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Roger Pereira

Roger Pereira

A política do Paraná em primeiro plano

Quebra de decoro

Bancada evangélica na Câmara de Curitiba pede cassação de vereador Renato Freitas

Renato Freitas
Vereador Renato Freitas, assinando termo de posse na Câmara Municipal (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

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Os vereadores Osias Moraes (Rep), Ezequias Barros (PMB), Marciano Alves (Rep) e Tânia Guerreiro (PSL) apresentaram representação por quebra de decoro parlamentar contra o líder da oposição na Câmara Municipal de Curitiba, Renato Freitas (PT). Os vereadores, integrantes da bancada evangélica na Câmara, acusam o colega petista de ofensas à honra e à dignidade pessoal, além de discurso discriminatório e de intolerância religiosa.

Entre as ofensas relatadas pelos vereadores, Freitas os teria chamado de “pastores trambiqueiros”, afirmado que a crise é vista com bons olhos pelas lideranças religiosas, “por gerar mais pessoas desesperadas” e que os pastores são contrários à políticas públicas de assistência social para “serem vistos como salvadores”.

O desentendimento entre a bancada evangélica e Freitas começou na sessão de 10 de fevereiro quando Ezequias Barros defendeu as comunidades terapêuticas ligadas às igrejas e criticou PT e Psol por tentarem, na Câmara Federal, impedir o funcionamento deste tipo de comunidade. “A crise para vocês dá lucro, porque gera pessoas desesperadas, gera pessoas frustradas, gera pessoas sem esperança na vida e que por isso precisam das palavras firmes e fortes. E vocês se julgam, se autoproclamam os intermediários legítimos da interpretação a palavra, o que eu discordo por absoluto”, disse Freitas, que defendeu que os recursos devam ser investidos nos Centros de de Atenção Psicossocial (CAPS). “Mas, para vocês, os CPAS precisam desaparecer e para isso, as iniciativas públicas, laicas e gratuitas do Estado precisam desaparecer, para que vocês apareçam logo depois como os possíveis salvadores e arrecadando esse dinheiro”, disse.

Em 16 de fevereiro o discurso de Freitas foi criticado por outros vereadores evangélicos e o líder da oposição rebateu afirmando que estava preparado para o enfrentamento “das pequenas igrejas, grandes negócios, ou das gigantescas empresas que já funcionam, como a Igreja Universal, comprando emissoras de rádio, comprando empresas, fazendo ali o seu curral eleitoral”.

A denúncia também registra que, em 04 de abril, Freitas criticou, em comentários no Youtube durante a transmissão ao vivo da sessão plenária, a defesa pela bancada evangélica, do tratamento precoce contra a Covid-19 e, segundo os denunciantes, mais uma vez, teria quebrado o decoro ao proferir ofensas. “Espero que agora o Pastor Ezequias pare de defender o absurdo do tratamento precoce fundamentado em fakenews...isso é irresponsável e gera muitas mortes”, escreveu o vereador, que, depois emendou: ““Essa bancada conservadora dos pastores trambiqueiros não estão (sic) nem aí para a vida, só pensam no seu curral eleitoral bolsonarista, infelizmente”.

Para Renato Freitas, ação é tentativa de censura

O vereador Renato Freitas, que foi, inclusive, quem levou a público a representação contra seu mandato, afirmou, em nota, que o movimento da bancada evangélica “trata-se de uma evidente tentativa de censura ao parlamentar e as pautas que ele apresenta”. Para Freitas, a ação apresenta trechos desconexos, falas descontextualizadas do vereador, e solicita ainda a cassação do mandato parlamentar por quebra de decoro, sem razões jurídicas para tal. “Para Renato Freitas e movimentos sociais que se manifestaram, a ação trata de censura pública ao vereador que tem questionado práticas da velha política dentro da Câmara, além de se tratar de evidente tentativa de repressão ao que o mandato do vereador representa: uma nova cultura política, com o protagonismo centrado nas periferias de Curitiba – ‘a Curitiba que não aparece nos cartões postais’, conclui a nota.

A representação contra Freitas foi recebida pela Mesa da Câmara Municipal e encaminhada à corregedoria da Casa, que avaliará a materialidade do fato para decidir pela abertura ou não de sindicância. Caberá à Mesa, após parecer da Corregedoria decidir se o caso é passível de encaminhamento ao Conselho de Ética da Casa.

Em nota, a corregedora da Câmara, vereadora Amália Tortato (Novo), comunicou que recebeu a representação da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Curitiba. "A Corregedoria da Casa está analisando cuidadosamente o processo, para que os direitos de todos os envolvidos sejam respeitados. Tão breve o relatório da Corregedoria esteja pronto, o processo será devolvido à Mesa, na forma regimental, para prosseguimento ao Conselho de Ética ou arquivamento do processo.”

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