lotes (de um total de seis) sejam licitados, o leilão não ocorrerá esse ano, por pedido da equipe de transição do governo federal, nem deverá ocorrer, nestes moldes, em 2023, pois o presidente eleito anunciou, em campanha eleitoral, que pretende fazer alterações no modelo de pedágio do Paraná, não levando adiante o projeto construído nestes últimos anos. Segundo pronunciamentos anteriores, o governo Lula pretende apresentar um pedágio de manutenção, com tarifa bem mais baixa que a proposta atualmente, por não prever grandes obras.

O que prevê o projeto atual?

O modelo desenhado pelo atual governo federal, com consentimento do Governo do Paraná, já apresentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ao mercado, prevê a concessão de 2,2 mil quilômetros de rodovias, em seis lotes (licitação dos dois primeiros já autorizada), com R$ 44 bilhões em investimentos em obras. Para isso, as concessionárias cobrariam pedágio em 42 praças de pedágio (15 a mais que no contrato anterior) a uma tarifa base média de R$ 16.

Essa tarifa base seria o valor de referência para o leilão, na Bolsa de Valores, em que venceria o contrato a concessionária que apresentar o maior desconto. Ao desconto ofertado sobre a tarifa base, no entanto, as empresas e consórcios participantes precisariam oferecer, também, um aporte de garantia progressivo ao tamanho do desconto.

Pedágio de manutenção e pedágio híbrido

Agora, a equipe de transição fala em um pedágio apenas de manutenção, com tarifa máxima de R$ 5 nos trechos do Anel de Integração já pedagiados no contrato anterior. Além disso, a proposta inclui uma revisão dos novos trechos a serem concedidos, para que os setores voltem a discutir a instalação das 15 novas praças e a criação de um modelo específico para as rodovias onde serão necessárias obras de duplicação.

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Coordenador da Frente Parlamentar do Pedágio, o presidente estadual do PT, Arilson Chiorato, levou a questão do pedágio do Paraná ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Para ele, apesar de todas as mudanças propostas, o projeto atual não vai ser todo perdido.

“Tem um acumulo técnico, científico, de participação popular muito grande que já foi remetido à equipe de transição e que vai ser discutido com o presidente Lula para um novo modelo de pedágio no Paraná. Um pedágio que caiba no bolso. Um pedágio de manutenção nos pontos em que já existia e um provável pedágio híbrido, com manutenção e obras, nos locais que definirmos como prioritário. Discussão, participação popular e tarifa baixa. Não dou prazo, mas a solução será muito mais rápida que esses quatro anos que eles tinham para fazer e não fizeram”, projeta Chiorato.

Futuro secretário estadual do Planejamento e ex-chefe da Casa Civil de Ratinho Junior, Guto Silva (PP) reconheceu que as concessões estão nas mão do governo federal e que, por isso, o novo governo tem a prerrogativa de alterar o projeto do pedágio, mas disse que o Governo do Paraná manterá sua posição em defesa de um pedágio que garanta a realização de grandes obras rodoviárias. “O momento, agora, é de aguardar. Nós estamos aguardando a equipe de transição e a posse do novo governo pra entender qual a visão sobre o modelo de pedágio do Paraná", diz.

"Mas uma coisa eu posso afirmar: a visão do governador é que nós não podemos hipotecar novamente um pedágio sem obra, sem investimentos. Nosso pedido é para que a gente consiga manter os investimentos previstos e o governo aberto pra negociar, para identificar o que precisa modelar".

Guto Silva (PP), futuro secretário estadual do Planejamento e ex-chefe da Casa Civil de Ratinho Junior

Guto Silva reiterou a posição do Governo do Estado de rechaçar um modelo apenas de manutenção. "Não queremos um pedágio para pintar faixas e fazer manutenção básica da rodovia, sem que haja investimentos que são importantes para acompanhar o crescimento do nosso estado. Vamos aguardar a posição do novo governo. Mas o governador foi muito claro que vai pedir para que seja inserido nesse modelo novo as obras e investimentos que o Paraná tanto precisa", reiterou.

Governo do Estado aplica R$ 222 milhões nas rodovias

Para o perídio sem pedágio, que completa um ano, o Governo do Paraná tem garantida a aplicação de R$ 222,4 milhões em um programa emergencial de conservação. Deste montante, 40% (R$ 88 milhões) foi gasto neste primeiro ano em contratos de conservação do pavimento, incluindo remendos superficiais e profundos, reperfilagem e microrrevestimento, conservação da faixa de domínio, como controle da vegetação próxima ao pavimento, limpeza e recomposição de elementos de drenagem, limpeza e recomposição da sinalização, entre outros.

“Para todas as regiões temos contratos de dois anos, o que garante a manutenção das nossas rodovias estaduais até dezembro de 2023. Nesta licitação, também deixamos a possibilidade de rescisão contratual sem penalidade para as partes envolvidas, caso a conservação não seja mais necessária após o novo programa de concessões do governo federal”, explica o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, (DER-PR), Alexandre Castro Fernandes.

Em outra frente, o DER-PR investiu R$ 103 milhões para o serviço de “Operação de Tráfego Rodoviário”, que abrange guinchos, monitoramento e central de atendimento. Em março, o DER-PR estruturou um centro de atendimento aos usuários das rodovias paranaenses, que já realizou 47 mil atendimentos.

Além disso, o órgão informa que todos os dias equipes específicas de atendimento percorrem 100% da malha, três vezes por dia, prestando auxílio e reforçando a sinalização em locais com incidentes, como baixa visibilidade na pista e engarrafamentos.

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