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Roger Pereira

Roger Pereira

A política do Paraná em primeiro plano

Quebra de decoro

Corregedoria da Câmara de Curitiba abre sindicância contra vereador Renato Freitas

Renato Freitas
Vereador Renato Freitas, assinando termo de posse na Câmara Municipal (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

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A Corregedoria da Câmara Municipal de Curitiba abriu sindicância para apurar a representação contra o vereador Renato Freitas (PT), feita por quatro vereadores – Ezequias Barros (PMB), Sargento Tânia Guerreiro (PSL), Osias Moraes e Pastor Marciano Alves (ambos do Republicanos). Eles alegam violação de cinco artigos do Código de Ética e Decoro Parlamentar da CMC por “ofensas discriminatórias”, “ofensas morais e à dignidade”, “intolerância religiosa” e “quebra de decoro” por parte do representado, em falas durante as sessões plenárias.

A representação foi feita há um mês, no dia 6 de abril, Entre as ofensas relatadas pelos vereadores, Freitas os teria chamado de “pastores trambiqueiros”, afirmado que a crise é vista com bons olhos pelas lideranças religiosas, “por gerar mais pessoas desesperadas” e que os pastores são contrários a políticas públicas de assistência social para “serem vistos como salvadores”. Freitas criticou a defesa dos deputados evangélicos do tratamento precoce à Covid-19, o financiamento público a comunidades terapêuticas mantidas por igrejas e o projeto Mesa Solidária, que visa regulamentar a doação de alimentos na cidade.

A corregedora da Casa, Amália Tortato (Novo), informou que está “ciente das questões implicadas, com relação à honra e à liberdade religiosa e de culto, bem como à liberdade de expressão e à imunidade parlamentar do vereador representado”. Em nota, ela garantiu que “a análise está sendo feita de maneira técnica e imparcial, em respeito à Ética e ao Decoro Parlamentar desta Casa, sopesando as disposições supostamente infringidas com os princípios que garantem a proteção aos valores fundamentais desta República, da liberdade de expressão e de opinião”.

Embora não seja procedimento obrigatório nessa etapa, a Corregedoria, que tem até o dia 25 de maio para concluir seu relatório, deu oportunidade para que Freitas se manifestasse e prestasse esclarecimentos quanto às alegações da representação, informa a Câmara Municipal. O Código de Ética exige que “havendo indícios do cometimento de infração ético-disciplinar ou de procedimento incompatível com o decoro parlamentar, a Corregedoria formalizará representação contra o vereador suspeito, requerendo a instauração do procedimento disciplinar competente”. As punições são: censura pública, suspensão das prerrogativas regimentais, suspensão temporária ou perda do mandato.

Nesta segunda-feira (10), Renato Freitas organizou uma manifestação política-cultural pela sua defesa em frente a Câmara Municipal. Cerca de 70 pessoas participaram do ato pacífico, que também contou com manifestações culturais e artísticas, com música, dança e poesia. De lá, participou da sessão dizendo que “o processo de cassação do nosso mandato é um absurdo, não tem nenhum tipo de fundamento, o único objetivo é tentar censurar nosso mandato, é tentar fazer com que nossa voz se cale”.

Ele sustentou três críticas que fez a temas discutidos durante as sessões plenárias. “Nós apontamos a mentira. Primeiro, o chamado ‘kit covid’ é uma grande mentira. Outro ponto são as comunidades terapêuticas: é um absurdo em um estado laico você injetar mais dinheiro em comunidade terapêutica do que em Centro de Atenção Psicossocial (Caps). E o terceirou ponto é o Mesa Solidária: eu sei que o prefeito não gostou, a liderança do prefeito não gostou. Os vereadores que assinaram para acelerar a votação do projeto, num indicativo de retirar a possibilidade das pessoas não se alimentarem enquanto tinham fome, não gostaram que eu expus, respeitosamente, o nome dos 13 vereadores. Então, por que assinaram?”, questionou. Freitas encerrou dizendo que quer “respeito” e que “aquele que expor a mentira receberá o ataque da verdade”.

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