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Roger Pereira

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A política do Paraná em primeiro plano

Quebra de decoro

Três vereadores pedem cassação de Renato Freitas por invasão de igreja em manifestação

Renato Freitas liderou manifestação dentro de igreja de Curitiba. (Foto: Reprodução / Instagram)

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Já tramitam na Câmara Municipal de Curitiba três representações contra o vereador Renato Freitas (PT) por quebra de decoro parlamentar. As petições querem que o petista responda junto à Corregedoria e à Comissão de Ética da Câmara por ter invadido, no último sábado (5) a Igreja do Rosário, no centro histórico de Curitiba. O ato foi organizado como protesto contra o racismo, em razão dos assassinatos de Moïse Mugenyi e Durval Teófilo Filho.

Eder Borges (PSD), Pier Petruzziello (PTB) e Pastor Marciano Alves (REP) já apresentaram representação contra o vereador, com base na nota divulgada pela Arquidiocese de Curitiba, que narra e lamenta o fato ocorrido no sábado. Ele pede que seja instalada sindicância contra Freitas e, posteriormente, a apuração de infração ético-disciplinar no Conselho de Ética da Casa, sugerindo, como pena, a perda do mandato.

“A liberdade religiosa e o direito a culto são assegurados pela nossa Constituição e a atitude deste vereador passou de todos os limites, causando repercussão nacional. As pessoas estão indignadas e nós não podemos criar o precedente gravíssimo de permitir que isso fique impune”, comentou Borges à coluna. "Tomarei as medidas necessárias para pedir a cassação do vereador Renato Freitas, do PT de Curitiba. Vereador deve lutar pela defesa do patrimônio material e imaterial de sua cidade. Nesse caso, violou os dois", anunciou Pier, em suas redes sociais. "Exigimos que essa Casa se posicione e se manifeste por conta do ocorrido", declarou Alves, durante a sessão da Câmara.

O incidente de sábado foi o principal tema discutido na Câmara nesta segunda-feira. Diversos vereadores manifestaram repúdio à atitude do vereador e cobraram posicionamento da Casa. Os vereadores lembraram que Freitas já se envolveu em polêmica com a bancada evangélica e foi alvo de processo disciplinar por ter chamado vereadores evangélicos de “pastores trambiqueiros”. “Qual o limite do vereador. Da última vez que aconteceu, a Câmara decidiu passar a mão na cabeça. Que, desta vez, a Câmara não se omita”, declarou Ezequias Barros (PMB).

No final da sessão, o presidente da Câmara, Tico Kuzma (Pros) leu uma nota sobre a posição da Mesa da Casa. “Repudiamos qualquer ato de violência e atos discriminatórios, em quaisquer de suas formas. Entendendo legítimas manifestações pacíficas que visem a proteção dos direitos de todos os cidadãos. Da mesma forma, essa Casa não compactua com quaisquer violações das liberdades religiosas e locais de culto, na medida em que se trata de um preceito fundamental para configurar um estado democrático. Portanto, assim como apoiamos as manifestações pacíficas e nos solidarizamos com vítimas de preconceito e barbárie, apoiamos, também, a preservação das liberdades individuais e repudiamos violações às liberdades religiosas e locais de culto. Assim, essa Casa não se furtará em apurar quaisquer  fatos postos a apreciação, com a devida isenção, orientada pelos limites impostos pela Constituição Federal, na medida em que todos se submetem às leis”.

Renato Freitas manifestou-se em um aparte de cerca de dois minutos durante fala de um colega que o criticava. “Sim, a manifestação foi por conta do racismo. Moïse Mugenyi e Durval Teófilo Filho morreram porque eram negros, em primeiro lugar. Foi escolhida a Igreja do Rosário que é a igreja dos pretos que foi construída pelos pretos e para os pretos, que eram proibidos de entrar na igreja matriz. Lá estivemos às 18 h, não atrapalhamos nenhuma missa, a igreja estava absolutamente vazia. Entramos, dissemos que nenhum preceito religioso supera o amor e a valorização da vida. E saímos ordeira e pacificamente, sem que ninguém tivesse se incomodado. E eu desafio qualquer um a provar o contrário” declarou o vereador.

De acordo com o artigo 208 do Código Penal brasileiro, escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso; ou ainda "impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso", como fizeram os manifestantes em Curitiba, são considerados crimes contra o sentimento religioso. A pena prevista é de detenção de um mês a um ano, ou ainda pagamento de multa. Quando há emprego de violência, a pena pode ser aumentada em um terço.

Atualização

A primeira versão deste texto apresentava apenas um pedido de cassação do mandato de Renato Freitas, feito por Eder Borges. Outros dois pedidos foram feitos posteriormente por Pier Petruzziello e e Pastor Marciano Alves e adicionados à reportagem.

Atualizado em 07/02/2022 às 18:23

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