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Em visita a Maringá, na noite de quarta-feira (11) o presidente Jair Bolsonaro (PL) cravou, pela primeira vez, aquilo que já era dado como certo nos bastidores: o deputado federal Paulo Martins (PL) é seu pré-candidato ao Senado no Paraná. O nome de Martins, inclusive teria sido construído em consenso entre o grupos de Bolsonaro e do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), sendo o preferido do governador em uma pré-lista apresentada a ele pela ala bolsonarista que trabalha pela aliança entre governador e presidente nas eleições de outubro. A construção da pré-candidatura começou com a mudança de partido de Martins, do PSC para o PL de Bolsonaro, durante a janela partidária de março.
“Eu não queria falar sobre isso, mas o meu candidato aqui é o Paulo Eduardo Martins. É um deputado federal com ações importantes. É uma pessoa que eu conheço há muito tempo. É uma pessoa do meio jornalístico, que faz uma defesa excepcional da liberdade de imprensa e que defende, não o governo, mas os bons projetos que tramitam no Congresso Nacional, que, por coincidência, interessam ao governo. Então, boa sorte ao Paulo Eduardo Martins”, declarou Bolsonaro, em rápida entrevista em Maringá.
Para Paulo Martins, a declaração pública de Bolsonaro muda o status da eleição para o Senado no Paraná, já que, ao menos outros dois pré-candidatos buscavam o apoio do presidente para se viabilizarem na disputa, Guto Silva (PP) e Aline Sleutjes (Pros). “Deixa claro o óbvio, a posição dele. Havia outras pessoas que querem disputar essa vaga e lutavam pelo apoio do presidente, porque é uma sinalização muito importante para parte do eleitorado, e, agora, isso é uma situação resolvida. A eleição para o Senado no Paraná acaba entrando em uma nova etapa”, disse. Falta, apenas, fechar a questão com o governador Ratinho Junior. “O governador tem o tempo dele, vai digerir isso e vai ver as peças do xadrez dele. Mas o que falta para fechar essa aliança, eu prefiro que ele responda”.
Paulo Martins é jornalista, deputado em segundo mandato
Deputado federal em segundo mandato, Paulo Martins tem 41 anos, é jornalista e ascendeu à vida pública após ganhar destaque como comentarista político na Rede Massa – retransmissora do SBT no Paraná. Disputou as eleições de 2014 pelo PSC – mesmo partido do então candidato a deputado estadual Ratinho Junior, ficando com a quarta-suplência da coligação. Tomou posse em março de 2016, com a saída de alguns deputados para exercerem cargos no Governo do Estado. Trocou o PSC pelo PSDB, do então governador Beto Richa, mas voltou para seu primeiro partido para disputar as eleições de 2018, sendo reeleito com 118.754 votos.
Na atual legislatura, aproximou-se do governo federal, defendendo as pautas conservadoras e, especialmente, com uma postura liberal diante dos temas econômicos. Apresentou a emenda à reforma trabalhista que tornou o imposto sindical facultativo e relatou a Medida Provisória que coibiu fraudes no sistema previdenciário. No ano passado, presidiu a comissão da PEC do Voto Impresso, proposta que acabou derrotada no plenário da Câmara.
Paulo Martins disse que lança-se pré-candidato ao Senado para oferecer uma alternativa de renovação ao eleitor paranaense. “É necessário renovar, colocar a força do Paraná no Senado. É necessário que tenhamos uma postura que não tenha medo de fazer os enfrentamentos que precisam ser feitos em Brasília. O acanhamento do Senado é uma das razões da nossa situação de conflitos entre poderes e instabilidade política de hoje. É uma postura ao inverso disso que quero ter”, afirmou, já indicando qual seria sua principal atuação no Senado. ““O momento que impulsiona a minha candidatura é um momento de busca de garantias constitucionais. A gente vê um esgarçamento da nossa estrutura jurídica, há um desequilíbrio entre os poderes e a gente tem que restabelecer esse equilíbrio no Senado. Do contrário, não adianta a gente ficar falando em busca do interesse do estado, isso tudo é óbvio e está implícito, mas, antes disso, temos que ir em busca de segurança jurídica, o que só teremos com equilíbrio entre os poderes”.
Cada vez mais próximo ao governo Bolsonaro, o deputado, conhecido por suas posturas questionadoras sobre governos e governantes durante os tempos de TV, diz ter sim críticas ao atual presidente. “Tenho e já as fiz. Acho que o governo Bolsonaro tem muito mais acertos do que erros, mas a minha principal crítica é quanto à forma, não o conteúdo. A maneira como o governo se movimenta acaba gerando alguns ruídos que entendo serem desnecessários. O governo é muito alinhado com aquilo que eu penso, então, minha crítica é quanto a forma”.
Sobre sua atuação em um eventual governo Lula, foi taxativo: “o próprio histórico já diz bastante. O governo Lula vai propor exatamente o oposto àquilo que eu penso. O governo Bolsonaro defende a liberdade. Lula quer controlar a mídia, controlar as redes sociais, romper o teto de gastos, coisas que são caras a mim É obvio que se eu for eleito senador e Lula presidente, minha oposição será ferrenha”.