O último dia de sessões plenárias da Assembleia Legislativa do Paraná antes do recesso foi marcado por um pronunciamento surpreendente do deputado estadual Plauto Miró (União). Na segunda sessão do dia, em que nenhum outro parlamentar discursou, num acordo para agilizar as votações, Miró pediu a palavra e subiu à tribuna da Casa para criticar o próprio partido, que inclusive, chamou de “lixo”.
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A bronca do deputado é com relação à distribuição dos recursos do fundo eleitoral e do fundo partidário para os candidatos da legenda. Segundo o deputado, os candidatos oriundos do DEM estão sendo preteridos pelos políticos de origem no PSL (o União Brasil é resultado da fusão das duas siglas).
“Ingressei na vida pública em 1990, no PFL, foi extinto; virou Democratas e eu fiquei no Democratas; agora, o democratas foi extinto e eu segui com a mesma filiação partidária. Assim, infelizmente fiquei em um partido que é dirigido por uma família que faz o que quer, não escuta ninguém. E pior, esse tal de fundo partidário virou uma grande negociata. Infelizmente, eu estou lá. Vejo outros partidos que dialogam com seus filiados, com seus candidatos, mas o nosso ficou um lixo. Muito mal dirigido, só interesse próprio. Daí tem nota de advogado, não sei por que tão grande, nota para contador, você é obrigado a contratar determinada produtora para sua propaganda”, desabafou o deputado.
“Fiquei no partido para manter uma tradição de estar sempre na mesma sigla partidária, porque o PFL tem uma linha ideológica semelhante ao que penso. Mas esse partido que fiquei é um lixo. É uma vergonha esses dirigentes que posam de bonzinhos, de defensores do dinheiro público, de moralistas, estarem fazendo o que estão fazendo com o fundo partidário. Vários deputados e candidatos oriundos dos Democratas não têm acesso aos recursos do fundo partidário, só os compinchas dos dirigentes do partido”, acrescentou. “Saudades da velha política”, concluiu.
O União Brasil, no Paraná, é comandado pela família Francischini. A coluna tentou contato com o deputado federal Felipe Francischini, presidente estadual do partido, e com o ex-deputado estadual Fernando Francischini, tesoureiro da legenda, mas nenhum dos dois atendeu nem retornou. O espaço segue aberto para os comentários de ambos.
De acordo com as prestações de contas dos candidatos no Tribunal Superior Eleitoral, nem Plauto, nem os deputados estaduais Nelson Justus e Nelson Luersen receberam recursos do fundo partidário. Justus é oriundo do DEM, enquanto Luersen trocou o PDT pelo União na última janela partidária. Também ex-filiados ao DEM, o deputado Mauro Moraes recebeu R$ 80 mil do fundo e Dr. Batista, R$ 27 mil. Já os políticos eleitos pelo PSL em 2018 receberam volumes maiores.
O ex-deputado Emerson Bacil, que perdeu o mandato após a cassação de Francischini, recebeu R$ 108 mil. Do Carmo, também prejudicado pela cassação de Francischini, recebeu R$ 180 mil do fundo, o mesmo montante do deputado estadual Luiz Fernando Guerra e da vereadora Flávia Francischini, mulher de Fernando Francischini e candidata a deputada estadual.
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