O presidente da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto participou, nesta quarta-feira (2), de audiência na Câmara Municipal de Curitiba para explicar a gestão do transporte coletivo da capital durante a pandemia de Covid-19. Ogeny defendeu o regime emergencial, que resultou em repasses mensais de até R$ 20 milhões às empresas de ônibus. Ele defendeu que a medida representa economia para o município.
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“Com o regime emergencial, reduzimos os custos do transporte de R$ 82 milhões para R$ 54 milhões mensais. A receita com passagens é um pouco mais de R$ 30 milhões e o restante é completado com o repasse da prefeitura. Sem o regime, teríamos que repassar cerca de R$ 50 milhões para as empresas para mantermos a frota mesmo com a redução do número de passageiros”, disse, lembrando que o contrato prevê que a prefeitura arque com a diferença entre a arrecadação e o custo. Ressaltou ainda que, com o regime emergencial, o município conseguiu reduzir os custos e retirar, temporariamente, o lucro das empresas para manter o sistema funcionando com frota completa para cumprir as determinações de redução no número de passageiros por ônibus. “Até o Ministério Público já apurou e constatou que não há vantagem às empresas no sistema emergencial”, citou.
Ogeny citou que, durante o mês de maio, por exemplo, a quilometragem rodada pelos ônibus foi 19% menor em relação a meses de funcionamento em regime normal, enquanto o número de passageiros foi 55% menor (94 milhões, quando o “normal” é 204 milhões por mês).
Durante a audiência, o presidente da Urbs foi bastante questionado sobre a pesquisa divulgada pela prefeitura com o cruzamento dos CPFs das pessoas diagnosticadas com Covid-19 na cidade e os usuários de cartão transporte em Curitiba, usada pelo município para afirmar que os ônibus da capital não são foco de contaminação pelo coronavírus. “A pesquisa não é nem estatística. É com dados reais. Todos os pacientes foram cruzados e o resultado é que apenas 0,1% deles têm cartão transporte. O ônibus não é o vilão”, disse.
“Será que algo não está errado? Os ônibus vivem lotados. A população vive reclamando. Vira e mexe vemos flagrantes. Não dá para entender o levantamento. E quem pagou [a tarifa] com dinheiro?”, questionou Flávia Francischini (PSL). “Essa pesquisa ignora o fato que é central, os assintomáticos. Os assintomáticos não passam por unidade de saúde, eles são invisíveis ao olhos das autoridades sanitárias e são eles que acabam contaminando outras pessoas”, reforçou Denian Couto (Pode).
“A pesquisa não está errada, com os dados que tem, mas sua interpretação está, devido aos passageiros assintomáticos. Não podemos dizer que não há contaminação nos ônibus se não testarmos. Existe alguma iniciativa da prefeitura de se fazer testagem dos usuários do transporte?”, questionou Professora Josete (PT). Ogenny admitiu que a testagem em massa “traria resultados muito mais confiáveis”, mas não adiantou nenhum plano neste sentido.
Nori Seto (PP) e Alexandre Leprevost (Solidariedade) perguntaram sobre projeto-piloto de sistema de inteligência artificial, ofertado pela Associação Comercial do Paraná (ACP), para o controle da lotação nos ônibus. Segundo os vereadores, a proposta foi acatada pela gestora da região metropolitana, mas não pela Urbs. “A ACP se comprometeu a custear. Colocaram em dois ônibus da Região Metropolitana, até agora. Queremos ter o serviço em mil ônibus. Mandamos ofícios em 20 de maio e não tivemos respostas. Se responderem, vamos implementar. Caso não o façam, vamos processá-lo por informação enganosa que está nos levando a esse tipo de conflito. Falar uma coisa e não fazer é enganar”, criticou Ogeny.
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