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Sergio Moro integra comitiva que acompanhou Bolsonaro no debate
Sergio Moro chegou a passar orientações a Bolsonaro durante o debate. O ex-juiz e o atual presidente se reaproximaram nas últimas semanas| Foto: Reprodução

Uma das maiores surpresas no primeiro debate do segundo turno da eleição presidencial não foi nenhuma nova proposta, acusação ou “bala de prata” de um dos candidatos, mas uma presença de bastidores. A participação do ex-juiz federal e senador eleito Sergio Moro (União) entre os assessores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no programa repercutiu tanto quando os melhores e piores momentos de cada concorrente no evento da BandTV. E a consequência política deste movimento do ex-ministro de Bolsonaro, que deixou o governo acusando o presidente de interferência na Polícia Federal, vem sendo discutida desde a noite do último domingo (17).

A presença de Moro nos estúdios da Band constrangeu e acuou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passou um ano e meio preso por decisão do ex-juiz, e pautou um bloco inteiro do debate, quando os candidatos discutiram corrupção, no momento que foi avaliado pelos analistas como os melhores minutos de Bolsonaro no programa, e os piores de Lula.

“No primeiro turno, eu defendi a terceira via, a candidata do partido (Soraya Thronicke), mas, nesse segundo turno, desde o início, me posicionei contra o Lula e contra o projeto de poder do PT. Fui ao debate, convidado pelo presidente Bolsonaro, para auxiliá-lo a mostrar as contradições do Lula. E a gente viu muito claramente durante o debate que ele não conseguiu responder as questões cruciais”, disse Moro à coluna. “Ele não explicou por que não isolaram os líderes do PCC em presídios federais, numa frouxidão no combate ao crime, uma leniência com esse grupos criminosos organizados. Também não conseguiu responder sobre o Petrolão e, inclusive, mentiu ao afirmar que foi o Conselho de Administração que nomeou Renato Duque, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, quando foi ele que fez essas escolhas. Ficou muito claro, pela ausência dessas respostas, que o debate teve um perdedor. Vamos ver como a campanha se desenvolve nos próximos dias”, acrescentou.

A reaproximação de Moro a Bolsonaro vinha sendo desenhada desde o primeiro turno, por conta da disputa pelo Senado no Paraná. Com o discurso de “temos o mesmo inimigo”, Moro conquistou os votos bolsonaristas no estado e venceu a eleição com a promessa de ser o principal antagonista do PT no Congresso Nacional. Mas, depois de ter deixado o Ministério com acusações contra o governo (há um processo aberto no STF para investigar a interferência na Polícia Federal apontada por Moro), declarar que Bolsonaro acabou com a Operação Lava Jato e passar os últimos dois anos fazendo duras críticas ao presidente, inclusive comparando casos de corrupção investigados no atual governo com os que ele julgou como juiz, a presença de Moro no debate, como um dos principais assessores de Bolsonaro surpreendeu.

Aliados viram o movimento como mais uma decisão arriscada na conturbada carreira política de Moro, que pode consolidá-lo como o principal nome de oposição no Congresso em caso de eleição de Lula, mas também pode compromete-lo e torna-lo coadjuvante em caso de vitória de Bolsonaro. Mas, nesta hipótese, a indicação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (o próximo presidente indicará, ao menos, dois ministros) ou mesmo a sucessão presidencial em 2026 podem estar no radar do ex-juiz.

Adversário de Moro na disputa pelo Senado, o deputado federal Paulo Martins (PL) elogiou a atitude do senador eleito. “Sobre a presença de Sergio Moro ao lado de Jair Bolsonaro no debate, é algo positivo e interessante. O que aconteceu não muda, mas todos os esforços são necessários para evitar que o ‘comunupetismo’ tome conta do Brasil”, escreveu no Twitter.

Moro não esteve sozinho com Bolsonaro no domingo. Sua equipe jurídica e de marketing o acompanharam. Uma do integrantes da comitiva negou que houve cálculo político para essa participação. “Não [haverá consequência política]. Agora, a decisão de todos é ou Lula ou Bolsonaro. E ele foi dar a contribuição que achou que deveria dar. A partir do dia 30 uma nova página vai ser escrita. E, no ano que vem, o Paraná terá um senador independente no Congresso”, disse.

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