Requião e Lula em comício em Curitiba.| Foto: Eduardo Matysiak/Divulgação / Federação Brasil da Esperança
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O evento era de Lula e Requião, tentando colar no eleitor paranaense, o voto fechado nos candidatos do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao Governo do Paraná, Roberto Requião. Mas o ex-senador e ex-governador praticamente abriu mão de fazer campanha para sua eleição nos 15 minutos que discursou na Boca Maldita, dedicando a maior parte do tempo a exaltar Lula e pedir que o militante paranaense trabalhe para conquistar votos suficientes para tentar eleger Lula no primeiro turno.

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A presença de Lula em Curitiba era vista como estratégica para alavancar a candidatura de Requião, uma vez que o candidato do governo do PT não consegue a transferência de todas as intenções de voto do presidenciável do partido. Na pesquisa Ipec divulgada na última sexta-feira (16) Requião tem 28% das intenções de voto, ante 55% do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), o que indica que o atual governador seria reeleito no primeiro turno. Na mesma pesquisa, Lula tem 36% de intenções de voto no Paraná (contra 44% do presidente Jair Bolsonaro)*.

“Eu tenho 81 anos, já fui governador três vezes, fui presidente do parlamento europeu latino-americano na Bélgica, mas eu voltei para a política do Paraná porque eu acredito no Lula de hoje e pelo que ele vai fazer pelo Brasil a partir do ano que vem”, disse Requião, que ainda ironizou o fato de ter sido anunciado com destaque para a sua idade. “Tenho impressão que isso é o início do meu obituário”.

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Requião disse estar voltando à vida política por estar “indignado por ver mulheres assaltando caminhão de lixo para alimentar suas famílias ou fazendo sopa com ossos descartados pelos açougues. É a indignação que me faz estar nesse palanque, mais do que defendendo a minha candidatura, estou aqui por você. Não vale a pena ser o governador do Paraná se Lula não for o presidente da República”.

Requião disse que o brasileiro foi iludido por Jair Bolsonaro (PL). “Não estou aqui para agredir os bolsonaristas. Eles foram iludidos: pela Operação Lava Jato, que tentou criminalizar um patriota brasileiro, pela Globo. E uma parte da população se enganou com a perspectiva de que todo politico seria corrupto e que nós deveríamos entregar o Brasil ao capital financeiro”. Ao repetir seu jargão “não se pode servir a Deus a mamon”, Requião disse que o dinheiro não pode comandar a vida dos homens e afirmou que “Lula é indispensável e estou aqui pelo mesmo motivo que vocês. Vim a esse palanque com candidato ao Governo do Estado e como o cabo eleitoral principal do Lula no Paraná”.

Sobre sua candidatura, o ex-senador pouco falou. Criticou o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), a quem chamou de “um equívoco da última eleição, um engano, como Bolsonaro” e repetiu sua promessa de reduzir as tarifas de água e energia. “Um verdadeiro roubo, que serve para dar lucro a sócios privados da Copel nos Estados Unidos e Canadá. Assumo um compromisso firme e definitivo. Ganhamos o governo e eu ponho na rua os diretores da Copela e da Sanepar e entrego nossa empresas para servir ao povo do Paraná”.

Requião criticou, ainda, os incentivos fiscais de R$ 17 bilhões anuais concedidos pelo atual governo  governador, as terceirizações na educação e o novo modelo de pedágio. “Vamos acabar com as concessionárias que roubam, fazer um pedágio de manutenção pequeno, como a Dilma fez em Santa Catarina”.

Mas logo, voltou a falar de Lula. “Precisamos dar uma lição de educação política ao Brasil. Precisamos garantir a eleição do Lula no primeiro turno. Falta muito pouco”, concluiu, pedindo empenho à militância para conquistar mais votos a Lula.

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Lua retribuiu as falas de Requião e dedicou 10 minutos dos 45 de seu discurso a enaltecer o candidato ao governo do Paraná. “Estou aqui, também por causa desse companheiro. Um dos dias mais felizes da minha vida foi o dia que ele, aos 80 anos de idade, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. Existem poucos cidadãos com caráter, honradez e compromisso com o povo mais necessitado que o Requião”, disse. O ex-presidente afirmou que ficava orgulhoso “quando algum juiz tomava uma decisão para que o Requião desocupasse, despejasse ou o povo pobre que estava sem casa ou os sem-terra que estavam ocupando um terreno e o Requião tomava a decisão de não tirar. Ele não estava desrespeitando a lei, ele estava respeitando a vida, estava dizendo que é preciso saber o que é justo, aumentando muito meu orgulho por esse homem”.

Lula disse, ainda que Requião “às vezes é bruto, não é delicado, fala algo que não deveria falar, não tem papas na língua. Mas quem não tem nenhum defeito? O que importa é que não tem nenhum político neste país que defenda a soberania nacional como esse companheiro defendeu durante toda sua vida política”.

*Metodologia da pesquisa Ipec

A pesquisa eleitoral encomendada pela RPC TV para o Ipec entrevistou 1,2 mil pessoas, entre os dias 13 e 15 de setembro, em 57 municípios paranaenses. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR-01166/2022; e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o código PR-02436/2022.