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coletiva volta às aulas
O governador Carlos Massa Ratinho Junior atendeu à imprensa para anunciar o retorno gradativo das aulas presenciais na rede estadual de ensino.| Foto: Geraldo Bubniak

Ao anunciar a retomada das aulas presenciais na rede pública estadual, simultaneamente ao início da vacinação dos profissionais de educação, o governo do Paraná não vinculou uma coisa à outra, ou seja, não são apenas os profissionais já vacinados que retornarão ao trabalho presencial a partir da próxima segunda-feira (10), nas primeiras 200 escolas (cerca de 10%) da rede que iniciarão o retorno gradual das atividades em sala de aula.

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Segundo o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), as primeiras 32 mil doses reservadas a profissionais de educação dos lotes de vacinas que chegaram entre sexta-feira (30/4) e segunda-feira (3/5) serão destinadas aos profissionais de educação com idade entre 55 e 59 anos. “A partir dos próximos lotes priorizaremos, além da questão da idade, os profissionais que já estiverem trabalhando presencialmente”, afirmou o governador durante entrevista coletiva nesta terça-feira (4).

A retomada das aulas presenciais era uma das prioridades da Secretaria de Estado da Educação (Seed) e do governo do estado já na virada do ano. Toda a programação foi montada para que o início do ano letivo, em 18 de fevereiro, já ocorresse com uma parcela dos alunos em sala de aula. Para isso, o governo sancionou lei, aprovada com regime de urgência na Assembleia Legislativa, para tornar a educação atividade essencial, não sendo interrompida em caso de decreto de suspensão do comércio e serviços por causa da pandemia.

Por pedido de prefeitos e diretores de escolas, com dificuldade de organizar a estrutura e o transporte escolar, o início das atividades presenciais chegou a ser adiado para 1º de março, mas, em 26 de fevereiro, diante do crescimento acentuado dos números da Covid-19 no estado, o governador decretou o fechamento do comércio e toque de recolher em todo o estado, suspendendo, também, a volta às aulas.

"Esse trabalho todo estava preparado para acontecer em fevereiro, mas tivemos a chegada da nova cepa que interferiu frontalmente na estratégia traçada pela Secretaria de Educação. Tivemos 60 dias de enfrentamento rigoroso, ampliando leitos, tentando controlar a transmissão, sustentando o momento mais duro da pandemia, não fazia sentido uma abertura naquele momento. Agora estamos em viés de baixa e o protocolo é retomado. Neste ano todo passamos a entender o contexto e a evolução da pandemia. E, neste momento, a própria sociedade traduz essa expectativa de retorno às aulas. Vamos acompanhar diariamente o panorama da pandemia e tratar disso constantemente para reavaliar a todo tempo o quadro”, disse o secretário de Saúde, Beto Preto.

Passado o momento mais grave da segunda onda da pandemia, o estado começou a ser cobrado sobre a volta às aulas, mas reagiu com mais cautela. Ratinho Junior e o secretário de Educação, Renato Feder, chegaram a condicionar a retomada das atividades presenciais à vacinação dos profissionais de educação. O cronograma de repasses de vacinas pelo Ministério da Saúde aos estados, no entanto, atrasou demais e sofreu diversas reduções na previsão de doses distribuídas, o que fez o governo rever essa posição. Questionado se, com o início da vacinação dos professores e demais trabalhadores da educação, não seria mais adequado aguardar a conclusão desta imunização para retomar as aulas presenciais, o governador Ratinho Junior disse que não poderia esperar por não haver uma previsão confiável da quantidade de vacina a ser recebida nos próximos meses.

“Com 40 mil profissionais de educação vacinados (os 32 mil previstos para esta semana, mais os oito mil com mais de 60 anos, já imunizados), com todos os protocolos definidos pela Secretaria de Saúde e com as informações de mais de 21 países que já tiveram retorno há alguns meses e não registraram aumento da transmissão do vírus por causa da atividade escolar, desta forma controlada e gradativa, é possível sim fazer o retorno. Não podemos esperar que todos os profissionais de educação sejam vacinados em 30 dias, dependemos da distribuição por parte do Ministério. E, quem voltar, terá prioridade. O risco é menor no ambiente escolar controlado”, disse o governador. “O retorno às aulas não tem nenhum caráter empírico. Tem toda uma metodologia, que está sendo trabalhada há um ano. E a Secretaria de Saúde assume esse protocolo”, reforçou Beto Preto.

Ainda sem aval do Ministério, Paraná vai redirecionar doses de comorbidades para a Educação

A decisão do Paraná de antecipar a vacinação dos profissionais de educação, para colaborar com o protocolo de retomada das aulas presenciais na rede estadual, ainda não recebeu autorização do Ministério da Saúde, apesar de o estado ter feito requisição formal para a priorização destes trabalhadores - assim como o Ministério já fez para os profissionais de segurança pública. O governo do estado passará a redirecionar parte das doses destinadas a cidadãos com doenças crônicas, terceiro grupo prioritário (após profissionais de saúde e idosos), para este fim.

A ação não é inédita, os estados de São Paulo e Maranhão já tomaram tal decisão, assim como diversos municípios, inclusive no Paraná, como Cascavel, no Oeste. “Acredito que não teremos problemas nem com o governo federal, nem com os municípios. Outros estados já estão fazendo, algumas cidades aqui do Paraná também. Só é importante concluirmos, antes, a vacinação das pessoas com mais de 60 anos. As doses para concluir a imunização dos idosos já estão nos municípios, as destinadas aos profissionais de educação ainda não foram distribuídas, serão a partir de agora”, citou Beto Preto. “Nós vamos, a cada carga que chegar ao Paraná, separar um porcentual para os profissionais de educação. Neste primeiro momento, foi um porcentual maior, para gerar o impacto. Na sequência, devemos fazer na mesma linha do quantitativo dos profissionais de segurança”, diz. O Ministério da Saúde estima 169 mil profissionais atuando na educação básica no Paraná. A Secretaria de Estado da Educação acredita que esse número se aproxima dos 300 mil.

Em nota, a APP-Sindicato, que representa os professores estaduais, posicionou-se contra o retomada das aulas presenciais, afirmando não haver um protocolo seguro para o retorno, apontando o risco de maior proliferação do vírus com a circulação de pessoas que, hoje, estão em teórico isolamento social e lembrando que o governo do estado havia declarado que só retomaria as aulas com a vacinação de profissionais da educação.

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